Resenha do Filme Tomboy

Resenha Crítica do Filme TOMBOY

Filme: Tomboy ano 2011.

O filme escrito e dirigido pela Francesa Céline Sciamma, com sua estréia em 13 de janeiro de 2012, foi um filme que surpreendeu o público e nos surpreende ate o momento ao pensarmos sobre gênero e sexualidade. O elenco, Laure (Zoé Héran), Malonn Lévana (Jeanne), Lisa ( Jeanne Disson), Mãe (Sophie Cattani) e Pai (Mathieu Demy) foram os atores principais que deram destaque ao filme. O filme é interessante e também nos faz refletir sobre o que se trata a identidade de gênero. Laure (personagem principal) é uma menina de 10 anos de idade, no inicio do filme a diretora nos confunde sobre quem é Laure, com a sua notável aparência e comportamento relacionado ao gênero masculino. Uma criança doce e amável que cuidava de sua irmã mais nova, Jeanne de 6 anos de  idade, também doce ao mesmo tempo encantadora que se tornou cúmplice nos momentos em que houve descoberta sobre Mickael, o garoto ao qual Laure se passava para esconder  a sua identidade verdadeira.

O enredo dá-se inicio quando a família se muda para um condomínio novo, o pai aparece em algumas cenas e a mãe está grávida de seu terceiro filho, tem uma grande atuação frente a umas das cenas comoventes do filme. O motivo da mudança de casa não é falado no filme, então houve uma falta de contexto nessa cena. Laure no primeiro dia sai um pouco para conhecer o condomínio e logo é abordada por Lisa que a convida para dar um passeio, ao perguntar seu nome Laure responde com um nome criado por ela, do sexo masculino, a se apresenta com Michael. Desde antes dessa cena em nenhum momento é citado o nome dela o que me deixou com dúvidas de qual seria sua identidade sexual, se feminino ou masculino. Lisa apresenta Laure como Mickael (até então por não saber que se tratava de uma menina) ao seu grupo de amigos e logo mostra criar uma afinidade. Há uma brincadeira entre eles do qual Lisa propõe a Laure que ela ganhe a brincadeira para ser aceita no grupo. Ficou claro que para ser incluída no grupo ela precisava provar que era capaz de fazer algo ou que poderia ate mesmo ganhar a brincadeira, e foi assim que aconteceu, ao ganhar logo foi aceita no grupo, dando continuidade a diversão.

Laure segue mentindo, numa tentativa de se aproximar ainda mais dos novos amigos, começa a se preocupar mais com a sua forma de se comportar perante eles e também por Lise.  Adquire postura de menino ao observá-los, como cuspir no chão, modo de andar, olhou-se no espelho para ver se poderia ficar sem camisa, por não ter aparentemente os seios crescidos como vemos em meninas de 10 anos hoje em dia, ficou mais fácil não ser notada, e também ao fazer um órgão genital masculino com a massa de modelar.  Essas cenas me fez pensar o quanto a sociedade é impositiva, o que é certo e o que realmente não é diante dessa situação? Uma menina de 10 anos precisar se passar como menino para ser aceita no grupo, por que talvez ela sendo menina com os trejeitos de menino, os colegas não a aceitassem ou até á discriminariam, chamando-a de moleque-macho. O filme separa o comportamento e a sexualidade de Laure em vários momentos. Ela é uma menina, mas se veste como menino e gosta das brincadeiras de menino, mas também brinca com sua Irmã mais nova a Jeanne, ou seja, brincadeiras de menina. Então o seu comportamento é diferente da sua opção sexual. No filme Laure, mostra-se muito carinhosa com a mãe e irmã e também seu carinho pelo pai, que também corresponde ao sentimento mostrado por ela. Várias cenas do filme provam essa relação entre eles.  Jeanne tem um papel importante no filme e que se destaca, por ser sua Irmã mais nova, apresenta mais maturidade que Laure em alguns momentos. Ao descobrir sua nova identidade através de Lisa que foi atrás do Michel em seu apartamento, Jeanne mostra-se um pouco confusa e em seguida pensativa, o que pareceu na cena que em outros momentos Laure já se passou por menino e isso era um segredo entre elas. Quando ela pergunta a Laure por que ela faz isso, ela responde que não sabe. Talvez ela pense que sua Irmã é um pouco nova para entender sobre esses assuntos e assim ao perceber que Jeanne poderia contar para a mãe o que estava acontecendo, Laure então ao tentar contê-la se compromete a levá-la em todas as brincadeiras e Jeanne com a pureza de uma criança, sem saber quais problemas estavam relacionados a isso, logo aceita, e assim elas seguem com esse segredo. Saem para brincar conforme o prometido de Laure, mas em umas das cenas Laure briga com um dos amigos e logo depois a mãe do menino vai procurá-la no apartamento onde mora, a mãe fica muito surpresa com a situação e sua reação foi imediata, pediu desculpas e logo depois brigou com Laure por ela está mentindo para as pessoas se passando por um menino e isso não estava correto, a sua irmã ainda tentou defendê-la o que tornou a cena marcante, Jeanne adorava brincar com a Laure fingindo ser o Mickael, se sentia segura e protegida, mas entendia que aquilo era só um personagem. A mãe a levou para pedir desculpas ao garoto ao qual brigou e inclusive a Lisa,  foi uma cena comovente por que Laure sob atuar muito bem,mostrando o total desespero por sentir afeto por Lisa, as duas já haviam trocado selinhos durante algumas cenas do filme. Os garotos acham a atitude “nojenta”, ao se depararem com a Laure sendo a própria Laure como menina, a discriminam por ela ser menina e beijar outra menina, e ainda se mostram preconceituosos em relação a tal atitude. Na sociedade em que vivemos quando uma menina beija a outra ela é lésbica então isso reflete o comportamento dos garotos durante a cena. O que me faz pensar que ainda hoje infelizmente há muitas meninas e meninos que se identificam com gêneros opostos e sofrem pelo preconceito das pessoas, muitas vezes são discriminadas pelo seu próprio convívio social. O filme Tomboy nos faz refletir sobre começarmos a enxergar esses preconceitos que são velados e pensarmos em legitimá-los,  a inclusão de crianças transgêneras não tem sido mais tão incomum em nossa sociedade, mas ainda tem sido silenciosa, assim como algumas partes do filme, o próprio silêncio já nos faz refletir sobre o assunto e tentar compreender e aceitar de fato as escolhas feitas pelos outros e acima de tudo respeitá-los.