ATIVIDADES PRÁTICAS DE LABORATÓRIO NO ENSINO DE BIOLOGIA E DE CIÊNCIAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Ensaios: ATIVIDADES PRÁTICAS DE LABORATÓRIO NO ENSINO DE BIOLOGIA E DE CIÊNCIAS: RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: fabiano.ndc • 19/3/2015 • 3.656 Palavras (15 Páginas) • 701 Visualizações
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ATIVIDADES PRÁTICAS DE LABORATÓRIO NO ENSINO DE BIOLOGIA E DE CIÊNCIAS:
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA
Clívia Carolina Fiorilo Possobom1
Fátima Kazue Okada2
Renato Eugênio da Silva Diniz3
Resumo: Este artigo apresenta reflexões decorrentes de uma experiência com atividades
práticas de laboratório nas disciplinas de Ciências e Biologia, contemplando as
diferentes etapas do processo, ou seja: escolha, obtenção de materiais e teste das
atividades; elaboração do roteiro para o aluno e para o professor; e a aplicação das
atividades. O trabalho foi realizado na Escola Estadual Prof. José Pedretti Neto,
localizada no município de Botucatu – SP, e teve como objetivos investigar as
possibilidades de viabilização de atividades de laboratório em escolas estaduais, bem
com auxiliar os professores na realização de atividades experimentais por meio da
criação de um conjunto de roteiros de atividades experimentais. Embora muitas
dificuldades tenham surgido no decorrer do processo, a motivação e o envolvimento
demonstrados pelos alunos confirmam o potencial didático dessa modalidade de
ensino.
Palavras-chave: atividades práticas, práticas de laboratório de Ciências, práticas de laboratório de
Biologia, laboratórios escolares.
1. INTRODUÇÃO
O modelo tradicional de ensino é ainda amplamente utilizado por muitos educadores
nas nossas escolas de Ensino Fundamental e Médio. Segundo Carraher (1986), tal modelo de
educação trata o conhecimento como um conjunto de informações que são simplesmente
passadas dos professores para os alunos, o que nem sempre resulta em aprendizado efetivo. Os
alunos fazem papel de ouvintes e, na maioria das vezes, os conhecimentos passados pelos
professores não são realmente absorvidos por eles, são apenas memorizados por um curto
período de tempo e, geralmente, esquecidos em poucas semanas ou poucos meses,
comprovando a não ocorrência de um verdadeiro aprendizado.
Carraher (1986), defende um modelo alternativo, denominado modelo cognitivo, no
qual os educadores levantam problemas do cotidiano (questões reais) para que os alunos
1 Aluna do Curso de Ciências Biológicas (Licenciatura), bolsista do Projeto do Núcleo de Ensino, financiado pela
FUNDUNESP.
2 Aluna do Curso de Ciências Biológicas (Licenciatura), bolsista do Projeto do Núcleo de Ensino, financiado pela
FUNDUNESP.
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busquem as soluções. Mesmo que a resposta não seja satisfatória para o professor, não se deve
descartar o fato de que o aluno tenha raciocinado para chegar à conclusão. É preciso tentar
conhecer como a criança estava pensando (o que a leva a chegar a conclusões diferentes das
nossas), como ela está representando as idéias para si.
De acordo com Moreira (1999), muitos modelos de ensino baseiam-se na teoria do
desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget. Parte-se da perspectiva de que a mente humana tende,
permanentemente, a aumentar seu grau de organização interna e de adaptação ao meio. Diante
de novas informações ocorrem desequilíbrios e conseqüente reestruturação (acomodação), a fim
de construir novos esquemas de assimilação e atingir novo equilíbrio, garantindo um maior grau de
desenvolvimento cognitivo. Dessa forma, ensinar (ou, em um sentido mais amplo, educar)
significa, pois, provocar o desequilíbrio no organismo (mente) da criança para que ela, procurando
o reequilíbrio (equilibração majorante), se reestruture cognitivamente e aprenda (Moreira, 1999).
Outra implicação imediata da teoria de Piaget para o ensino, segundo Moreira
(1999), é o fato de que o mesmo deve ser acompanhado de ações e demonstrações e, sempre
que possível, deve dar aos alunos a oportunidade de agir (trabalho prático). Segundo Kubli (1979)
apud Moreira (1999), no entanto, estas ações e demonstrações devem estar sempre integradas à
argumentação, ao discurso do professor. Seria uma ilusão acreditar que ações e demonstrações,
mesmo realizadas pelos alunos, têm em si mesmas o poder de produzir conhecimento: elas
podem gerá-lo somente na medida em que estiverem integradas à argumentação do professor.
Outros aspectos importantes a serem destacados, para que o processo de ensino
seja efetivado, são: a existência de problematizações prévias do conteúdo como pontos de partida;
a vinculação dos conteúdos ao cotidiano dos alunos; e o estabelecimento de relações
interdisciplinares que estimulem o raciocínio exigido para a obtenção de soluções para os
questionamentos, fato que efetiva o aprendizado (Carraher, 1986; Fracalanza et al, 1986).
Um contingente significativo de especialistas em ensino das ciências propõe a
substituição do verbalismo das aulas
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