TEORIA E PRÁTICA NO SERVIÇO SOCIAL: UMA REFLEXÃO SOBRE OS DESAFIOS E PERPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS
Por: Clau1122 • 1/2/2016 • Artigo • 2.722 Palavras (11 Páginas) • 790 Visualizações
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TEORIA E PRÁTICA NO SERVIÇO SOCIAL: UMA REFLEXÃO SOBRE OS DESAFIOS E PERPECTIVAS CONTEMPORÂNEAS
Roberto Wilson[1]
Gracielly P. de Souza[2]
Vânia Duarte[3]
Claudiana Oliveira[4]
Thiago Sarmento[5]
RESUMO
O presente artigo tem como finalidade fazer uma reflexão no âmbito da constituição do Serviço Social, como também na construção da identidade profissional. Buscamos trazer algumas abordagens acerca dos aportes teórico-metodológicos tradicionais que tiveram grande influxo na profissão, principalmente a teoria positivista. Acrescentamos também a perspectiva crítico-dialético ou marxiana como uma grande possibilidade de contribuição para o Serviço Social brasileiro. Propondo também fazer uma reflexão sobre a relação teoria e prática, destacando alguns desafios profissionais enfrentados relacionados a atuação da (o) profissional de Serviço Social na atualidade reconhecendo que a prática se insere no âmbito da correlação de poderes e forças sociais/políticas presentes na sociedade capitalista. Por fim, fortalecemos as competências profissionais, articulas e mediadas, bem como as discussões contemporâneas acerca da relação teoria e prática, na busca do fortalecimento da práxis profissional.
PALAVRAS CHAVE: Serviço Social. Teoria. Prática. Mediação. Serviço Social Brasileiro.
INTRODUÇÃO
Abordaremos nesse texto algumas considerações acerca da identidade profissional da (o) Assistente Social, fazendo uma reflexão sobre os desafios enfrentados, relacionados à natureza teórica e prática do Serviço Social sob a teoria positivista e a crítico-dialético/ marxiana.
O problema do conhecimento se põe para o Serviço Social sob as condições particulares de sua constituição enquanto Serviço Social Clássico, uma prática referenciada nos Estados Unidos que contava com um conjunto de instituições sociais para o exercício de suas funções assistenciais no controle de inúmeros problemas do cotidiano, decorrentes das desigualdades entre classes, desconsiderando o contexto em que se fez necessário a implementação da profissão na divisão social do trabalho.
Assim, o Serviço Social no seu processo de atuação e legitimação institucional e acadêmica elabora aportes teórico-metodológicos de Caso, Grupo e Comunidade, criando um instrumental para orientar as atividades profissionais a partir de um eixo metodológico, com base nas ciências sociais, mais especificamente de influência positivista. A prática profissional adquire a aparência de neutralidade como também serve de manipulação de fatos sociais.
Segundo Yolanda Guerra, as evidências da importância de uma formação teórico-metodológica sólida para enfrentar os complexos desafios da contemporaneidade, no senso comum naturaliza-se o chavão sobre a existência de um fosso entre o conhecimento teórico e a sua capacidade de implementação. Ora, quem nunca ouviu, afirmou ou mesmo duvidou do famoso jargão de que “na prática a teoria é outra?”. A presente comunicação visa refletir sobre esta questão considerada como um dos principais (falsos) dilemas da formação e do exercício profissional.
Para Burtelar (2008), o agir profissional tem embutido em si, explícita ou implicitamente, o desvelamento do movimento entre consciência e ação, ou seja, de unidade entre teoria e prática, “teoria só existe por, e, em relação à prática”. O Assistente Social deve ter competência para atuar dentro do norteamento teórico, ou não estará “fazendo” serviço social. É fundamental discutir, portanto, se é necessário reorganizar o currículo mínimo da formação em Serviço Social ou se é preciso ampliar os debates em relação à questão de tal unicidade entre teoria e prática.
O SERVIÇO SOCIAL E A PRESPECTIVA POSITIVISTA
O conservadorismo católico que caracterizou os anos iniciais do Serviço Social brasileiro começa, especialmente a partir dos anos 40, a ser tecnificado ao entrar em contato com o Serviço Social norte-americano e sua teoria positivista.
Nessa sociedade capitalista, bem delimitada pelo antagonismo entre burguesia e proletariado, o conhecimento se faz necessário para expressar tendências contrapostas na apreensão do ser e das relações sociais instituídas no interior desta sociedade que revelam conhecimentos sob diferentes pontos de vista das classes sociais. O positivismo e a teoria social de Marx serão as duas grandes matrizes do conhecimento do social na sociedade capitalista que possibilitará a apreensão do ser social, expressando concepções de mundo e pontos de partida diferentes.
O positivismo é um modo de pensar típico da sociabilidade capitalista e rejeita o conhecimento metafísico, devendo limitar-se ao conhecimento positivo, aos dados imediatos da experiência. Defende a ideia de que tanto os fenômenos da natureza como os da sociedade são regidos por leis invariáveis. Dessa forma naturaliza as sequelas da “questão social” e a posição que o indivíduo é inserido na sociedade.
O positivismo ocupa na filosofia um papel específico na medida em que aparece com a pretensão de perfeita neutralidade em todas as questões relativas à concepção de mundo, deixando em suspenso todo fato ontológico, e produzindo uma filosofia que remova por completo do âmbito o complexo problemático referente a aquilo que é em si, tomado como pseudoproblema, irrespondível por princípio. Assim, no positivismo a questão da verdade objetiva era deixada de lado como desinteressante, o que seria importantes são somente os resultados da prática imediata, daí se configura a grande influência no Serviço Social, o procedimento pragmático e manipulatório do cotidiano que dirige a relação teoria versus prática nos moldes adequados com a sociabilidade capitalista.
A teoria social positivista não permite que a/o profissional veja para além do que esta aparente na sociedade. Conforme Gilmaisa, “o problema do conhecimento fica reduzido ao âmbito dos objetos singulares porque, para um lado, a tradição cientifica positivista na qual se apoia define que o conhecimento possível é o conhecimento dos objetos singulares e imediatos...”.
O positivismo trata a realidade de forma fragmentada, fora da totalidade e esse influxo ocorre na prática do Assistente Social. Faz-se necessário a observação desses fenômenos como resultado de um sistema predatório e explorador, aproveitando-se da pobreza gerada através de seu modo de exploração da força de trabalho das (os) trabalhadores.
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