O DIÁRIO DE CAMPO
Por: milennamoraes • 12/8/2021 • Trabalho acadêmico • 1.400 Palavras (6 Páginas) • 98 Visualizações
DIÁRIO DE CAMPO
1. Descrição
No dia 22/06/2021, o Serviço Social da Policlínica Regional do Largo da Batalha recebeu
um encaminhamento vindo de uma outra unidade de saúde em Niterói, com o seguinte relato
na documentação anexada: em um dia do mês de junho, uma criança de 4 anos de idade
acompanhada da mãe deu entrada nessa respectiva unidade de saúde, e a mãe relatou que a
menina vinha se queixando de dores no ânus, que teriam se iniciado após ela retornar da casa
de um tio. A médica pediatra que as atendeu salienta no Boletim de Atendimento Médico
(BAM, em anexo ao encaminhamento) que a criança não faz mais uso de fralda, fator que
diminui a possibilidade de a dor ser uma assadura. A mãe também relata que ao interrogar a
filha sobre a dor, a mesma permanece em silêncio – atitude anormal dentro da sua vivência
com a menina, que é comunicativa. A mãe ainda relata que aos 10 anos de idade, este mesmo
tio havia tentado abusar dela 4 vezes, porém não houve denúncia. Ela se diz receosa em fazer
uma denúncia no caso da filha, por morar em área de risco e não possuir provas contra o
homem acusado. Após o atendimento, a médica entrou em contato imediato com o Conselho
Tutelar, porém a conselheira de plantão no dia se negou a comparecer à Unidade em questão
– fatores também descritos no BAM. A pediatra então orienta a mãe a ir à delegacia,
encaminha por e-mail ao Conselho Tutelar da região o BAM, e após o atendimento o hospital
faz uma notificação de violência compulsória. Dias após, o caso – junto com sua
documentação, que incluía o BAM, os e-mails enviados e a notificação de violência – foi
encaminhado para a Policlínica Regional do Largo da Batalha, para que a equipe
multidisciplinar da unidade desse prosseguimento ao atendimento, visto que a família reside
na área de atendimento da PRLB. Dessa forma, a assistente social entrou em contato com a
mãe buscando o comparecimento de ambas na Policlínica, para acolhimento, entrevista social
e agendamento de consulta pediátrica, que foi agendada duas vezes, e nas duas datas a
consulta não ocorreu – a mãe e a menina não compareceram. Assim, entramos em contato
novamente com o Conselho Tutelar, explicando o caso, reiterando a necessidade da consulta
pediátrica e salientando que a mãe não atende mais os telefonemas. Dessa vez, a conselheira
tutelar de plantão nos atendeu prontamente e seguirá nos acompanhando nos desdobramentos
do caso.
2. Análise
No que diz respeito a comunicação entre as instituições envolvidas no caso – através da
descrição das ações em documentos encaminhados e ligações telefônicas – consideramos a
mesma clara e eficiente, buscando o objetivo comum de acolhimento à família e à criança,
através das orientações dadas pela médica, pela assistente social da PRLB e pelo Conselho
Tutelar que contatamos. A problemática desde que o caso foi encaminhado para a Policlínica
é a dificuldade de contato com a mãe, para que a mesma traga a filha para consulta pediátrica.
A consulta é essencial para auxiliar na constatação da violência sexual, além de ser necessária
antes de exames, diagnósticos, entre outros. Se encaixa nas atribuições da assistente social
na saúde, segundo o CFESS, realizar a notificação, junto com a equipe multiprofissional,
frente a situação constatada ou suspeita de violência às autoridades competentes, e isso foi
realizado pela equipe. Além disso, também se encaixa nas atribuições os pedidos de
comparecimento à PRLB para avaliação de questões sociofamiliares que envolvem o usuário,
salientando para o mesmo quais são seus direitos dentro de determinada situação, junto a
constatação da necessidade da consulta buscando orientar e favorecer o usuário no seu
tratamento de saúde proposto pela equipe. Como a família não acatou a solicitação até então,
o Serviço Social da Policlínica entrou em contato com o Conselho Tutelar, buscando
propostas e resoluções para uma atuação conjunta eficiente.
3. Síntese
Em virtude dos fatos mencionados, da análise do caso e da problemática posta
anteriormente, fez-se notável a importância da comunicação dinâmica e eficaz entre as
instituições, para que, dessa forma, a questão seja avaliada e solucionada com praticabilidade.
Apesar da comunicação entre as instituições tenha sido considerada eficiente pela assistente
social da PRLB, um fator problemático foi o não comparecimento da conselheira tutelar de
plantão na primeira unidade de saúde. Acreditamos que seu comparecimento teria feito
diferença no desenvolver do caso e no acolhimento adequado à família, que poderia ter sido
melhor orientada, possibilitando a ida de ambas na consulta pediátrica e até mesmo,
posteriormente, uma denúncia feita pela mãe da menina.
Para
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