Resenha sobre o filme: Uma simples formalidade
Por: Susie Miranda • 6/5/2018 • Resenha • 1.634 Palavras (7 Páginas) • 1.004 Visualizações
Resenha Crítica do filme: Uma simples formalidade
* Mayara Cristina
* Natália Alves
* Susie Santos
O objetivo deste trabalho é analisar o filme “Uma simples formalidade” que tem como título original: Una Pura Formalitá (1994), com a direção e o roteiro do italiano Giuseppe Tornatore que tem, entre as suas obras mais aclamadas: Malèna (2000). Neste filme de gênero policial, suspense e thriller com atuações de Gérard Depardieu (Onoff); Roman Polanski (Comisssário); Sergio Rubini (André, o jovem policial); Nicola Di Pinto (Capitão); Tano Cimarosa (Empregado), com duração de 1h 48m.
O filme aborda a história de um famoso escritor chamado Onoff que sofre um interrogatório por ser suspeito de assassinato, em meio a admiração do comissário ao escritor e a tensão pela busca da verdade, inicia-se um um inquérito da própria vida, O escritor não se lembra de nada, não consegue responder as perguntas que lhe fazem e a cada pergunta, Onoff via surgir resquícios de lembranças, mas nada faz muito sentido. Porém, aos poucos, ele vai reconstruindo sua história.
O cineastra rompe com a idéia de um filme de suspense tradicional e clichê para uma narrativa bem estruturada e curiosa desde o início, o que parece óbvio no início parece não ser quando chega ao final do filme. A trama nos coloca diante da constante dúvida sobre a verdade dos fatos, pois há um crime, no qual não se sabe quem é a vitima, porém existe um suspeito, um homem que se encontra confuso e contradiz suas falas ao ser interrogado.
Analisaremos a seguir alguns pontos relevantes do filme com a contribuição de Bleger, (2003) para compreensão a respeito da entrevista psicológica e seu emprego no diagnóstico e na investigação. O próprio autor diz que a entrevista é uma ferramenta de suma importância para o método clínico, é uma técnica de investigação científica em psicologia. E a
a entrevista pode ser de dois tipos fundamentais: aberta e fechada.
O comissário se utiliza da entrevista aberta, nesse tipo de entrevista o entrevistador
tem mais liberdade para as perguntas ou para suas intervenções, tendo toda a flexibilidade
necessária em cada caso particular. Ao decorrer da entrevista o comissário descobre que Onoff é um escritor ao qual tem muita admiração e em meio à admiração que ele tem ao escritor e a tensão pela busca da verdade, sua admiração não o impede de levar o interrogatório adiante, pois ele não pretendia sair dali sem resolver o caso (BLEIGER, 2003).
Ao contrário da consulta ou da anamnese, a entrevista psicológica tem por finalidade o estudo e o uso do comportamento total do indivíduo em todo o percurso da relação que é estabelecida com o entrevistador, durante o tempo em que essa relação durar. O autor ainda fala que durante a entrevista deve-se dedicar um tempo para indagar, e obter dados para a anamnese, porém não deve transformar esse momento num interrogatório, como no caso do filme que se deu em uma delegacia de polícia (BLEIGER, 2003).
O filme retrata como acontece o procedimento de entrevista com base em procedimentos investigativos criminais, o que faz com que o filme torne-se interessante e enriquecido. É exigido ao telespectador uma atenção enorme para os diálogos e detalhes contidos no cenário como: a situação precária do ambiente, a chuva que não cessa, o local sombrio. O autor usa apenas um cenário em quase todo o filme, tornando então o filme cansativo.
O enquadramento funciona como uma espécie de padronização da situação estímulo que oferecemos ao entrevistador; com isso não pretendemos que esta situação deixe de atuar como estímulo para ele, mas que deixe de oscilar como variável para o entrevistador. Se o enquadramento se modifica (por exemplo, porque a entrevista se realiza em um local diferente), esta modificação deve ser considerada como uma variável sujeita a observação, tanto como o é o entrevistado (BLEIGER, p. 10-11, 2003).
Onoff apresenta pensamentos desorganizados e incoerentes, seguindo uma sequência a medida que vai relembrando das pessoas que estavam presentes com ele, confuso com as lembranças que aparecem, o escritor começa a desconfiar de si mesmo. Através também de seu comportamento não-verbal, é possível nos dá informação a respeito de sua história, do que esta vivenciando ou mesmo sua contrariedade com o que expressa de modo verbal e consciente, isso fica muito explícito quando o comissário fazia perguntas, pois Onoff suava, ficava nervoso e olhava para uma foto que no início ele disse que não sabia quem era, mas depois revelou que era ele mesmo na infância (BLEIGER,2003).
Um ponto a ser considerado é a ansiedade do entrevistador, pois o mesmo quer se aprofundar naquilo que está escuro, toda investigação passa pela ansiedade do desconhecido e para isso o entrevistador deve ter habilidade para lidar com a situação para que a investigação seja eficaz, isso ocorre também quando o investigador se vê oprimido pela ansiedade ou recorre a mecanismos de defesa diante ela (racionalização,formalismo, etc.). O comissário no início não consegue lidar com a situação por muitas vezes usa de força impondo para que seja revelado aquilo que ele almeja, mas ao longo do processo usa técnicas fazendo perguntas sabendo onde quer chegar (BLEIGER,2003).
Aos poucos vamos entendendo que, o próprio Onoff só pode compreender o que houve se fizer todo o trabalho elaborativo para chegar às respostas. É mais do que conhecimento, trata-se de reconhecimento, de se reconhecer nos próprios atos, de compreender que foram os seus atos e somente eles que o levaram até ali, que fizeram dele o que ele é, e que ele não pode escapar disso.
Cada pessoa tem seu tempo próprio que depende do grau e tipo de organização de sua personalidade para enfrentar seus conflitos e para procurar uma solução para resolvê-los, é chamado de timing da entrevista (BLEIGER,2003).
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