Resenha do Filme Clube de Compras Dallas (2013)
Por: helenavillar • 6/12/2023 • Resenha • 655 Palavras (3 Páginas) • 104 Visualizações
FACULDADE CATOLICA DO RIO GRANDE DO NORTE – FCRN
CURSO: Psicologia
TURMA: PSI6MA
DISCIPLINA: Psicologia e Processos Clínicos
DOCENTE: Gabriel Liberato
DISCENTES: Lauro Ramos; Lucas Silva; Ana Lívia; Maria Helena; Manflinio; Isabel Campos;
A obra norteadora da resenha crítica é Clube de Compras Dallas (Dallas Buyers Club) lançado em 2014 nos cinemas com a direção de Jean-Marc Wallack e com o roteiro de Craig Borten e Melisa Wallack. O filme consiste em uma biografia dramática da vida de Ron Woodroof: atos demarcados pelo estado mental e físico do protagonista e das pessoas à sua volta, debatendo assuntos como a LGBTQIA+ fobia, a relação de contraste da perspectiva médica e burocrática com a realidade da saúde do paciente, suicídio e o fim do sofrimento psíquico e físico, assim como uma possibilidade de cura de parte dos sintomas onde mesmo com o vírus ainda há funcionalidade do sujeito no social. Assim, podemos ver o normativo dentro do filme, onde o sujeito produz novas formas de se ajustar ao meio após o diagnóstico da doença. A obra proporciona uma visão de mundo mais aberta e entrelaçada com a dicotomia do que era ser doente para Ron e do que é ter saúde nesse ponto do filme.
O protagonista, agora com um poder aquisitivo maior e entendendo suas limitações, desenvolve um estilo de vida muito mais cauteloso, o que demonstra o apego com a vida, a sexualidade e a liberdade de viver sem ser rotulado como doente pela aparência, mesmo ainda sofrendo alguns preconceitos nas ruas e com os antigos colegas. As limitações vêm e Ron adapta-se ao funcionamento social, não se curvando aos padrões sociais pré-impostos, mas descobrindo um jeito de ter uma vida plena mesmo com as dificuldades e particularidades passados consigo mesmo.
Em meio a esse desenvolvimento de cenários e personagens, Ron muda drasticamente: de uma pessoa preconceituosa, hedonista e egoísta, para alguém que gradativamente desenvolve compaixão e afeto, como no momento em que defende Rayon de um ato homofóbico de um ex colega seu aos 58:30 minutos de filme – mostrando o caráter transformador que o filme expressa sobre a buscar por melhores condições de vida. Logo, a fala "aproveite sua vida, você só tem uma" que foi dita durante um jantar de Ron com a Dra. Eve Saks, representa assim um ceticismo acerca da terapêutica que Ron havia se inserido, mas também expressa esperança sobre a possibilidade vigente que ela acreditava como solução para a condição dele. Dessa forma, mostra-se que a maneira como ele reage também impacta em como outros personagens o enxergam e compreendem a sua realidade, assim como vários "pacientes" dele que também passavam pelos sintomas. Logo após o primeiro momento de descrença representado pela Eve, ela se dá conta do bem-estar e a necessidade da discussão dessa problemática dentro do âmbito médico a partir de outros modos de cuidado.
A condição patológica, de acordo Canguilhem, se dá pelas vias da negatividade do valor de funcionalidade do sujeito – pensando em potência de vir a ser. Dessa forma, essa categoria ocorre ironicamente pela terapêutica do consumo do AZT que os médicos e a FDA testam em seus pacientes. Apesar de ser vendido a ideia que essa medicação consiste numa solução para o vírus da AIDS, na realidade acaba por piores a condição de cada sujeito em relação a própria existência. Logo, outras formas de condutas são pautadas na experiência subjetiva e não apenas no caráter orgânico do sujeito, visando o bem-estar antes de qualquer erradicação do sintoma: vitaminas, suplementos e medicações menos agressivas ao corpo. Por fim, vemos que Ron, ao ir em desencontro com as terapêuticas para sua condição e a tomar condutas outras em relação ao discurso hegemônico nos Estados Unidos sobre a saúde, foi de 30 dias de expectativa de vida a 2227 dias, demonstrando de forma pratica – clinica - uma maneira outra de cuidar de si e dos outros que pode ser mais positiva.
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