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Supereu, o boato

Por:   •  23/6/2015  •  Dissertação  •  721 Palavras (3 Páginas)  •  232 Visualizações

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Há um boato que corre..., boato que se prolonga assim: gozamos mal porque há repressão sexual, porque a relação sexual continua proibida, e quem exerce esta interdição é, em primeiro lugar, a família, em segundo lugar, a sociedade e, em especial, o capitalismo; a fortiori, o supereu.

O boato do supereu é uma pergunta do senso comum e introduz como responsável pela repressão, em primeiro lugar a família.

Elege-se a família como culpada do sintoma neurótico e deduz-se que a causa é a má educação. Morel afirmava que o sintoma mental acontece porque as crianças não amam mais seus pais. Ao eleger a sociedade como responsável pelo sintoma neurótico e é deduzido que a causa é a diferença de classes sociais. Já utilizando o capitalismo como paradigma do sintoma neurótico é deduzido que a causa é a má distribuição da riqueza das nações.

A psiquiatria biológica abandona esse paradigma do sintoma mental uma vez que o concebe como difusão da neurotransmissão cerebral e, deste modo, não faz o sintoma depender nem da família nem da sociedade e nem do capitalismo. Para esta disciplina, a causa é biológica.

Utilizando o paradigma da psicanalise, é proposto que a psicanalise defina como paradigma do sintoma analítico não a família, nem a sociedade, nem o capitalismo, nem a neurotransmissão, mas o sujeito de um significante e seu correlato, o gozo fálico.

O sintoma não se suporta em uma teoria moral, em uma teoria de ameaça ao pai, mas em uma teoria da impossibilidade de realizar um direito ao gozo. O mandamento do supereu não é um “é proibido!”, é de fato, um imperativo que diz – “goza!”, sendo assim ele ordena um direito e não um dever. O supereu diz: você tem o direito de gozar, só que este gozo é impossível e se torna interdito porque é impossível, não porque é proibido. O gozo sexual é interdito porque é impossível, não porque é proibido.

A lei do supereu é lei do amor, a lei do gozo sexual, por sua vez, o gozo sexual só é possível se tomarmos por objeto de gozo um objeto impossível.

O boato do supereu diz tudo que diz respeito à psicanalise se absorve no parentesco.  É o que Freud chama de complexo de Édipo, de intenção assassina e incestuosa do sujeito para como o Outro de geração vizinha. Surge assim o medo do Outro, medo de que o Outro adivinhe suas intenções. Nos termos de Freud, isto se chama de castração. Mais tarde, nas relações sociais, essa figura ameaçadora do Outro se vai denominar de supereu, de consciência de culpa.

O boato do supereu pode ser dito de outra maneira: gozamos mal porque há repressão da relação sexual entre as gerações, o que quer dizer complexo de Édipo. O boato do supereu não diz que gozamos mal porque há repressão sexual na mesma geração. A relação sexual na mesma geração, isto é, entre um homem e uma mulher não esta proibida.

Se Freud diz que o paradigma do sintoma é o complexo de Édipo isto quer dizer que há repressão, interdição da relação sexual incestuosa, ou seja, entre gerações, entre um menino e sua mãe. Esse é o boato dos psicanalistas. A interdição da relação incestuosa antes do pai, depois é do supereu, seu herdeiro.

O que Freud diz é que é proibido gozar do corpo da mãe. Por sua vez, o que Lacan diz é que a relação sexual é impossível, e isso é seu paradigma do sintoma.

Sendo assim, o supereu é estrutural nesse sentido, de tal maneira que é um boato que é um boato que o supereu interdita a relação sexual entre gerações, interdita a relação sexual incestuosa, e é um boato que é este o paradigma do sintoma. É um boato que o paradigma do sintoma neurótico seja condicionado pela repressão da relação sexual incestuosa porque o supereu é estrutural, quer dizer, o paradigma do sintoma neurótico é a impossibilidade da relação sexual entre significantes.

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