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Ayahuasca, Aconselhamento, Sustentabilidade

Por:   •  4/1/2018  •  Artigo  •  5.197 Palavras (21 Páginas)  •  300 Visualizações

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COSTA, André Luiz Mourão da. Ayahuasca, Aconselhamento, Internação, Tratamento, Sustentabilidade.

LEI 10.216, de 6 de abril de 2001: Dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental.

29 de junho de 2002: Céu na Terra - Instituto de Psicoterapia Espiritual e de Estudos da Ayahuasca, é juridicamente fundado no dia de São Pedro, no sítio Jardim da Rainha da Floresta, em Viamão/RS, a 30km de Porto Alegre, tendo como dirigentes César Gyalbo e Josiane Tibursky. Padrinho César Gyalbo, fundador do Instituto Céu na Terra, foi um dos primeiros gaúchos a ser iniciado formalmente no Santo Daime.

2004: Um estudo dirigido pelo especialista em ciências botânicas Dennis J. MacKeena[1], da Universidade de Minnesota (EUA), que contou com a colaboração de pesquisadores europeus, brasileiros e estadunidenses, foi um dos primeiros e maiores trabalhos a mensurar os efeitos físicos e psicológicos da ayahuasca em humanos.

2005: União Estrela Guia - É fundada a União de Estudos e Desenvolvimento Ayahuasca Estrela Guia, na cidade de São Paulo/SP, tendo como dirigentes Eduardo e Ana Paula. A União Estrela Guia está localizada na Zona Norte de São Paulo e hoje conta com 40 fardados. Seu endereço é: Rua Inácio Mamana, 39, Vila Aurora. - Perto do metrô Jardim São Paulo.

2007: A ABLUSA (Associação Beneficiente Luz de Salomão), liderada pelo Dr. Wilson Gonzaga, médico psiquiatra, utiliza o vegetal na recuperação de moradores de rua em São Paulo (Mercante, 2009).

2009: Centros terapêuticos que combinam elementos da medicina moderna ao uso cerimonial da ayahuasca, como o Takiwasi (em Tarapoto, no Peru) e o Instituto de Etnopsicologia Amazônica Aplicada (Ideaa), localizado à beira do igarapé Prato Raso, afluente do Igarapé Mapiá, próximo à comunidade do Santo Daime Céu do Mapiá, no município de Pauini (AM), no Brasil. O Takiwasi foi co-fundado por Jacques Mabit, um médico francês naturalizado peruano, no ano de 1992. O Ideaa foi criado em 2001, pelo médico psiquiatra barcelonês Josep María Fábregas. Enquanto o Takiwasi se apoia, sobretudo, no estilo de sessão de ayahuasca do vegetalismo[2] ayahuasqueiro peruano, o Ideaa pode ser aproximado, de alguma maneira, das tradições ocidentais de consumo de substâncias psicoativas num setting terapêutico, oferecendo cerimônias de ayahuasca com um ritual bastante simples. Jacques Mabit possui um discurso ortodoxista de manutenção da tradição xamânica amazônica, ao passo que Fábregas mantém um diálogo com o imaginário religioso do Santo Daime. Seria interessante que futuras pesquisas investigassem como tais concepções e rituais diferenciados refletem e influenciam a maneira[3] de se perceber o “problema” ou a “doença” da dependência e a maneira de tratá-la, bem como sua eficácia.

2010: O Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas (Conad), que já havia reconhecido a legitimidade do uso religioso da ayahuasca, em maio de 2004, aprovou “princípios deontológicos” também para uso religioso da bebida, mais conhecida no país como daime ou vegetal. O Grupo Multidisciplinar de Trabalho (GMT), após diversas discussões e análises, onde prevaleceu o confronto e o pluralismo de ideias, considerou como uso inadequado da ayahuasca a prática do comércio, a exploração turística[4] da bebida, o uso associado a substâncias psicoativas ilícitas, o uso fora de rituais religiosos, a atividade terapêutica[5] privativa de profissão regulamentada por lei sem respaldo de pesquisas cientificas, o curandeirismo[6], a propaganda[7], e outras práticas que possam colocar em risco a saúde física e mental dos indivíduos. Devem-se fomentar pesquisas cientificas abrangendo as seguintes áreas: farmacologia, bioquímica, clínica, psicologia, antropologia e sociologia, incentivando a multidisciplinaridade. O psiquiatra Jaime Hallak, professor da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) - Ribeirão Preto afirma que, apesar desse grande potencial, o que existe de concreto no momento são estudos preliminares que evidenciam alguns benefícios à saúde. "Os modelos experimentais com animais e os relatos esporádicos com humanos sugerem indicações como antidepressivo e ansiolítico". Outra precaução apontada por Hallak é evitar a bebida após o consumo de alimentos que contenham tiramina (queijos, chocolates, carnes em conserva, salsichas, bebidas alcoólicas, lentilha, amendoim etc.). A combinação das substâncias pode resultar no aumento da pressão sanguínea arterial. Quanto aos possíveis efeitos colaterais, o psiquiatra diz que as reações mais comuns são náuseas, vômitos e diarreia. Indagado sobre quanto tempo ainda seria necessário para a conclusão dos estudos e da eventual comercialização de medicamentos à base da ayahuasca, o especialista declara: "É importante que a população entenda que um dos objetivos mais importantes das pesquisas é conferir segurança ao uso dessa substância. Como todos os estudos ainda estão em sua fase preliminar, estimo que ainda deveremos esperar ao menos 10 anos até que os princípios ativos da ayahuasca possam ser comercializados", avisa. O assassinato do cartunista Glauco Villa-Boas, 53 anos, e do filho dele, Raoni, de 25 anos, pelo jovem Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, de 24 anos, que sofre de esquizofrenia, trouxe à tona o problema de ministrar o chá para pessoas psicóticas. Segundo Orlando Cardoso de Oliveira, de 61 anos, primo de Glauco, que mora na mesma comunidade, Carlos Eduardo participou de três ou quatro rituais no período. Ele deixou de comparecer aos rituais no segundo semestre de 2009, mas voltou em janeiro quando a comunidade realiza uma grande festa. Segundo frequentadores da comunidade, Carlos Eduardo tinha procurado a comunidade em busca de ajuda para se livrar das drogas. Carlos Eduardo já tinha passagem por porte de drogas (maconha) e seria usuário de cocaína, crack e maconha. Destaca-se, entre os usuários do Daime, o reconhecimento de sua ação terapêutica. A bebida é considerada instrumento de acesso ao “mundo espiritual”, que só pode ser conseguido através do conjunto de técnicas que induzem efeitos previstos e prescritos pelo sistema (Labate e Araújo, 2002; MacRae, 1992). A interpretação simbólica da doença[8] é constituída através de noções cristãs como o arrependimento e o perdão, apontando para a necessidade de uma transformação ética, conseguida com a utilização do chá, devidos aos seus poderes na mente humana (Labate e Araújo, 2002).

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