Resenha do Filme Última Parada 174
Por: Larissa.os • 4/12/2019 • Resenha • 975 Palavras (4 Páginas) • 311 Visualizações
O filme A última parada 174 dirige uma história baseada em fatos reais, onde podemos visualizar jovens a margem da sociedade, tendo como protagonistas os personagens Alessandro e Sandro.
A história de Alessandro desenvolve da seguinte forma: sua mãe, jovem moradora de comunidade, usuária de drogas, obtinha uma dívida com o traficante e por não possuir dinheiro para acertar o que devia teve o seu filho arrancado de seus braços, sendo expulsa de sua própria casa, sendo assim a única forma de quitar a sua dívida. A jovem nunca esqueceu de seu filho, converteu-se a igreja evangélica e livrou-se do vício. Dez anos se passaram e Alessandro criado pelo traficante foi ensinado a cometer crimes. O traficante foi morto e a mãe passou a buscar pelo menino.
A história de Sandro desenvolve-se da seguinte forma: sua mãe é assassinada de forma brutal no bar em que trabalhava. O menino viveu um curto período na casa de sua tia, mas percebendo a rejeição do marido da mesma, passou a viver nas ruas.
Sandro logo fez amizade com outros meninos, que por algum motivo também estavam nas ruas. A presença dos meninos passaram a incomodar os empresários que tinham lojas nas redondezas e um certo dia homens armados dispararam tiros com o intuito de assassiná-los, porém, o mesmo conseguiu sobreviver ao massacre.
Sandro e Alessandro, se conheceram nas ruas e consequentemente foram apreendidos. Os meninos se reencontraram no reformatório, um ambiente pesado onde os funcionários tratavam os jovens de forma horrível. Os mesmos se aproximaram e passaram a cometer crimes juntos.
Uma diversidade de fatores levaram Sandro a entrar na vida do crime, o menino era uma vítima da sociedade, ninguém olhava por ele e o seu trágico fim foi após sequestrar um ônibus, onde por fim parou na caçamba de um carro da polícia sendo morto pelos policiais.
A partir deste filme podemos visualizar a realidade de uma diversidade de moradores da comunidade, onde os seus direitos são violados, sendo excluídos e taxados com rótulos de perigosos, sendo olhados com desconfiança no meio social.
Todo cidadão tem o direito de ir e vir, mas para quem mora em comunidade não é exatamente assim que a lei funciona, apesar de ser direito, ninguém olha por eles, se tornam invisíveis no meio dessa sociedade capitalista. Como foi visto no filme, a mãe de Alessandro foi expulsa de sua casa, sem o direito de levar o filho, saindo apenas com a roupa do corpo, sem nenhuma autoridade para fazer com que essa situação fosse revertida e mesmo parecendo absurdo isso não acontece apenas na ficção, é comum o morador da favela presenciar cenas como essa.
Os jovens vindos de periferia precisam todos os dias lutar para sobreviver, pois sempre estão em risco de serem exterminados, assim como a cena da Candelária, onde diversos jovens não conseguiram sobreviver ao ataque sobre eles. Sandro foi um sobrevivente, porém não escapou do recolhimento e foi parar no internato, sendo tratado de forma incoerente, sofrendo abusos físicos e morais.
“Nesse dantesco quadro, os jovens pobres, quando escapam do extermínio, são os “excluídos por excelência”, pois sequer conseguem chegar ao mercado de trabalho formal. Sua atuação em redes ilegais como o circuito do narcotráfico, do crime organizado, dos sequestros, dentre outros vem sendo tecida como única forma de sobrevivência e se prolifera, cada vez mais, como práticas de trabalho à medida que aumenta a apartação social. “ (Coimbra, C. M. B. & Nascimento, M. L., 2005)
Em nossa sociedade podemos visualizar diversos Sandros, negros, pobres, sem família estruturada e banalizado no meio social, tratado com desprezo, como um ser inexistente, que só passa a chamar a atenção quando passa a trazer perigo aos indivíduos que estão ao seu redor.
A desigualdade social é um dos principais fatores que levam os jovens a viverem de forma irregular, a maioria entra ao mundo do crime por vê-lo como a única saída de conseguirem sobreviver, visto que a maior parte de moradores de comunidade não obtém as mesmas oportunidades que moradores do asfalto.
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