O contexto de surgimento da filosofia de Platão.
Por: Naara Vieira • 5/5/2015 • Resenha • 1.376 Palavras (6 Páginas) • 1.635 Visualizações
O contexto de surgimento da filosofia de Platão.
A filosofia adquire com Platão sua primeira formulação clássica, onde se desenvolveu nos próximos 25 séculos até os dias de hoje. A obra de Platão pode ser entendida como uma longa reflexão sobre a decadência da democracia ateniense. Ele pretende analisar e julgar as manifestações culturais gregas e o processo decisório em Atenas e suas consequências, tentando descobrir seu significado. Em suas obras ele demonstra síntese de uma preocupação com a ciência, moral e a política. Dessa forma ele envolve um reconhecimento da função pedagógica e política da questão do conhecimento, e conclui que o conhecimento em seu sentido mais elevado se identifica com a visão do bem. Dessa maneira podemos perceber as seguintes oposições na concepção platônica: Opinião x verdade, desejo x razão, interesse particular x interesse universal e senso comum x filosofia. A prática filosófica envolve o abandono do mundo sensível e a busca do mundo de ideias. A filosofia, de acordo com o modelo platônico, constitui de um discurso que se funda na legitimidade, que deve ser aceito por todos, que se impõe pela argumentação racional, que produz um consenso legítimo, que se opõe a violência do poder e à ilusão e mistificação ideológicas que caracterizam o discurso dos sofistas.
Platão utiliza o método dialético, que visa expor e denunciar a fragilidade e ausência de fundamento, o caráter de aparência das opiniões e preconceitos dos homens em seu senso comum, visando superar esses obstáculos, fazer com que o interlocutor tenha consciência disso. A dialética é um processo onde não há respostas prontas, é um processo que tem como objetivo fazer com que o próprio interlocutor reconheça a fragilidade de suas crenças e ver que o que diz não é o que parece ser. É um método que exige uma atitude crítica mostrando a necessidade de uma interrogação, e um questionamento da própria opinião. Ao aceitar as regras do diálogo, os interlocutores desistem aos poucos das opiniões que tinham antes, e então surge entre eles uma relação de busca da universalidade, um discurso que tem a pretensão de ser algo universal, sendo capaz de superar as divergências de opinião e ter um caráter legislador, legitimador, que é a filosofia. Um conhecimento verdadeiro, o conhecimento de uma outra realidade que não é apenas a sensível, material e mutável. A teoria das formas de Platão vem cumprir esse papel.
Platão e a teoria das formas.
Platão nasceu em Atenas em 428 a.C., sua família fazia parte da aristocracia ateniense. Foi inicialmente discípulo de Crátilo, um seguidor de Heráclito e, depois, de Sócrates. Depois da morte de Sócrates, deixou Atenas e empreendeu algumas viagens. Voltando para Atenas e fundando no ano (387 a.C.) sua escola filosófica, a Academia. Na carta VII de Platão reflete longamente, em um tom um tanto amargo, sobre essas suas experiências, e sobre o papel politico e pedagógico do filósofo. Faleceu em Atenas em 347 a.C.
Durante os 10 últimos anos de vida de Sócrates, Platão foi seu discípulo, depois da morte de Sócrates ele decidiu escrever seus diálogos. Após ter tido contato com os pitagóricos e eleatas, Platão se afastou progressivamente do pensamento de Sócrates, começando a desenvolver sua própria doutrina, formulando a teoria das formas ou ideias. A filosofia de Platão contém uma critica e um desenvolvimento da concepção Socrática. Essa crítica diz respeito a concepção de filosofia com método de analise. Ele argumentava que eu método necessita de um fundamento teórico que estabeleça exatamente os critérios segundo os quais o método e aplicado de forma correta. Para ele é necessário desenvolver uma teoria sobre a natureza dos conceitos e das definições a serem obtidas. Esse é o papel da teoria das formas , que pode ser considerada o inicio da metafisica clássica. Para Platão a filosofia é essencialmente teoria, a capacidade de ver, através de um processo de abstração e de superação de nossa experiência concreta, a verdadeira natureza das coisas em seu sentido eterno e imutável, de conhecer a verdade. O conhecimento teórico é indispensável para o método de analise, o tornando possível. A teoria do conhecimento pressupõe portanto a teoria sobre a natureza da realidade a ser conhecida. Platão enfatiza assim a teoria, mas a põe de certo modo a serviço de uma aplicação pratica justificada teoricamente.
No diálogo de Menon, quando Platão examina se é possível ensinar a virtude, o que leva ele a analisar no que consiste ensinar e aprender, e portanto em que consiste o conhecimento. A principal dificuldade será explicar como começa o processo de conhecimento, e a solução platônica reside na doutrina da reminiscência, uma das primeiras formulações em nossa tradição da hipótese inatista, ou seja, ha um conhecimento inato, e é esse conhecimento inato que serve de ponto de partida para todo o processo de conhecimento. Platão supõe que temos um conhecimento prévio que a alma tras consigo desde o seu nascimento e que resulta da contemplação das formas, as quais contemplou antes de encarnar no corpo material e mortal. Ao encarnar no corpo a alma tem a visão das formas obscurecida. O papel do filosofo, através da maiêutica socrática, é despertar esse conhecimento esquecido, fazendo assim com que o processo tenha inicio e o individuo possa aprender por si mesmo.
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