Padronizaçao
Ensaios: Padronizaçao. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 31/5/2013 • 1.047 Palavras (5 Páginas) • 522 Visualizações
Padronização, Rastreabilidade e Certificação de Animais e
seus Produtos
Ana Maria Bridi
Universidade Estadual de Londrina
Departamento de Zootecnia
INTRODUÇÃO
Em todo o mundo, os produtos de origem animal proporcionam um sexto da
energia e mais um terço da proteína da alimentação humana. Para atender a
demanda crescente por produtos de origem animal, as condições em que os
animais são produzidos, processados e comercializados, têm passado por muitas
mudanças que geraram algumas conseqüências como a falta de bem-estar dos
animais, aparecimento de dioxinas nas rações animais, toxinfecções de origem
alimentar, Encefalopatia Espongiforme Bovina (doença da vaca louca) e o
aumento da prevalência de microorganismos resistentes aos antibióticos.
A soma destes problemas resultou em uma mudança no conceito e na
percepção da qualidade dos produtos de origem animal. A pressão por parte dos
consumidores é que esses produtos possuam origem conhecida, tenham
qualidade e sejam seguros à saúde.
Assim, além da qualidade nutricional (proteína, perfil de ácidos graxos,
vitaminas e minerais), tecnológica (pH, capacidade de retenção de água, gordura)
e visual (cor e textura), outros aspectos passaram a definir a qualidade dos
produtos de origem animal, como:
1. Segurança alimentar (livre de resíduos físicos, químicos e biológicos);
2. Segurança sanitária (que impeçam ou diminuam o risco de disseminação
de doenças);
3. Bem-estar dos animais nos sistemas de produção de carne;
4. Sistemas de produção que garantam a sustentabilidade do sistema;
5. Garantia da qualidade de vida do trabalhador rural.
Para garantir essa qualidade da carne, vários países aprovaram leis com o
propósito de criar padrões para as carnes e seus derivados, através de sistemas
normativos, inspecção, rastreabilidade e certificação desde a fazenda até o
consumidor, na tentativa de garantir a integridade de toda a CADEIA
PRODUTIVA.
Padronização e Certificação
A padronização envolve o estabelecimento de procedimentos de produção,
de controle de matéria-prima utilizada na alimentação, manejo pré-abate, manejo
do abate, classificação e tipificação das carcaças, resfriamento, embalagem e
transporte. A padronização da carne e seus produtos refere-se ao estabelecimento
comum e estável de normas para identificação dos animais e seus produtos,
rastreabilidade e certificação, ou seja, além de padronizar os seus processos,
essas padronizações precisam ser certificadas.
A padronização depende, então, de normas oficiais, formação de auditores
internos e externos das normas técnicas para os elos da cadeia produtiva que
assegurem a integridade do sistema de qualidade.
A padronização contribui para aperfeiçoar o fluxo de informações e o
entendimento entre os agentes sócio-econômicos envolvidos na cadeia da carne.
É também através da padronização que é garantida grande parte da inocuidade e
valor nutricional do alimento.
Na produção animal e na transformação de seus produtos a padronização é
dependente dos objetivos que se quer atingir. O governo, por exemplo, por
intermédio do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuário e Abastecimento)
regulamentou o processo PADRÃO de rastreabilidade de bovinos, de
classificação e tipificação e de etiquetagem da carne.
A produção de carne orgânica possui uma padronização de como devem
ser criados (alimentação, medicamentos, densidade) os animais para esse
destino.
As alianças mercadológicas (cadeias verticais) funcionam como uma
ferramenta no processo da padronização, rastreabilidade e certificação. A aliança
mercadológica na cadeia bovina é definida como sendo uma iniciativa conjunta de
produtores, frigoríficos e supermercados visando o fornecimento de um produto de
qualidade para o consumidor. Assim, os segmentos da cadeia ficam sintonizados,
buscando o maior número de informações possíveis das etapas de produção e
repassá-las aos consumidores. As alianças mercadológicas seguem uma
padronização de raça, alimentação, idade de abate entre outros, visando á
obtenção de um produto com um padrão pré-estabelecido (peso da carcaça, grau
de marmoreio, conformação, acabamento).
Também as empresas integradoras de suínos e aves estabelecem padrões
de produção definindo raças, linhagens, manejo, alimentação, controle de
resíduos, peso de abate, classificação e tipificação de carcaças, resfriamento e
embalagem que dependerá do mercado que se quer atender.
Atualmente, o comércio internacional, principalmente o Europeu e o
Japonês requerem dos seus fornecedores a implantação de processos de controle
de qualidade, para certificar que os produtos ofertados estão de acordo com os
padrões exigidos.
Assim, Boas práticas de produção e fabricação, APPCC (Análise de
Perigos e Pontos Críticos de Controle) e ISOS (Organização Internacional de
Padronização) são utilizados para atender a exigência que o produto tenha o
padrão pré-estabelecido.
A padronização, além da qualidade e da segurança do alimento também
pode incluir o sistema de produção, o qual deverá estar de acordo com a
legislação ambiental, ser socialmente justo, economicamente viável e que respeite
o bem-estar dos animais.
Um exemplo de padronização são as ISOS. Em 2005, foi publicada a ISO
22000 de gestão de segurança alimentar que estipula um complexo método de
administração de todas as práticas de segurança alimentar, compreendendo
desde os produtos primários até a distribuição final, passando pela refrigeração e
condições de estocagem.
Os sistemas de gestão de qualidade como EUROPGAP (Eurepean
Retaliers Produce Working Group), APPCC, Boas Práticas de Produção entre
outros, possuem legislação própria para padronização dos processos.
A EUREPGAP originou-se em 1997, na Europa, por iniciativa dos varejistas
e supermercados. É um processo de certificação voluntário, que estabelece uma
estrutura de Boas Práticas de Produção visando melhorar a qualidade dos
produtos da indústria alimentícia. Os aspectos que englobam as normas da
EUREPGAP são: a rastreabilidade para assegurar o acompanhamento de toda a
cadeia produtiva; técnicas de produção visando minimizar o impacto dos
resíduos nos alimentos, nos seres humanos e no meio ambiente; proteção ao
meio ambiente; aspectos higiênicos para evitar a contaminação química, física e
biológica, assegurando a inocuidade dos alimentos; aspectos sociais, enfocando
um ambiente de trabalho adequado às necessidades trabalhistas e sanitárias.
Porém, a padronização dos processos e adoção de sistemas de gestão não
são eficientes se não forem acompanhados de certificação. A certificação é a
garantia de que o produto apresenta a qualidade especificada na rotulagem e é
também, uma forma de evitar ações oportunistas por parte de produtores ou
empresas com a propaganda enganosa.
A certificação de produtos, processos ou serviços e de sistemas de gestão
pessoal é, por definição, realizado por terceira parte (governamental ou privada) e
possui dois objetivos principais:
- instrumento para as empresas gerenciarem e garantirem o nível de
qualidade de seus produtos;
- informar e garantir aos consumidores que os produtos certificados
possuem os atributos procurados.
A certificação de terceira parte envolve três fatores: normas, órgãos
certificadores e organismos credenciadores, portanto devem possuir um agente
regulamentador (que dita as normas ou utiliza normas já existentes), que pode ser
o governo ou uma instituição internacional, e um agente coordenador (órgão
certificador que coordena o processo), que pode ser uma associação privada ou
uma empresa estatal.
Os principais benefícios da certificação para o consumidor são:
- obtenção de informação imparcial sobre o produto e sua respectiva
qualidade, podendo dessa forma, melhorar seu critério de escolha,
garantindo a qualidade dos produtos adquiridos, além da facilidade de
avaliação entre preço e desempenho do produto comprado.
Para o fornecedor:
- a presença de certificados de qualidade pode significar o acesso a
novos nichos de mercado;
- poder diferenciar os produtos através dos certificados, proporcionando a
eles maior valor agregado.
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