Psicologia e prática social
Seminário: Psicologia e prática social. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: marycavalieri • 14/8/2014 • Seminário • 1.938 Palavras (8 Páginas) • 378 Visualizações
Escolher individualmente um dos textos abaixo para leitura e elaborar uma resenha crítica2,
ressaltando os pontos mais relevantes e estabelecendo reflexões com base na leitura realizada. É
importante que todas as sugestões de textos sejam lidas. Façam uma divisão entre os alunos.
Esta atividade deve ter, em média, duas páginas e comporá o trabalho final.
INTRODUÇÃO
Qual a “prática” da psicologia social da ABRAPSO?
Pedrinho Guareschi
Estamos discutindo, nesta primeira mesa, psicologia e práticas
sociais.
Gostaria de tirar a limpo alguns conceitos que empregamos muito,
que temos como dados, mas que ao voltarmo-nos sobre eles, descobrimos o
quão complexos e problemáticos eles de fato são. Especificamente,
desejaria debruçar-me sobre o conceito de prática e mostrar as implicações
presentes em sua compreensão e em seu emprego.
Trabalho dentro da psicologia social crítica e tomo como referencial
teórico-epistemológico os pressupostos da teoria crítica (Escola de
Frankfurt). Entre eles o de que toda ação humana tem como finalidade
iluminar e emancipar, e o de que todo conhecimento é reflexivo e não
objetivante, isto é, à medida em que conheço algo, também me conheço.
O tema de nosso encontro é: “Psicologia e Práticas Sociais”. Tentei
fazer o exercício que Aristóteles pede de todo cientista: tentar admirar-se
diante da coisa mais simples e mais banal. Tomei, então, a palavra prática e
me perguntei: O que que é mesmo prática? E o que seria prática para a
ABRAPSO? Qual é a prática da ABRAPSO?
Tenho quinze anos de ABRAPSO. Foram tempos felicíssimos e
continuam sendo. A gente vai criando uma história, porque a ABRAPSO tem
uma identidade definida. E estou convencido que é exatamente pela prática
que a ABRAPSO tem que sua identidade se tornou e continua marcante.
O conceito e a compreensão de “prática”, nos trabalhos e na “prática”
da ABRAPSO, possuem certos pressupostos. E pressuposto é aquilo que a
gente não explicita, mas que de fato comanda o que a gente faz.
Comecemos analisando, rapidamente, os diferentes pressupostos
presentes na compreensão do que seja uma sociedade. Dentro de uma teoria
funcionalista, positivista, ou sistêmica (de sistemas fechados), por exemplo,
a sociedade é considerada como algo parado, estático. O pressuposto é de
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que existe uma inércia. Para conhecer a sociedade, tira-se uma fotografia e
pronto. Já uma teoria histórica, ou histórica-crítica se quiserem, vê-se a
sociedade baseada em relações. E as relações são sempre dinâmicas,
incompletas, “relativas”, como a própria palavra diz. A sociedade é, pois,
dentro desse entendimento, fundamentada sobre um mar revolto.
Torna-se necessário, aqui, explicitar mais o que chamo de “relação”.
Em filosofia, o conceito de relação é definido como sendo “ordo ad
aliquid”, isto é, o ordenamento intrínseco de uma coisa em direção a outra.
Em outras palavras, relação é algo que não pode “ser”, sem outro. O termo
“irmão/ã”, por exemplo: para alguém ser “irmão/ã”, é necessário que exista
outro, que o faz irmão/ã. O conceito de relação implica, pois, sempre a ideia
de incompletude, de precariedade, de historicidade.
Entender sociedade, pois, em termos de “relações”, é entendê-la de
modo aberto, passível de mudança. A maior parte dos trabalhos da
ABRAPSO que conheço mostram uma visão de sociedade definida a partir de
suas relações, assim como também os estudos de grupos, de comunidades,
das famílias, ou de qualquer organização humana.
Na continuação dessa reflexão, julgo muito significativa e oportuna a
frase de Michael Levy, quando diz que, na análise do mundo e da
sociedade, “não há contempladores do rio, nós somos o rio”. A sociedade é,
pois, vista como um rio, como algo sempre em movimento, algo construído
sobre relações. Mas mais que tudo isso, a afirmativa de Levy nos leva a
outra percepção da sociedade e de nossa relação com ela: “não somos
contempladores, mas somos a própria sociedade”. Isto é, não podemos
imaginar-nos fora dessa sociedade.
Chegamos aqui ao ponto central de nossa reflexão: o que é prática.
Dentro de uma visão funcionalista ou positivista, prática somente existe no
momento em que se coloca algum ato, quando se faz algo visível. Mas pode
ser que o “não agir”, o “não colocar ações”, também seja “ação”, isto é,
“prática”. É o que o filósofo dinamarquês
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