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Perfil De Um Humanista

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Por:   •  7/11/2014  •  1.199 Palavras (5 Páginas)  •  308 Visualizações

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Capítulo I – Perfil de um Humanista

Nasceu na França em 1879.

Antes de chegar à psicologia passou pela filosofia e medicina e ao longo de sua carreira foi cada vez mais explícita a aproximação com a Educação. Para ele, a Psicologia e a Pedagogia deveriam contribuir uma com a outra, numa relação recíproca.

Em 1902, com 23 anos, formou-se em filosofia pela Escola Normal Superior, cursou também medicina, formando-se em 1908.

Viveu num período marcado por instabilidade social e turbulência política. As duas guerras mundiais (1914-18 e 1939-45), o avanço do fascismo no período entre guerras, as revoluções socialistas e as guerras para libertação das colônias na África atingiram boa parte da Europa e, em especial, a França.

Em 1914 atuou como médico do exército francês, permanecendo vários meses no front de combate. O contato com lesões cerebrais de ex-combatentes fez com que revisse posições neurológicas que havia desenvolvido no trabalho com crianças deficientes.

Até 1931 atuou como médico de instituições psiquiátricas.Paralelamente à atuação de médico e psiquiatra consolida-se seu interesse pela psicologia da criança.

Na 2a guerra atuou na Resistência Francesa (de 1941 a 1944) contra os alemães, foi perseguido pela Gestapo, tendo que viver na clandestinidade.

De 1920 a 1937, é o encarregado de conferências sobre a psicologia da criança na Sorbonne e outras instituições de ensino superior.

Em 1925 funda um laboratório destinado à pesquisa e ao atendimento de crianças ditas deficientes.

Ainda em 1925 publica sua tese de doutorado “A Criança Turbulenta”. Inicia um período de intensa produção com todos os livros voltados para a psicologia da criança. Seu último livro “Origens do pensamento na criança”, é publicado em 1945.

Em 1931 viaja para Moscou e é convidado a integrar o Círculo da Rússia Nova, grupo formado por intelectuais que se reuniam com o objetivo de aprofundar o estudo do materialismo dialético e de examinar as possibilidades oferecidas por este referencial aos vários campos da ciência.Neste grupo o marxismo que se discutia não era o sistema de governo, mas a corrente filosófica. Para ele, o materialismo dialético interessou como método de análise e referencial epistemológico para sua psicologia.

Em 1942, filiou-se ao Partido Comunista, do qual já era simpatizante. Manteve ligação com o partido até o final da sua vida.

Em 1948 cria a revista “Enfance” ( “Infância”). Neste periódico, que ainda hoje tenta seguir a linha editorial inicial, as publicações servem como instrumento de pesquisa para os pesquisadores em Psicologia e fonte de informação para os educadores.

Era também ligado à Arte e sua teoria abre espaço para o campo do estético. Faleceu em 1962.

Uma Psicogênese da Pessoa Completa

A Psicologia sempre se constituiu numa questão no campo de conhecimento, uma vez que a natureza de seu objeto é, o próprio sujeito. Então ela sempre foi vista como uma ciência entre as Naturais e as ciências Sociais.

Wallon, preocupado em dar à Psicologia status de ciência procura explicar seus fundamentos, seus aspectos epistemológicos, objetivos e metodológicos.

Ele se opõe às concepções dualistas (espírito-matéria) e reducionistas (introspecção, positivismo, teorias organicistas) do psiquismo humano. Ao criticar outras abordagens da filosofia e da psicologia ele quer se sobrepor às dicotomias e análises reducionistas do psiquismo humano.

Para Wallon, o materialismo dialético busca a compreensão dos fenômenos a partir dos vários conjuntos dos quais participa e admite a contradição como constitutiva do sujeito e do objeto, e assim, se torna fecundo para estuda a psicologia que é uma realidade híbrida. Faz uma Psicologia Dialética.

Para ele, o homem que é indissociavelmente biológico e social desenvolve-se entre as exigências do organismo e as da sociedade, entre os mundos contraditórios da matéria e da consciência.

Admite o organismo como condição primeira do pensamento, pois toda a função psíquica supõe um componente orgânico. No entanto, considera que não é condição suficiente, pois o objeto de ação mental vem do ambiente no qual o sujeito está inserido, ou seja, de fora. Considera que o homem é determinado fisiológica e socialmente, sujeito às disposições internas e às situações exteriores

Psicologia Genética

A Psicologia Genética estuda os processos psíquicos em sua origem, parte da análise dos processos primeiros e mais simples, pelos quais cronologicamente passa o sujeito. Para Wallon essa é a única forma de não dissolver em elementos separados e abstratos a totalidade da vida psíquica.

Wallon propõe a psicogênese da pessoa completa, ou seja, o estudo integrado do desenvolvimento.

Considera que não é possível selecionar um único aspecto do ser humano e vê o desenvolvimento nos vários campos funcionais nos quais se distribui a atividade infantil (afetivo, motor e cognitivo).

Para ele o estudo do desenvolvimento humano deve considerar o sujeito como “geneticamente social” e estudar a criança contextualizada, nas relações com o meio. Wallon recorreu a outros campos de conhecimento para aprofundar a explicação dos fatores de desenvolvimento (neurologia, psicopatologia, antropologia, psicologia animal).

Para ele a atividade do homem é inconcebível sem o meio social; porém as sociedades não poderiam existir sem indivíduos que possuam aptidões como a da linguagem que pressupõe uma conformação determinada do cérebro, haja vista que certas perturbações de sua integridade, privam o indivíduo da palavra. Vemos então que para ele não é possível dissociar o biológico do social no homem. Esta é uma das características básicas da sua Teoria do Desenvolvimento.

De acordo com Dantas (1992) Wallon concebe o homem como sendo genética e organicamente social e a sua existência se realiza entre as exigências da sociedade e as do organismo.

Manteve interlocução com as teorias de Piaget e Freud.

Destacava na teoria de Piaget as contradições e dessemelhanças entre as suas teorias, pois considerava esse o melhor procedimento quando se busca o conhecimento. Por parte de Piaget existia uma constante disposição em buscar a continuidade e complementariedade de suas obras. Os dois se propunham a análise genética dos processos psíquicos: Wallon pretendia a gênese da pessoa e Piaget a gênese da inteligência.

Com a Psicanálise de Freud mantém uma atitude de interesse e ao mesmo tempo de reserva.

Embora com formação similar (neurologia e medicina) a prática de atuação os levou a caminhos distintos. Freud abandonando a neurologia para dedicar-se à psicoterapia das neuroses e Wallon mantém-se ligado a esta devido ao seu trabalho com crianças com distúrbios de comportamento.

O método adotado por Wallon é o da observação pura. Considera que esta metodologia permite conhecer a criança em seu contexto, “só podemos entender as atitudes da criança se entendermos a trama do ambiente no qual está inserida”.

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