Resenha do Filme: O Homem Bicentenário
Por: 1cbello • 18/4/2018 • Resenha • 2.557 Palavras (11 Páginas) • 909 Visualizações
Resenha do filme “O Homem Bicentenário”.
Introdução
Baseado na obra de Isaac Asimov, famoso escritor de ficção científica,
“O homem Bicentenário” foi lançado em 1999 e retratou a jornada de um robô (interpretado por Robin Willians) que almejava tornar-se humano. As obras de Asimov são muito conhecidas pelas suas concepções filosóficas e suas relações com a humanidade.
A trama do filme tem início quando uma encomenda que chega à casa da família Martin (chefe da família Richard), contendo um robô construído para realizar tarefas domésticas e logo se torna o robô da casa executando as mais diversas tarefas.
Este filme faz uma analogia com a abordagem existência fenomenológica que busca conhecer o ser humano e esse ser humano tem consciência do mundo que o cerca, dos fenômenos e da sua experiência consciente. E podemos perceber algumas premissas da abordagem humanista existencial abordado no filme, como: autoconceito, a liberdade, a responsabilidade, a singularidade, a angústia da morte, a solidão e a empatia.
Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho é fazer uma correlação entre o filme O Homem Bicentenário e as correntes filosóficas da abordagem humanista existencial.
Desenvolvimento
1. Autoconceito
Com o passar dos anos, Andrew adquire personalidade própria e passa a aspirar por sua liberdade e quando finalmente consegue, deixa de chamar a si mesmo de “isto” ou “coisa” e passa a chamar a si mesmo de Andrew, um gesto simbólico de que ele não é mais um eletrodoméstico, mas um indivíduo. A partir de então, Andrew começa aprender com seu dono Richard sobre os humanos.
Na abordagem humanista existencial, Carl Rogers defende a ideia de um autoconceito como um padrão organizado e consciente das características individuais. Para ele, a capacidade que o indivíduo tem de modificar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos, fornece a base para a formação de sua personalidade. Para Rogers, os indivíduos bem ajustados têm autoconceitos realistas (o que se é de fato) e o ideal para si (o que se deseja ser) e assim ia acontecendo com Andrew, cada vez mais ele foi se descobrindo e o aonde ela desejava chegar a ser. E a cada nova mudança ele passa a ter mais e mais características humanas.
Sartre, considerado o principal representante do existencialismo, define o homem pela ação. São os nossos atos que nos definem e que o importante não é o que se é, mas o que se faz. Andrew, era um robô, uma máquina, o importante não é como ele se apresentava fisicamente, mas o que ele fazia, realizava, pois, o que o definia eram as suas ações.
2. Liberdade
O tempo passa e Andrew foi cada vez mais se desenvolvendo, aos poucos ele percebeu que não queria apenas ficar servindo e recebendo ordens, começa a demonstrar sentimentos de se libertar da posição servil, ou seja, ele quer ser livre! Tomar as suas próprias decisões e fazer escolhas. Estudando em seus livros, Andrew acaba descobrindo como a liberdade é importante e o quanto o ser humano a almeja, e então, decide que quer possuí-la, que quer construir a sua própria vida, ter a sua liberdade e lutou por ela até conseguir.
Entender e almejar a liberdade talvez sejam o principal motivador neste mundo em que vivemos. Notamos que, em pleno século XXI, existem pessoas vivendo como escravas, sem poder buscar sua própria felicidade e realização pessoal.
O tema da existência humana foi trabalhado por diversos pensadores, mas é Kierkegaard que escreveu sobre a aparente falta de sentido da vida, da busca de sair desse tédio existencial e sobre a realização de escolhas livres. Assim, o homem, em sua liberdade, escolhe para definir sua natureza.
O pensamento existencialista defende, em primeiro lugar, que a existência vem antes da essência. Significa que não existe uma essência humana que determine o homem, mas que ele constitui a sua essência na sua existência. Esta construção da essência se dá a partir das escolhas feitas na sua existência, visto que o homem é livre. Nessa condição na qual o homem existe e sua vida é um projeto, ele terá de escolher o que quer ser e efetivar sua vontade agindo, isto é, escolhendo.
O que nos faz homens livres? O que é a liberdade? Aliás, o primeiro embate de Andrew será para ser livre, ser “dono do seu nariz”, pois, os robôs seriam quase como escravos, fazendo tudo por seus donos e sem reclamar. Mas, alguém pode perguntar: “ué, mas eles não foram construídos para isso?” Sim, mas e se o robô for consciente do significado da palavra liberdade e desejar possui-la? Andrew conquista sua liberdade, demonstrando que esta é uma aspiração básica, uma condição fundamental para um ser criativo. A luta de Andrew por essa possibilidade é muito tocante.
3. Responsabilidade
Andrew ganhou de seu dono uma conta bancária e dinheiro da venda dos objetos que criava, conquistando sua liberdade. Passou a viver só em uma casa de dois cômodos e trabalhar por conta própria, recebendo muitas encomendas. Assim, ele sustenta sua existência por meio do seu próprio trabalho, não dependendo mais de seu antigo dono, nem no aspecto financeiro, nem para tomar qualquer decisão em sua vida.
No existencialismo o homem é essencialmente livre para fazer as escolhas que quiser na vida, ou seja, é responsável por sua existência e destino. Contudo, com a liberdade de escolha, vem a responsabilidade pelo caminho tomado.
O sujeito é essencialmente livre e não determinado, pois não sabemos o que vai acontecer amanhã. Por isso, quando tem determinada atitude não é porque Deus ou o destino o quis, mas porque ele próprio fez uma escolha e deve arcar com as consequências disto; é sua responsabilidade, não de outrem. Para Heidegger, o homem está só, abandonado no mundo e este abandono gera angústia de assumir a responsabilidade de seus atos (lembrando Nietzche).
Portanto, aceitar a responsabilidade por nossas escolhas é tomar a rédea da nossa vida nas mãos. Segundo, Sartre: “Nós somos nossas escolhas”.
4. A singularidade
Apesar de se parecer com qualquer outro robô de mesmo modelo, Andrew apresenta uma singularidade em relação aos outros, o que é considerado uma espécie de anomalia, ou um defeito de fabricação: ele possui algumas características tipicamente humanas. Como, por exemplo, cito: o nome Martin
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