A INTEGRAÇÃO DA HERANÇA DE MORENO
Por: vicontini • 8/4/2019 • Resenha • 1.747 Palavras (7 Páginas) • 133 Visualizações
A INTEGRAÇÃO DA HERANÇA DE MORENO
Segundo o autor, a situação atual da Sociometria, Psicodrama e do Sociodrama, precisam ser reavaliada, o autor, relata que esteve envolvido com trabalhos em grupos e métodos de ação por mais de quarenta anos, com ilimitadas possibilidades, no entanto, percebeu que a revisão sistemática, as especialidades das abordagens, juntamente com a profundidade da pesquisa e a justificativa para a formação dos profissionais ainda precisam ser resolvidas.
O autor discute neste artigo que o futuro da herança de Moreno atua em nossa capacidade de torná-la válida e interessante para a comunidade científica de saúde mental atual. Mesmo sendo árduas as construções de pontes com os responsáveis pelas políticas públicas, assim como com os demais envolvidos na formação dos futuros profissionais, mesmo não obtendo esse controle sobre as estratégias para o desenvolvimento dos campos disciplinares, a perspectiva é de facilitar o crescimento do modelo moreniano nas comunidades acadêmicas, da saúde como o da sociedade no geral.
O autor destaca alguns marcos da referência histórica e epistemológica para evidenciar alguns problemas e desafios relacionados às teorias de Moreno, posteriormente passando para as estratégias que a comunidade geral deveria adotar para cumprir a missão que Moreno chamou de revoluções sociátricas e sociométricas.
Moreno foi um gênio na forma de pensar e agir deixou heranças ricas e complexas, desenvolvendo uma visão do mundo limitada e simples, com vontade de criar uma nova teoria, desenvolveu em um grande território uma nova linguagem evoluindo chegando a um produto final de Psicodrama e ainda no esboço chamou-se de Sociatria.
O artigo cita que Moreno em um procedimento verdadeiro terapêutico não poderia visar menos do que toda a humanidade. Porém, nenhuma teoria adequada poderá ser prescrita enquanto a humanidade não for de alguma medida uma unidade e enquanto sua organização permanecer desconhecida, isso ajudou a pensar que a humanidade é uma unidade social e orgânica. Para Moreno considerar o território disciplinar, usou como objeto de busca o conjunto da humanidade, nomeadamente o privado e o ser humano social. Considerou na sua missão reunir toda a comunidade sobre um único guarda-chuva científico para poder compreender e transformar a humanidade. Com ideia básica de cada um cada um de nós participaria simultaneamente do que o autor nomeia de numerosos sistemas. Para funcionar todas as pessoas do sistema devem agir de acordo com uma unidade planejada como propósito básico.
A teoria de Moreno implica que a pessoa não pode ser retirada do seu ambiente, e que muitas subdisciplinas se envolvem e combinam para explicar o destino das pessoas, desde a Biologia, passando pela Psicologia, Sociologia, Antropologia, estudos de religiões até as ciências políticas. Enquanto desenvolvia seu pensamento, Moreno integrou-se em diversos projetos de trabalhos acadêmicos e profissionais de maneira fragmentada, porém, muitos significativos.
Moreno criou duas revistas, uma direcionada à pesquisa e à prática social e a outra dedicada as intervenções psicodramáticas individuais, Moreno tinha a forma própria e trabalhava nos dois segmentos que a longo prazo ocorreu divisão, entre colegas, alunos e seguidores, dividindo-o em o Moreno sociometrista e sociodramatista e o Moreno psiquiatra e psicodramátista.
Em 1955, Moreno transferiu a primeira revista para Associação Sociologica Americana, onde o sociodrama e a sociometria tomaram um lugar secundário em sua agenda, optando-se por dedicar mais tempo ao psicodrama. Moreno tentou definir um novo campo disciplinar que abrangesse toda a humanidade, porém, para obter a unidade de nossa espécie era preciso estar envolvido em todo o segmento da sociedade, desde o indivíduo do mundo privado até entidades internacionais, trabalhando com diversos grupos em deferentes contextos, porém, a grandeza dessa tarefa tornou-se difícil alcançar um senso real de integração.
Moreno permaneceu confinado em um território limitado, o palco psicodramático tornou-se sua principal ferramenta, deixando de lado o fator biológico e a interação social. Com o tempo Moreno abandonou o mundo acadêmico e o mundo acadêmico o abandonou também. Em 1950, viajou para a Europa, Moreno tinha em primeiro plano o terapeuta e não mais o encantamento acadêmico, aquele que mobilizou muitas áreas, precisaria de um exercito de cientista para desenvolver e traduzir todas as suas descobertas.
Segundo o autor, Moreno criou uma nova forma de olhar para a raça humana, o relacionamento entre pessoas. Desenvolveu novos conceitos, criando uma maneira nova e original de olhar para a experiência do momento. Seu esforço para marcar uma nova teoria, uma verdadeira teoria moreniana duelava entre o sucesso e o fracasso. Sucesso por ter a capacidade de dar uma visão integrada ao mundo, e sugerir formas significativas para resolver conflitos intrapsíquicos e interpessoais e criar institutos para os praticantes em formação, o fracasso por querer ser o criador, gerador de um novo sistema, minimizando a contribuição dos criadores do passado.
O legado de Moreno se traduz em conceito e pessoas, pensando em suas técnicas sobre o psicodrama, podemos reconhecer que esses seus conceitos estão incorporados em milhares de pessoas que ainda seguem os seus passos.
A herança de Morena é rica e ainda atual bem mais atual que há um século, no século passado foi centrado no indivíduo, nesse século pode ser mais centrado em grupos ou em comunidades. Há necessidade de inserir as propostas de Moreno e traduzi-las para uma linguagem que alcance as pessoas do século XXI, sem perder sua identidade, elas precisam reconhecer que nenhuma poderia explicar toda a humanidade sobre a unidade, todas as comunidades e todas as disciplinas precisam ser parte de uma nova integração do conhecimento relativo à humanidade. A integração deve estar enraizada em contextos da vida real e incluir teorias, pesquisar formação e práticas, porém, é necessário acabar com a fragmentação e com o isolamento, a perspectiva moreniana é de ajudar e garantir conhecimentos em todas as fontes, como melhor compreensão da filosofia de Moreno, sem medo de torná-la atraente.
Desafio à frente, o autor nos convida a refletir sobre quatro áreas:
Primeiramente, precisaríamos reidentificar o campo de ação, recapturar as propostas de Moreno em relação ao território apropriado para trabalhar e reavaliar o alcance do trabalho. Moreno milita a favor de intervenções que cubram todos os segmentos da população, de certa forma ignorando a contribuição de dois segmentos básicos, neurociência e a psicossociologia clínica. Moreno olhou para a unidade e cada vez mais há provas disso. Na verdade, nem todos os cientistas tem essa perspectiva ampla e aberta.
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