Em Nome Da Razão

No maior hospício do Brasil, situado na cidade mineira de Barbacena conhecido por colônia, no século XX pessoas com problemas mentais eram torturadas sem um tratamento digno e com qualidade, dor e tristezas era o que se notava em cada olhar de cada um individuo. Sistematicamente conivência de médicos, funcionários e também da população contribuíam com o crime deliberado de pessoas motivado por diferenças da sociedade. Muitas pessoas lá internadas não tinham diagnósticos de doenças mentais, eram epiléticos, alcoólatras, homossexuais, prostitutas gente que se rebelava ou que se tornara incomoda para alguém com mais poder.

Meninas grávidas violentadas por seus patrões, esposas confinadas para que o marido pudesse morar com a amante, filhas de fazendeiros que perderam a virgindade antes do casamento, homens e mulheres que haviam extraviado seus documentos. Alguns eram apenas tímidos. Pelo menos 33 eram crianças. Quando chegavam ao hospício, suas cabeças eram raspadas, suas roupas arrancadas e seus nomes descartados pelos funcionários, que os rebatizavam, Maria de Jesus, paciente internada porque se sentia triste, ou Antônio Gomes da Silva, sem diagnóstico, que, dos 34 anos de internação, ficou mudo durante 21 anos porque ninguém se lembrou de perguntar se ele falava. Os pacientes da Colônia às vezes comiam ratos, bebiam água do esgoto ou urina, dormiam sobre capim, eram espancados e violados. Pelo menos 30 bebês foram roubados de suas mães. As pacientes conseguiam proteger sua gravidez passando fezes sobre a barriga para não serem tocadas. Mas, logo depois do parto, os bebês eram tirados de seus braços e doados. Alguns morriam de frio, fome e doença. Morriam também de choque. O filme propõe uma reflexão sobre a função social do manicômio a quem servem os hospitais psiquiátricos, quem são as pessoas enviadas para lá, qual o processo de 'cura' e recuperação a que são submetidos. O filme encerra com depoimentos da família de um paciente. Existia a falta de interesse das instituições em questionar se todos os que lá estavam, realmente se enquadravam no rótulo de“doente mental”, deve- se a interesses econômicos e políticos, já que as instituições psiquiátricas eram atreladas ao sistema de saúde publica brasileiro, e quanto mais pacientes essas obtinham, maiores os subsídios e os lucros financiados pelo governo.

O filme retrata a desqualificação de pessoas e a sua degradação de forma física emoral dentro do hospital colônia da cidade, colocando-o como um deposito de indivíduos sem famílias, “improdutivos e indesejáveis” socialmente. Muitas pessoas internadas não eram doentes mentais,mas acabavam se tornando literalmente loucas pelas condições que tinham dentro do manicômio, pois acabavam perdendo sua qualidade de vida e dignidade como ser humano, se tornando verdadeiros animais. OManicômio de Barbacena, foi um lugar perturbador, semelhante há uma prisão por conta da sujeira, do fedor e da desumanização existente, um reino da loucura, onde os pacientes eram apenas largados emsituações de extrema degradação e as vezes até esquecidos para fora dos pavilhões e morriam no sereno e frio da noite.

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