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Comportamento Organizacional

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Por:   •  11/9/2014  •  2.292 Palavras (10 Páginas)  •  336 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo, mediante de algumas incursões teóricas e de uma análise sociopsicológica, discutir a forma como o trabalho está organizado em nossa sociedade, bem como as repercussões psíquicas provocadas pelo trabalho sem sentido. As condições e as exigências do mercado de trabalho na atualidade rotinizam e amortecem o sentido da vida, deixando no corpo as marcas do sofrimento, que se manifestam nas mais variadas doenças classificadas como ocupacionais, além de atentar contra a saúde mental.

Um dos objetivos mais recentes da saúde mental não se restringe apenas à cura das doenças ou a sua prevenção, mas envidar esforços para a implementação de recursos que tenham como resultado melhores condições de saúde para a população.

Não é raro encontrar pessoas que, por uma condição de sua psicodinâmica interna, possuem a propensão a trabalhar em excesso e a divertir-se muito pouco; outras, pelo contrário, passam os dias a divertirem-se; outras ainda não conseguem fazer nem uma coisa nem outra. Sabe-se hoje que tanto o trabalho, quanto a diversão em proporções satisfatórias são critérios para avaliar um funcionamento psíquico saudável.

Na realidade, ao contrário do que muitos possam supor, a organização do trabalho não cria doenças mentais específicas. Os surtos psicóticos e a formação das neuroses dependem da estrutura da personalidade que a pessoa desenvolve desde o início da sua vida, chegando a certa configuração relativamente estável, após o período de ebulição da adolescência quando as condições sociais são relativamente favoráveis , antes mesmo da pessoa entrar no processo produtivo.

Atualmente, observa-se uma pressão constante contra a grande massa de trabalhadores existente em quase todo o mundo. Uma ameaça com objetivo certeiro faz com que milhares de pessoas sintam-se sobressaltadas, pois a única ferramenta de que dispõem, sua força de trabalho, pode ser dispensada a qualquer momento.

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Saúde Mental e psicologia do trabalho

Durante algum tempo, o trabalho humano não era pensado como parte do conjunto de aspectos significativos da vida das pessoas, de modo a ser considerado um fator importante na constituição do sofrimento psíquico. A herança genética, aspectos orgânicos, a história familiar e afetiva dos indivíduos, geralmente vistos como as principais referências explicativas para problemas nesse campo.

Ainda hoje, grande parte dos médicos não costuma se preocupar em saber como seus pacientes trabalham para viver. Muitas vezes, sequer os estudiosos ou profissionais do campo da saúde mental se lembram de que os indivíduos têm uma vida "diurna", que pode compreender um longo período dedicado a uma faina obrigatória e necessária para garantir a própria sobrevivência e a de suas famílias. Entretanto, se tomarmos a clínica psicológica, veremos que grande parte da clientela é formada por indivíduos para quem o trabalho é de algum modo organizador da vida (Vasques-Menezes, 2004). Ainda assim, é comum manter-se um suposto distanciamento entre trabalho e saúde mental, como se o primeiro não pudesse dizer nada sobre o segundo, como se determinados aspectos objetivos e subjetivos do trabalho não pudessem atuar provocando adoecimento.

Diante desta constatação, e também do fato de que o mundo do trabalho tem passado por profundas mudanças, algumas questões se impõem: O que dizer sobre o trabalho na atualidade, sobre a relação trabalho-saúde/doença e, principalmente, sobre a relação trabalho-saúde/doença mental? Como demonstrar essa relação, de modo a se obter o reconhecimento dos transtornos relacionados ao trabalho e, assim, garantir tratamento adequado e amparo legal ao trabalhador?

Propondo-me a discutir a relação entre saúde mental e trabalho, pontuando algumas dificuldades no reconhecimento dosprocessos de sofrimento e adoecimento; apontar limites e expectativas na área, chamando a atenção para a necessidade de diálogos que permitam avanços tanto no âmbito teórico, quanto com referência à aplicação prática dos conhecimentos produzidos; e discutir a importância de se considerar a categoria trabalho como fundamental para a compreensão da subjetividade e do processo saúde/doença mental.

Entretanto, é preciso um rápido mergulho naquilo que tem sido o trabalho na contemporaneidade e nas razões pelas quais é mais comum associarmos trabalho a dissabor, desprazer, sofrimento, e menos a realização e prazer.

2.1 A relação entre trabalho e saúde/saúde mental: problemas e limites.

Diante desse cenário, cabe perguntar: o que ocorre à saúde dos trabalhadores e, mais especificamente, à sua saúde mental? Que o trabalho, nas condições e na forma como vem sendo realizado, em grande parte das vezes tem sido danoso à saúde dos trabalhadores é fato. O problema é como demonstrar essa relação de maneira que ela ganhe estatuto legal, visando a proteger o trabalhador. Cabe lembrar que, para o trabalhador ter acesso aos benefícios do seguro do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), em caso de acidente de trabalho, é preciso que haja o estabelecimento do que se conhece como nexo causal (Rigotto & Rocha, 1993). Essa determinação está relacionada a uma visão de saúde no trabalho centrada na interpretação uni ou multicausal dos fenômenos relacionados à saúde/doença. Nesse caso, o que se leva em conta é o fato de que "elementos ou fatores de risco específicos, quando atuam no organismo, causam enfermidades também específicas, legalmente reconhecidas como doenças profissionais ou relacionadas ao trabalho" (Scopinho, 2003, p. 97).

E se tratando de acidente de trabalho típico, é fácil reconhecer o agente causador do dano e o próprio dano. Em se tratando de doenças ocupacionais, entretanto, essa relação nem sempre é diretamente palpável ou visível, nem sempre é possível identificar, de forma objetiva, os determinantes da doença, para que esta seja reconhecida como profissional ou relacionada ao trabalho. Exemplos disso são os casos de perda auditiva provocada por trabalhos realizados em condições de excessivo ruído. O fato de o trabalhador nem sempre apresentar déficit auditivo bilateral, embora ambos os ouvidos tenham estado igualmente expostos ao ruído, é razão suficiente para que o problema não seja reconhecido como acidente de trabalho. E, não havendo o devido reconhecimento, o trabalhador permanece sem amparo legal e, portanto, sem acesso aos direitos que teria como acidentado.

A dificuldade se inicia quando

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