SPORTS IN SMITH OU SPORT MEDIA?
Tese: SPORTS IN SMITH OU SPORT MEDIA?. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: iraaa • 22/10/2014 • Tese • 1.159 Palavras (5 Páginas) • 339 Visualizações
ESPORTE NA MÍDIA OU ESPORTE DA MÍDIA?
Mauro Betti1
RESUMO: partindo do pressuposto de que todo o esporte que está na mídia é, na verdade, um esporte da mídia, o
autor descreve uma série de fatores que assim o caracterizam, concluindo com tópicos do que poderia ser o esporte
(em toda a sua inteireza) na mídia.
A rigor, não existe esporte na mídia, apenas esporte da mídia. Se a mídia enfocasse o esporte como
cooperação, auto-conhecimento, sociabilização etc., em vez da habitual ênfase no binômio vitória-derrota,
recompensa extrínseca, violência etc., ainda assim estaria fragmentando e descontextualizando o fenômeno
esportivo, pois a competição e uma certa agressividade são a ele inerentes. Ou mesmo como diria Elias (1990), o
esporte é um lugar socialmente permitido para a expressão da beligerância e agressão, de maneira controlada.
Evidentemente, estamos nos referindo ao esporte formal, institucionalizado em federações e passível de
espetacularização pela televisão, e, portanto, ignorando a polissemia associada à palavra “esporte” (Betti, 1998).
Admitir o esporte na mídia exigiria aceitar o pressuposto de que a mídia fosse capaz de abordar o esporte
em sua inteireza, o que não é possível por dois motivos, ao menos: i) pela própria natureza e limitações de cada
mídia; ii) pelo fato de que cada mídia cumpre funções específicas (Santaella, 1996). Quer dizer, inevitavelmente, o
esporte na mídia é sempre mediado pelos olhares interessados dos diversos meios, dentre os quais destaca-se a
televisão, a mais híbrida de todas as mídias, “que absorve e devora todas as outras mídias e formas de cultura”
(Santaella, 1996, p. 42). Por isso, é a televisão a mídia mais importante para entendermos as relações entre as duas
instâncias. De fato, o esporte não teria alcançado a importância política, econômica e cultural de que desfruta hoje
não fosse sua associação com a televisão, associação esta que criou uma “realidade textual autônoma”: o esporte
telespetáculo (Betti, 1998).
Mas quais são as características do esporte da mídia? Centrando-nos no caso da televisão, algumas delas
são:
1) Ênfase na “falação esportiva”. A falação esportiva (Eco, 1984) informa e atualiza: quem ganhou, quem foi
contratado ou vendido (e por quanto), quem se contundiu, e até sobre aspectos da vida pessoal dos atletas. Conta a
história das partidas, das lutas, das corridas, dos campeonatos; uma história que é sempre construída e reconstruída,
pontuada pelos melhores momentos - os gols, as ultrapassagens, os acidentes etc. cria expectativas: quem será
convocado para a seleção brasileira? A falação faz previsões: qual será o placar, quem deverá vencer. Depois,
explica e justifica: por que tal equipe o atleta ganhou ou perdeu. A falação promete: emoções, vitórias, gols,
medalhas. Cria polêmicas e constrói rivalidades: foi impedimento ou não? A falação critica: "fala mal" dos árbitros,
dos dirigentes, da violência. A falação elege ídolos: o "gênio", o craque fora de série. Por fim, sempre que possível,
a falação dramatiza.
2) Monocultura esportiva. A ênfase quantitativa da “falação” das mídias, assim como da transmissão ao vivo de
1 Laboratório de Estudos Socioculturais e Históricos da Educação Fïsica. Departamento de Educação Física,
Faculdade de Ciências - Unesp, campus de Bauru
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eventos é, no Brasil, evidentemente relacionada ao futebol, tendência que se acentuou nos últimos anos,
provavelmente porque as empresas descobriram naquela modalidade esportiva uma melhor relação custo-benefício
para a publicidade. Uma possível exceção situa-se na TV por assinatura, na qual Betti (1999) encontrou maior
percentagem de programação dedicada aos “esportes radicais”, seguida de futebol e tênis.
3) Sobrevalorização da forma em relação ao conteúdo. É característica marcante da mídia televisiva. O esporte
telespetáculo tende a valorizar a forma em relação ao conteúdo.Isso decorre do fato do discurso televisivo fazer uso
privilegiado da linguagem audiovisual, combinando imagem, som (música, por exemplo) e palavra, com ênfase na
primeira. As possibilidades do audiovisual são levadas cada vez mais adiante, em decorrência dos avanços
tecnológicos associados à informática (mini-câmaras, closes, slow-motion, recursos gráficos etc.). Mas também nas
mídias impressas (jornal, revista), as imagens vêm ganhando espaço em relação à palavra – são fotos, gráficos e
outros recursos produzidos com sofisticação e qualidade cada vez maiores por conta dos avanços da
informática/computação. O poder da linguagem audiovisual é maximizado na TV por assinatura, na qual o esporte
pode apresentar-se como pura imagem (Betti, 1999), o que se justifica no processo de espetacularização, porque a
televisão busca atingir a emoção do espectador, e não a razão. Do outro lado da moeda, o discurso das
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