Intelecto como a única habilidade
Projeto de pesquisa: Intelecto como a única habilidade. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: nanete • 22/10/2014 • Projeto de pesquisa • 2.855 Palavras (12 Páginas) • 274 Visualizações
1. Introducção
Um dos percursos seguidos pela Psicologia na definição e avaliação da inteligência identifica-se com as tentativas de fixação do número das aptidões e, no caso de defesa de um número plural de aptidões, com a questão da eventual independência ou interdependência das mesmas aptidões.
A análise fatorial, primeiro exploratório e agora confirmatória, tem sido o método por excelência para fundamentar este percurso, mesmo sem nunca conseguir dar razão a uns e retirá-la a outros.
Não sendo o único modelo teórico de abordagem da inteligência pela Psicologia, certo que detêm um papel importante na investigação nesta área e, sobretudo, cabe-lhe a construção e a validação dos instrumentos usados pelos psicólogos nos vários domínios da sua prática profissional.
Mesmo que criticada por se centrar mais nos produtos do que nos processos cognitivos inerentes aos desempenhos, a abordagem fatorial mantêm-se atual e produtiva na psicologia, e muito concretamente na área da inteligência.
1.2. Conceitos
+O termo "inteligência" é utilizado com demasiada freqüência, provavelmente sem nos interrogarmos o tempo suficiente sobre o seu real significado.
Quanto ao conceito, podemos concordar com Jensen (1969) ao afirmar que "intelligence, like electricity, is easier to measures than to define", ou nas palavras da Anastasi (1990, p. 5) "the term intelligence has acquired too many excess meaning that obfuscate its nature". Certo que estamos face a um conceito ou construto que não desfruta de consenso, mesmo entre os especialistas na área.
Se pensarmos nas diferentes características humanas, a inteligência reporta-se às suas capacidades e habilidades. Howe (1997, p. 1) afirma que "Being intelligent matters; it makes a big difference to human lives" ou, dizendo de outra forma, observa-se que os indivíduos se diferenciam quanto à forma e quanto à capacidade para realizar tarefas intelectualmente exigentes.
Estas diferenças humanas de desempenho instituiram-se em objeto e justificação de algumas teorias sobre a inteligência e, mais ainda, sobre as provas psicológicas propostas param a sua avaliação (Almeida & Buela-Casal, 1997). Referimo-nos, sobretudo, à abordagem diferencial ou fatorial da inteligência (Almeida, 1994). Não se tratando, logicamente, da única corrente de definição e avaliação da inteligência (veja-se, por exemplo, a abordagem desenvolvimental e a abordagem da teoria do processamento da informação), parece-nos no entanto a mais popular e difundida entre os profissionais da área.
1.2.1 Inteligência como aptidão singular
As primeiras abordagens da inteligência assumiram-na na sua unicidade. Se quisermos, buscava -se a inteligência na sua essência e não as várias aptidões que a poderiam diferenciar. Este movimento assente na unicidade da inteligência teve, no entanto, duas formas diferentes de expressão:
a) os que defendem a integração de funções cognitivas diversas num potencial ou quociente de inteligência (teoria da inteligência compósita),
b) e (ii) os que propõem um elemento básico e comum a todas as atividades cognitivas (teoria do fator geral ou g).
1.2.2 . Teoria da inteligência compósita
As primeiras concepções de inteligência faziam referência à capacidade associada à discriminação sensorial, ao tempo de reação e à coordenação sensório-motora (Almeida & Buela-Casal, 1997). Estas concepções datam do final do século XIX, constituindo Sir Francis Galton um nome de referência ao conceber a capacidade intelectual como uma manifestação das capacidades mais básicas de discriminações sensoriais.
O objetivo educativo de identificar as crianças mal sucedidas na escola por razões intelectuais leva-o à construção, em 1905, da Escala de Inteligência Binet-Simon, assumida como um marco histórico na avaliação da inteligência (Almeida & Buela-Casal, 1997).
Refira-se que a escala de Binet-Simon foi revista em 1908 e em 1911, sendo adaptada por Louis Terman nos Estados Unidos, passando a ser conhecida por Escala Stanford-Binet e objeto de sucessivas revisões. Em França, os trabalhos de Zazzo e colaboradores conduziram às revisões de 1949 e 1966, passando a designar-se Nova Escala Métrica da Inteligência (Zazzo, Gilly & Verba-Rad, 1966).
A importância desta proposta de definição e de avaliação da inteligência prolongou-se no tempo, tornando-se bastante popular na psicologia. Isto explica, aliás, a construção de outras escalas similares, nomeadamente as escalas de Wechsler, ou seja, a WISC - Wechsler Intelligence Scale for Children (1949), a WAIS - Wechsler Adult Intelligence Scale (1955) e a WPPSI - Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence (1967). Incluem-se neste grupo, ainda, as escalas de Kaufman, como seja, a K-ABC - Kaufman Assessment Battery for Children (Kaufman & Kaufman, 1983) e a KAIT - Kaufman Adolescent and Adult Intelligence Test (Kaufman & Kaufman, 1993), por exemplo.
1.2.3 Teoria do fator geral
A par da popularidade das concepções e provas anteriores, importa referir que os avanços na estatística e, sobretudo, nos procedimentos de análise fatorial justificaram o aparecimento de outros modelos teóricos apoiados na análise de dados empíricos.. Nascia, assim, uma abordagem da inteligência designada por fatorial (dimensões internas), psicométrica (testes, medida) ou diferencial (diferenças individuais), designações paralelas para descrever esta nova corrente (Almeida, 1988). Ela providenciou as análises empíricas de apoio aos modelos teóricos de definição da inteligência e à construção das baterias multi-aptidões. A análise fatorial instituiu-se, com efeito, na ferramenta por excelência dos investigadores na tarefa de identificar, agrupar e definir as diferentes aptidões (Anastasi, 1990). Infelizmente, tratando-se sobretudo de uma ferramenta exploratória de análise, possibilitou demasiadas teorias alternativas para a explicação dos mesmos dados.
1.3. A concepção unitária de Spearman
Spearman (1927) é autor da primeira teoria de inteligência baseada na análise estatística dos resultados nos testes. Em sua opinião, a inteligência poderia ser definida através de um fator simples (fator g) subjacente a todo o tipo de atividade intelectual e responsável pela maior parte da variância encontrada nos testes. Ao mesmo tempo, em cada teste existiria um fator
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