Desenvolvimento Economico
Monografias: Desenvolvimento Economico. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: thaisepaes • 8/6/2013 • 9.512 Palavras (39 Páginas) • 401 Visualizações
Aula-tema 01: Desenvolvimento Econômico - Conceitos Principais e Realidade Atual
O tema desta aula preocupa muitos pensadores desde o final do Século XVIII. Adam Smith, David Ricardo, Thomas Malthus, John Stuart Mill, Karl Marx, entre outros, se preocupavam com a explicação das causas do desenvolvimento e da riqueza das nações. Aqui desenvolvimento econômico ainda era confundido com crescimento econômico e riqueza (ouro, prata, dinheiro, indústria forte). Os indicadores de crescimento eram o Produto interno Bruto (PIB) e a renda per capta.
Mesmo após dois séculos de alto crescimento econômico no mundo, existem profundas desigualdades sociais e de renda entre os países e não há perspectivas de acabar com elas no curto prazo, embora existam iniciativas para isto, como os programas governamentais de distribuição de renda, dos quais o programa Bolsa Família e o Fome Zero são referências internacionais.
Atualmente a Food and Agriculture (FAO), órgão da Organização das Nações Unidas, discute um programa de combate à fome inspirado na iniciativa brasileira e denominado "América Latina sem Fome".
Um dos principais fatos da história econômica mundial foi a Revolução industrial que gerou um rápido crescimento econômico em alguns países, como Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha, Bélgica, Rússia, Itália e Japão, entre outros. Estas nações acumularam riquezas com a produção e comércio de bens industriais e cresceram rápido.
Mas, alguns países permaneceram com uma economia baseada na agricultura e na exploração de recursos naturais, como os países da América Latina e da África. Acentuou-se a diferença entre os ricos (industrializados) e os pobres (fornecedores de produtos agrícolas e recursos naturais). Isto pode ser visto a partir das figuras 1 e 2 abaixo, que mostram a evolução do Produto interno Bruto (PIB) e da renda per capta de países selecionados e do Brasil desde 1870 até 2002, deixando claro o crescimento contínuo do PIB e da renda per capta neste período. Percebe-se também o aumento da diferença entre os países selecionados. Os industrializados cresceram mais que o Brasil.
Os pesquisadores do tema desenvolvimento econômico tratam das seguintes questões: Por que algumas nações são tão ricas e outras tão pobres? Por que as pobres permanecem pobres, como se pode ver nas figuras 1 e 2?
Alguns autores, como Rostow, Singer e Rosenstein Rodan (Damasceno et all 2010), escreveram suas obras no Século XX, após a industrialização dos primeiros países. Com base nas mudanças ocorridas nestas nações, eles pensaram o desenvolvimento como um processo evolutivo uniforme em que as sociedades passariam por cinco estágios: 1 - sociedade tradicional; 2- pré-requisitos para o arranco; 3 – arranco; 4 - crescimento auto-sustentável e; 5 - idade do consumo de massa.
Na sociedade tradicional o país tem uma economia baseada na agricultura e no comércio e baixa capacidade de crescimento. Em cada um dos demais estágios ocorre um processo de industrialização e surgem os setores de serviços e o financeiro. Na era do consumo de massa, a economia possui todos os setores industriais, das siderúrgicas às fábricas de carros, computadores e alimentos e também os setores de serviços e finanças. Neste estágio, a economia tem alta capacidade de crescimento econômico e a população tem alto nível de bem-estar material. É uma economia dita desenvolvida.
Durante várias décadas esta visão evolutiva foi predominante e muitos governos implementaram políticas de industrialização e tentaram trilhar os estágios descritos acima. Só que os resultados alcançados foram diferentes, muitos não atingiram a fase de consumo de massa e alguns permaneceram na fase de arranco. Assim foram considerados subdesenvolvidos.
O Brasil e alguns de seus vizinhos Latino-Americanos, como a Argentina, foram exemplos deste processo de industrialização e que continuaram sendo subdesenvolvidos. Estes países estão em estágios de desenvolvimento diferentes e, internamente, possuem regiões e setores econômicos em vários dos estágios de desenvolvimento. Ainda é possível encontrar regiões com características de sociedades tradicionais nestes países. No Brasil, isto é comum no Nordeste.
Celso Furtado, importante economista brasileiro, foi um dos maiores críticos da teoria das etapas de Rostow. Ele afirmou que está forma de ver o desenvolvimento é um "mito", pois nem todos os países podem atingir este estágio.
Para Furtado, os países que se desenvolveram primeiro tem maior capacidade de inovar e de difundir as inovações. Assim, estão sempre à frente dos demais em termos de crescimento econômico. Os países subdesenvolvidos não têm capacidade tecnológica para alcançar o mesmo estágio dos primeiros e ficam sempre atrasados.
Atualmente, o conceito de desenvolvimento se ampliou para dar conta dos aspectos sociais e ambientais que afetam o mundo de hoje. Assim, o desenvolvimento passou a ser visto não apenas pela ótica do crescimento do PIB e da renda per capta, mas também pelas condições de vida e educação da população e pela distribuição de renda em cada país.
Por conta disto, é cada vez mais importante a análise da distribuição da renda gerada na economia entre a população do país. Isto é feito através do cálculo de um índice criado pelo estatístico italiano Corrado Gini em 1912. Ele desenvolveu um método para calcular o percentual da renda total que cada parcela da população de um país tem em determinado ano, ou seja, como ela é distribuída. Para isso ele criou um índice que vai de 0 a 1 (ou de 0 a 100). O índice zero mostra uma sociedade em que todos teriam a mesma renda per capta. Quando mais próximo de 1 (ou de 100), maior a desigualdade de renda da população. Vejamos um exemplo.
A Noruega e os Estados Unidos são países desenvolvidos e possuem índices de Gini abaixo de 0,4, ou seja, a renda gerada no país é relativamente bem distribuída. Por sua vez, Serra Leoa tem uma renda muito mal distribuída e é um pais pouco desenvolvido. Pode-se perceber que em 10 anos, alguns países reduziram a desigualdade e outros a mantiveram ou a acentuaram.
O Brasil manteve um índice estável neste período, com tendência de pequena queda a partir de 2000 (Ver Figura 3).
Outro índice muito usado nos dias de hoje para discutir desenvolvimento é o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede as condições econômicas (renda per capta), de educação (índice de analfabetismo e taxa de matrícula no ensino) e de
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