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O Silêncio Também é Resposta

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Por:   •  1/12/2014  •  Resenha  •  693 Palavras (3 Páginas)  •  179 Visualizações

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"O silêncio diz muito mais do que se costuma ouvir de bocas aflitas, que jorram aos borbotões palavras atrapalhadas. Discursos tolos, sem aroma, nem sumo.

Por vicio ou pretensa natureza, estamos acostumados a nos relacionar com a boca. Dela emanam sons filosóficos, conexos ou desconexos. Em sua maioria vazios como bolinhas de sabão. Falas de acompanhar a gula de bolinhos de bacalhau, chopes gelados em série, alargando barrigas carentes e solitárias companhias.

— Mas do que você comentava mesmo no bar ontem à noite?

— Sei lá, eu jogava conversa fora, pra marcar presença na mesa com a galera. Sabe como é…

Palavras de vento, desidratadas. Sentenças sem lavra, emitidas por anseios anônimos. Compulsões explícitas. Oralidade sôfrega. Freud, aliás, nem sempre explica.

O silêncio também é resposta. Assume diversas vestimentas. Além de ser pergunta, é dúvida, desejo, rebeldia e até mesmo crueldade. Silêncio é sinal de poder em gargantas sábias. Alguns raros psicanalistas o detêm. Os que se livraram da arrogância faz tempo.

Também os monges budistas, em pleno domínio de reticências, pulsações e fôlego. Com disposição e concentração de sobra para não dizer nada em inúmeros momentos da vida. Mas dizendo, de outras formas, tudo. Delicadezas com os olhos, sorrisos, trejeitos e poros atentos.

A propósito, é preciso aprender a escutar as histórias emanadas pelos nossos poros. Expressas, por sinal, em raros idiomas. Àqueles dialetos da pele tão íntimos de sensações, fruições, elevações térmicas e arrepios únicos. Os balbucios dos gestos sedentos. Quantas palavras aí contidas. Ou meias palavras, todas, sem distinção, carregadas de sentido.

O silêncio dos inocentes. Dos culpados. Do alívio diante da absolvição. A secura indiferente dos criminosos contumazes. O silêncio da mãe ao acariciar com o olhar as ternuras do filho recém-nascido. Do eremita a conversar, em meio a meditações, com os ventos no alto das montanhas. Da águia, aguardando atenta o auge do voo olímpico. Do bebezinho, na sala do parto, atônito e feliz, ao se deparar com outro mundo, lá fora. Minutos antes de explodir em abençoado choro. É a vida e é bonita.

Silêncio do padre na hora da comunhão. Dos fiéis — ou infiéis — que parecem rezar contritos, em bancos de igrejas ermas. Silêncio aflito durante o casamento, no instante supremo de os nubentes sentenciarem “sim” ou “não” — sob a clava de “até que a morte os separe”.

Àquele silêncio dos familiares aguardando, no auge da angústia, a notícia redentora — ou fulminante — proferida pelo cirurgião, responsável por tentar afastar a morte da criança indefesa.

Silêncio mesquinho de alguns pais, embebidos em medíocre autoridade, quando a adolescente espera nervosa e submissa pelo precioso “de acordo”, referente a ida à balada nesta noite.

Silêncio ladino do marido, ao chegar tarde em casa, após reuniões-extra no trabalho, ante as inquietações da mulher-dele-de-cada-dia.

O solene silêncio da orquestra, ao ingressar no segundo movimento de uma belíssima sinfonia de Beethoven. Do leitor, encantado com o novo

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