O ENSAIO SOBRE ADOLESCÊNCIA

Compreender como a condição de vulnerabilidade está intrinsicamente ligada às movimentações do sujeito nas estruturas sociais e na construção de sua identidade, especialmente na fase da adolescência, faz-se fundamental para uma atuação ético-político da profissional de psicologia. Assim, este ensaio tem o objetivo de fazer uma análise crítica das questões acima citadas com base no artigo científico “Intervenção na condição de vulnerabilidade social: um estudo sobre a produção de sentidos com adolescentes do programa de trabalho educativo”.

O artigo, escrito por quatro mulheres membras do grupo de pesquisa “Estudos Culturais e teorias contemporâneas” da PUCRS, tem como problemática central o estigma que é dado aos sujeitos em condição de vulnerabilidade social. O trabalho foi realizado com 24 adolescentes – entre 14 e 18 anos - no programa ‘Trabalho Educativo’ do município de Porto Alegre, que tem como objetivo preparar os jovens para o mercado de trabalho. As pesquisadoras realizaram uma observação participante nas atividades desenvolvidas durante o modulo básico do programa, com temas relacionados ao contexto de vida: sexualidade; pobreza; violência; escola, etc.

Com base nessa observação e escuta atenta foi possível perceber no estudo que muitos adolescentes têm relatos de estigma – alguns naturalizados – por conta do lugar onde moram, “a vila”. A ordenação dos espaços urbanos e a questão do direito a cidade para uma parcela da população é propulsora de um processo de exclusão e discriminação que se explicita nos adolescentes, desde a circulação pela cidade e imagem de si próprio, até a dificuldade de obter um emprego.

É importante aqui expor e detalhar alguns tópicos primordiais para uma boa compreensão da discussão. São eles: o conceito de vulnerabilidade social; como ela se posiciona na estrutura macro política; quais os discursos em torno da vulnerabilidade são criados; e quais as consequências disso no processo identitário.