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O Mito da Caverna

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Por:   •  17/2/2014  •  Seminário  •  1.470 Palavras (6 Páginas)  •  347 Visualizações

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O MITO DA CAVERNA

Imagina homens que vivem numa espécie de morada subterrânea, em forma de caverna, que possui uma entrada que se abre em toda a largura da caverna para a luz; no interior dessa morada eles estão, desde a infância, acorrentados pelas pernas e pelo pescoço, de modo a ficarem imobilizados no mesmo lugar, só vendo o que se passa na sua frente, incapazes, em virtude das cadeias, de virar a cabeça. Quanto à luz, ela lhes vem de um fogo aceso numa elevação ao longe, atrás deles. Ora, entre esse fogo e os prisioneiros, imagina um caminho elevado ao longo do qual se ergue um pequeno muro, semelhante ao tabique que os exibidores de fantoches colocam à sua frente e por cima dos quais exibem seus fantoches ao público.

- Estou vendo, disse.

- Figura, agora, ao longo desse pequeno muro e ultrapassando-o, homens que transportam objetos de todos os tipos como estatuetas de homens ou animais de pedra, de madeira, modeladas em todos os tipos de matéria; dentre esses condutores, naturalmente, existem aqueles que falam e aqueles que se calam.

- Fazes de tudo isso uma estranha descrição, disse, e teus prisioneiros são muito estranhos!

- É a nós que eles se assemelham, retruquei. Com efeito, podes crer que homens em sua situação tenham anteriormente visto algo de si e dos outros, afora as sombras que o fogo projeta na parede situada à sua frente?

- E como poderiam fazê-lo, observou, se estão condenados por toda a vida a ter a cabeça imobilizada?

- E com relação aos objetos que passam ao longo do muro, não ocorre o mesmo?

- Evidentemente

- Se, portanto, conseguissem conversar entre si, não achas que tomariam por objetos reais as sombras que avistassem?

- Forçosamente.

- E se, por outro lado, houvesse eco na prisão, proveniente da parede que lhes é fronteira, não achas que, cada vez que falasse um daqueles que passam ao longo do pequeno muro, eles poderiam julgar que os sons proviriam das sombras projetadas?

- Não, por Zeus, disse ele.

- Portanto, prossegui, os homens que estão nesta condição só poderão ter por verdadeiro as sombras projetadas pelos objetos fabricados.

- É inteiramente necessário.

- Considera agora o que naturalmente lhes sobreviria se fossem libertos das cadeias e da ilusão em que se encontram. Se um desse homens fosse libertado e imediatamente forçado a se levantar, a voltar o pescoço, a caminhar, a olhar para a luz; ao fazer tudo isso ele sofreria e, em virtude do ofuscamento, não poderia distinguir os objetos cujas sombras visualizara até então.Que achas que ele responderia se lhe fosse dito que tudo quanto vira até então não passara de quimeras, mas que, presentemente, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, estaria vendo de maneira mais justa? E se, ao lhe designar cada um dos objetos que passam ao longo do muro, fosse forçado a responder às perguntas que se lhe fizesse sobre o que é cada um deles, não achas que ele se perturbaria? Não achas que ele consideraria mais verdadeiras as coisas que vira outrora do que aquelas que agora lhe eram designadas?

- Sim, disse ele, muito mais verdadeiras!

- E se, por outro lado, ele fosse obrigado a fitar a própria luz, não achas que seus olhos se ressentiriam e que, voltando-lhe as costas, fugiria para junto daquelas coisas que é capaz de olhar e que lhes atribuiria uma realidade maior do que as outras que lhe são mostradas?

- Exato, disse ele.

- Supõe agora, prossegui, que ele fosse arrancado à força de sua caverna e compelido a escalar a rude e escarpada encosta e que não fosse solto antes de ser trazido até à luz do sol; não achas que ele se afligiria e se irritaria por ter sido arrastado dessa maneira? E que, uma vez chegado à plena luz e completamente ofuscado, achas que poderia distinguir uma só das coisas que agora chamamos verdadeiras?

- Não poderia fazê-lo, disse ele, pelo menos de imediato.

- Penso que teria necessidade de hábito para chegar a ver as coisas na região superior. De início, distinguiria as sombras mais facilmente, em seguida, a imagem dos homens e dos outros seres refletidos nas águas; mais tarde, distinguiria os próprios seres. A partir dessas experiências, poderia, durante a noite, contemplar os corpos celestes e o próprio céu, a luz dos astros e da lua, muito mais facilmente do que o sol e sua luz, durante o dia.

- Não poderia ser de outro modo.

- Penso que finalmente ele seria capaz de fitar o sol, não mais refletido na superfície da água, ou sua aparência num lugar em que não se encontra, mas o próprio sol no lugar que é o seu; em suma, viria a contemplá-lo tal como é.

- Necessariamente, disse ele.

- Após isso, raciocinando a respeito do sol,concluiria que ele produz as estações e os anos, que governa todas as coisas que existem em lugar visível e que num certo sentido, também é a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.

- É claro, disse ele, que chegaria a tal conclusão.

- Ora, não achas que, ao se lembrar de sua primeira morada, da sabedoria que lá se processa, e dos seus antigos companheiros de prisão,

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