Revista Epoka: Violência na vida dos brasileiros
Resenha: Revista Epoka: Violência na vida dos brasileiros. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: escarletty • 25/11/2014 • Resenha • 797 Palavras (4 Páginas) • 264 Visualizações
Revista Época: A violência na vida dos brasileiros
Isabel Clemente, José Fucs, Solange Azevedo e Suzane Frutuoso
22/01/2007
Um dos efeitos mais cruéis da onda de crimes é o medo que se espalha entre as pessoas. Disso não escapa nem quem jamais foi vítima
de criminosos.
O engenheiro Rodrigo Corbera, de 36 anos, de Campinas, maior cidade do interior de São Paulo, conta que sua mulher, Carla, de 32,
morre de medo de sofrer um seqüestro-relâmpago junto com o filho, nascido há seis meses. Para que Carla se sentisse mais segura,
Corbera diz que eles decidiram instalar programas especiais em seus telefones celulares. Os softwares, que custam em torno de R$ 20
por mês, permitem que cada um monitore o outro, em tempo real, pelo próprio celular ou pela internet. "O fato de a gente poder se
localizar a qualquer momento nos dá uma sensação de que estamos mais seguros", afirma Corbera. "Quando nosso filho crescer e tiver
de sair ou ficar em casa sozinho, isso vai ser muito útil. Minha cunhada tem um filho adolescente que usa o mesmo sistema."
A empresária Solange Lino, de 47 anos, dona de uma construtora e presidente da seção pernambucana do Secovi, a entidade que reúne
as empresas do ramo, conta que o medo da violência também afeta de forma dramática a vida de sua família. Ela diz que, no ano 2000,
resolveu deixar sua casa de 400 metros quadrados em Jaboatão dos Guararapes, junto com o marido e o filho, hoje com 19 anos, por
causa da questão da segurança. Foi morar num apartamento duplex de 200 metros quadrados, no mesmo bairro, na região
metropolitana do Recife. A casa tinha, segundo ela, sistema eletrônico de vigilância, sensor nos muros e um pastor alemão. Solange
afirma que chegou até a contratar um segurança para tomar conta do imóvel. "Nada disso acabou com meu estresse e minha sensação
de insegurança", diz. "Abrimos mão de morar numa casa, porque sentimos que estávamos vulneráveis. À noite, se a gente ouvia
qualquer barulhinho, já imaginava que era algum ladrão tentando entrar."
A dona de casa Angélica da Costa, de 51 anos, do Rio de Janeiro, parece sentir um medo patológico da violência. Ela diz que, há 31 anos,
no início da vida adulta, foi assaltada por dois garotos na Ilha do Governador, na região metropolitana do Rio. Depois disso, perdeu a
coragem de encarar a rua sozinha. Acabou abandonando o curso de Pedagogia que fazia na época e diz que nunca mais voltou a estudar.
Com o passar do tempo, conta que procurou profissionais para ajudá-la a superar o trauma. Recebeu também ajuda do marido e da filha.
Mas até hoje afirma sofrer as conseqüências do assalto de que foi vítima. "Já tive várias crises de depressão."
Os casos de Angélica, Solange e Corbera mostram como o medo da violência está afetando, de forma dramática, nossa vida,
independentemente de idade, sexo e condição socioeconômica, em especial nas grandes cidades. Segundo uma pesquisa do Instituto
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