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Resenha do Filme: "Trotsky, a Revolução começa na escola"

Por:   •  29/8/2018  •  Resenha  •  1.583 Palavras (7 Páginas)  •  267 Visualizações

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JOVEM: A REVOLUÇÃO COMEÇA NO AGIR E TRANSFORMAR

Esta resenha tem como propósito apresentar algumas considerações que em minha opinião se destacaram durante o filme: “Trotsky: A Revolução começa na Escola”.  Leon Bronstein, jovem personagem principal que pertence a uma família de boas condições financeiras, acredita que é a reencarnação do revolucionário LeonTrotsky e, a partir deste enfoque, ele articula toda sua vida em idealismo, conflitos em família e rebeldia, principalmente após a mudança para escola pública (exigida pelo pai, já que ele queria tanto ser e viver como o revolucionário). O questionamento da autoridade, posturas políticas e mobilizações em prol de conquistas coletivas realizadas pelos jovens evidenciam, no meu entendimento, o ponto essencial deste filme.

        São diversos desafios que o adolescente precisa transpor em sua trajetória tais como, adequar-se a uma nova condição biológica, nova autonomia, novas relações interpessoais, progredir no âmbito educacional, entre outros (SIMÕES, 2010). O jovem também precisa ser valorizado e situar-se no grupo como favorável e útil em algum sentido. Para o personagem deste filme revolucionar significa proporcionar o bem coletivo

        O conflito que Leon tem com seu pai dá a impressão de que ele o considerava como seu oponente nesta missão, como se fosse o representante daquilo que ele lutava contra. Isto se confirma quando o jovem incentiva aos funcionários da fábrica do pai a realizarem uma greve para reivindicar seus direitos. A citação de Camarano et al (2004) constata este argumento:

“Jovens, em qualquer sociedade, representam o novo, consistindo em si próprios a principal fonte das transformações. Se, por um lado, a entrada em um mundo adulto construído por gerações mais velhas e experientes é vista como desvantagem, essa também pode ser entendida como vantagem, uma vez que engendra mudanças que permitirão novas acomodações da malha social.”

        A perspectiva modal de John Coleman, conforme Simões (2010) assinala, propõe que a adaptação do adolescente às transformações será mais simples de acontecer se este se sentir confortável em contextos que possuam significância, tais como família, amigos e escola. O adolescente toma parte ativamente da elaboração do seu desenvolvimento. O amparo familiar e social podem diminuir as inquietações e perturbações perante estas mudanças expressivas.

Ao ser transferido para o ensino público Leon se depara com jovens indiferentes e apáticos que não se interessam em questionar o que acontece de errado na instituição na qual eles estudam e a ação revolucionária do personagem se faz presente a partir deste momento. De acordo com Castro e Mattos (2009), as questões que surgem da relação entre “eu” e o “outro” nas diversas trajetórias do indivíduo ocorrem das situações em que os jovens agem em conjunto vivendo, trabalhando e mantendo relações comuns.  

Segundo Belsky (2010),

“Os adolescentes são conhecidos por questionarem as regras da sociedade, por identificarem a injustiça do mundo e por abraçarem causas idealistas. Infelizmente essa capacidade de se distanciar e ver o mundo como ele deveria ser, mas raramente é, pode produzir a tormenta e estresse da vida adolescente”.

        A partir do momento que os jovens partilham suas vidas e externam seus problemas cotidianos quer dentro ou fora da escola o debate político se faz presente em suas vidas. As questões de ordem pública transpõem a trajetória do jovem: qualidade de educação, melhores oportunidades de emprego, melhores condições de trabalho e de vida. O ato individual do personagem revolucionário incitou à comunidade a uma ação pública que ocasionou em consequências positivas.

        Conforme Simões (2010) ressalta, o campo da política é construído pela atuação dos sujeitos humanos, na qual a escolha do indivíduo organiza e concretiza o campo da política. Analisando o quanto é ampla o poder desta escolha, Castro e Mattos (2009) ressaltam que:

“A forma como a política pode contribuir para as transformações dos jovens, na medida em que, para muitos deles, a construção de si mesmos converge para o campo das disputas e lutas acerca da própria transformação societária e dos valores e princípios que deveriam guiar a convivência comum e os seus destinos. Essa busca dos jovens enraíza-se nas situações e práticas em que estão inseridos, seja a escola, para os mais novos, seja outras instituições e associações que passam a frequentar, à medida que se tornam mais velhos.”

        A família, em alguns casos, não apresenta interesse que seus jovens participem atuando politicamente e toma uma postura bem crítica quanto a esse fato, como por exemplo, rotular como perda de tempo. No filme vemos a escolha do jovem pela atuação política no grêmio estudantil como uma atitude válida e de extrema importância contra a autoridade abusiva do diretor da escola.

        A possibilidade de         agir como agentes transformadores da sociedade permite a estes jovens atuantes do campo da política a realizarem atividades úteis e pensar no momento presente das dificuldades, como Castro e Mattos (2009) destacam:

A política permite a reversão do tempo de “agir depois”, tão onipresente na vida dos jovens, que adiam para o futuro uma série de decisões e realizações, para o “agir agora”. Se a busca de outras identificações move os jovens na direção da transformação social, tais identificações encontram lugar na ação política, que lhes permite, ao mesmo tempo, trabalhar pela transformação do mundo e também conhecerem-se a si mesmos, agindo".

        A ideia do agir, transformar e transformar-se apresentadas por estas autoras traz uma reflexão do quanto a reencarnação de Trotsky mudou a realidade não só da escola, mas dos jovens que encontraram uma nova forma de pensar e atuar perante a vida através de suas manifestações e reivindicações. Além disso, ele conseguiu mostrar para sua família, principalmente a seu pai, que o seu idealismo tinha um propósito transformador, mesmo vindo de uma pessoa tão jovem e tendo como base ações de um espírito revolucionário.

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