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O ESTRANHO MUNDO DE JACK”: UMA ANÁLISE FENOMENOLÓGICA-EXISTENCIAL

Por:   •  30/9/2020  •  Trabalho acadêmico  •  3.711 Palavras (15 Páginas)  •  394 Visualizações

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“O ESTRANHO MUNDO DE JACK”: UMA ANÁLISE FENOMENOLÓGICA-EXISTENCIAL

Brenda Sudbrack*

Kariny Schoenfeldt*

Roseana Corrêa*

RESUMO

Encontrar uma forma de preencher o vazio existencial é o tema central observado neste filme, que é uma das mais conhecidas do universo de Tim Burton. A procura por um novo sentido à própria existência é resultado da ação de inúmeros fatores, que serão abordados nesse trabalho através dos conceitos de autores fenomenológicos-existenciais como Kierkegaard, Heidegger, entre outros. O objetivo deste trabalho é identificar esses conceitos e como são mostrados ao longo do filme, principalmente o modo como se conectam e agem juntos. Com base na leitura das obras fenomenológicas-existenciais, verificou-se que na maioria das vezes em que são identificados, estes conceitos aparecem interligados e sendo tanto a causa de um, quanto o resultado de outro.

Palavras-chave: vazio existencial, existencialismo, fenomenologia.

ABSTRACT

Finding a way to fill the existential void is the central theme observed in this movie, which is one of the most well-known in Tim Burton’s universe. The search for a new meaning to the existence itself is the result of the action of numerous factors that will be approached in this paper through the concepts of phenomenological-existential authors like Kierkegaard, Heidegger, among others. The purpose of this work is to identify these concepts and how they are shown throughout the film, especially the way they connect and act together. Based on the reading of phenomenological-existential works, it was found that, most of the times that they are identified, these concepts appear interconnected and being both the cause of one and the result of another.

Keywords: existential void, existentialism, phenomenology.

INTRODUÇÃO

        O Existencialismo é inaugurado com o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard (1813-1855) em meados do século XIX e se instala na importância do pensamento de que a essência do homem é o existir, sem haver nada anterior a isso (Lisboa, 2015). Pode-se dizer que foi uma Filosofia que transpunha os limites da própria filosofia, através dos postulados e escritos deixados por seus principais autores e os estudiosos de suas obras. Uma das bases do existencialismo é a tomada de consciência do ser humano acerca de sua própria existência, em que se torna responsável por sua trajetória e na busca de si mesmo. Jean-Paul Sartre (1905-1980) é um grande nome do existencialismo, trazendo a ideia de que não existe um determinismo acerca da realidade humana, colocando a liberdade como a única determinante e negando a existência de uma natureza humana (Marques, 1998, p 75). Outro autor de grande importância é Martin Heidegger (1889-1976), que toma para si a tarefa de trazer novamente a questão do “sentido do ser”, que segundo ele estava esquecida pela metafísica tradicional (Barbosa, 1998). Com uma investigação de caráter ontológico, Heidegger traz aquele que é um dos seus mais importantes conceitos: o de Ser-no-mundo ou dasein, que será mais aprofundado durante este trabalho.

A Fenomenologia nasceu através de nomes como Franz Brentano (1838-1917), Carl Stumpf (1848-1936) e Edmund Husserl (1859-1938). Entretanto, foi através de Husserl e sua tentativa de superar a oposição existente entre objetivismo e subjetivismo, rejeitando o psicologismo e sua teoria de que a lógica seria o elemento fundamentador de todo pensamento, que o movimento fenomenológico foi propriamente iniciado (Ziles, 2007). O trabalho de Husserl só ganhou notoriedade no início do século XX, quando ambos subjetivismo e irracionalismo entraram em crise, e postulava o estudo dos fenômenos da maneira como se apresentam à consciência: aquilo que se vê, que se fala e que se percebe (Lopes e Diniz, 2006). Husserl trará conceitos fundamentais no entendimento da fenomenologia, como a ideia de redução fenomenológica, que segundo Biemel (1947) “[...] proporciona o acesso ao modo de consideração transcendental e possibilita o retorno à consciência”. Conforme diz Andrade (2015), é preciso que haja uma conversão ao sentido, já que a redução fenomenológica não se encarrega de questionar o objeto presente na natureza, mas questiona apenas o seu sentido.

Guimarães (2013) diz que a fenomenologia não é em si um sistema de pensamento, mas um método que leva a uma atitude radical acerca das explicações científicas, ou seja, uma atitude que nos revela o que dá sentido a todas as coisas. E é esse questionamento frente aos fenômenos que se apresentam na vida cotidiana – e também os fatores que levam o ser humano esse questionamento - a questão central do tema a ser discutido nesse trabalho. O filme “O Estranho Mundo de Jack” apresenta conceitos da fenomenologia e do existencialismo colocados de forma predominantemente lúdica através das canções no seu formato de filme musical, uma vez que para um público majoritariamente infantil, são questões muito pesadas para serem abordados da forma como realmente se apresentam.

Metodologia

Os filmes do universo de Tim Burton sempre apresentam questões existenciais muito fortes, que podem ser vistas de forma clara e precisa. E foi justamente pela facilidade de identificação desses conceitos que o filme “O Estranho Mundo de Jack” foi escolhido, além de permitir que fossem vistos tanto com a compreensão dos diálogos quanto com a análise musical do filme. Os autores escolhidos trouxeram uma compreensão profunda sobre onze conceitos, sendo eles: a culpa, a morte, as responsabilidades, a solidão, a angústia, a consciência e liberdade, o medo, o vazio, as escolhas e os modos de ser-no-mundo. A partir de uma análise com base nas obras fenomenológicas-existencias de Kierkegaard, Heidegger, Sartre e Nietzsche, foi possível perceber e analisar a interconexão existente entre esses conceitos.

Os conceitos filosóficos de Heidegger

Para Heidegger, o medo não é um fenômeno temporal parcial, mas um modo de ser essencial e permanente. O medo também pode ser conceituado como uma angústia caída no mundo corrompido e disfarçado a si mesma (Brito e Barpp, 2008). Pelo fato que manifesta o mundo no ato de ser-aí de si mesmo, o medo é uma disposição central da nossa existência (Werle, 2003).  Werle (2003, pg 105) afirma que:

 “Em termos mais precisos, o medo é uma disposição central na nossa existência pelo fato de que manifesta o mundo no ato de fuga do ser-aí de si mesmo. Embora o homem tema por algo que é objetivo no mundo, o endereço último de seu temor não é o objeto fora dele, mas sim ele mesmo: o homem somente teme por algo determinado porque em última instância é ele mesmo afetado e o maior interessado, é como se o medo se voltasse para quem teme e não para o que se teme.”

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