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LANÇANDO UM OLHAR SOBRE O FILME “AUGUSTINE” A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DA PSICOSSOMÁTICA

Por:   •  16/8/2018  •  Resenha  •  537 Palavras (3 Páginas)  •  465 Visualizações

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LANÇANDO UM OLHAR SOBRE O FILME “AUGUSTINE” A PARTIR DE UMA PERPECTIVA DA PSICOSSOMÁTICA

Millena Raianny Xavier da Silva

A psicossomática é um campo de estudos que investiga a relação dos fenômenos psíquicos e orgânicos na produção do adoecimento. Já sabemos que estas dimensões, corpo e mente, não estão isoladas uma da outra, porém ainda busca-se analisar essa relação considerando a influência de outros aspectos, como por exemplo o social, buscando alcançar uma dimensão integral do sujeito.

Olhar para a doença é também olhar para o sujeito, pois os sintomas manifestos numa patologia revela algo da individualidade do ser que muitas vezes escapa ao orgânico. Freud ocupou-se em estudar esses fenômenos, com a teoria psicanalítica propôs a existência de um inconsciente que se revela nas entrelinhas dos atos e daquilo que se é falado livremente, daí se percebeu a importância de ouvir o outro.

Essas duas vertentes se aproximam quando partilham de um olhar semelhante para se compreender a origem dos sintomas, pois ambas acreditam que o corpo manifesta e/ou expressa os conflitos internos e externos do sujeito. Nessa medida podemos fazer referência ao filme “Augustine”, que é uma história baseado em fatos reais e retrata a vida de uma moça, jovem e bela, que trabalhava como criada em uma casa de grande luxo, quando de repente algo inusitado a acontece.

Na primeira cena do filme, no momento em que a personagem principal (Augustine) servia o jantar da festa, foi fisgada pelo olhar de um jovem que estava à mesa, com isso, logo começou a manifestar alguns sintomas, os tremores nas mãos quase a impedia de realizar o seu trabalho, e ao continuar sua atividade foi surpreendida por um ataque epiléptico que a tomou por completo, e naquele momento aquela cena virou o centro das atenções.

Cenas semelhantes se repetiram por diversas vezes, e um detalhe interessante de se observar é que sempre esses ataques vinham acompanhados de uma erotização do corpo, contendo toques, movimentos e sons que lembravam uma relação sexual.

Trazendo agora um conceito trabalhado pela psicanálise, a histeria, onde essa se configura em manifestações corporais resultantes de um processo de repressão, ou seja, desejos que não foram concretizados em virtude de seu caráter imoral, assim julgados pela cultura, eles são recalcados e retornam em forma de sintomas. É esse processo que evidencio no caso Augustine.

No contexto sociocultural que a história é retratada, a mulher era totalmente destituída de seu papel enquanto um ser de direitos, sendo brutalmente reprimida quanto a seus desejos, principalmente em relação a sua sexualidade.

Augustine ao se deparar com os conflitos internos ali vivenciados (à nível inconsciente), onde de um lado tem-se seu desejo abundante (Id) e do outro a sociedade que a condena (Superego), isso gera uma tensão das forças libidinais, sendo necessário uma descarga de energia, que nesse caso foi expresso através do corpo, o que a psicanálise nomeia de conversão histérica.

Assim, podemos concluir que a Augustine se valeu da histeria como forma de revelar seus desejos reprimidos e expressar seus conflitos, isso também evidencia o que é proposto pela psicossomática, de que o corpo é um produto de nossas experiências.

REFERÊNCIAS

MELLO-FILHO, J. Et Al. Psicossomática hoje. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

AUGUSTINE. Direção: Alice Winocour, Produção: Emilie Tisné e Isabelle Madelaine. Movision, 2013.

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