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Tema 3: A Globalização, a Crise Econômica Global e o Surgimento dos BRICS

Por:   •  11/4/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  10.213 Palavras (41 Páginas)  •  3.645 Visualizações

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Texto 3

Resumo O objetivo central do trabalho é analisar se e como as economias emergentes ganharam poder no cenário político internacional, através do aumento de seus recursos de poder econômico. Como o foco do trabalho foi direcionado para a evolução do poder econômico das economias emergentes e suas implicações para o sistema de nações, a atenção maior foi dada às movimentações da economia política internacional. A hipótese considerada foi que alguns países emergentes têm aumentado seu poder global e desta forma impactado a organização do sistema e as relações econômicas internacionais. Mostrar-se-á que a estabilidade do sistema não esta sendo ameaçada visto que não há evidência de que haja alguma nação capaz de assumir a liderança e implantar outro sistema. Baseado no exposto considera-se que as economias emergentes estão aumentando sua fonte de poder econômico e começa a influir nas decisões que durante décadas foram limitadas ao G-7 e as evidências disso são a constituição do G-20, a participação no Grupo de Estabilidade Financeira do BIS e o aumento do peso nos votos do FMI e Banco Mundial. Palavras-chave: Economia Política Internacional – Economias Emergentes – Poder – Relações Internacionais – Sistema Internacional 1 Introdução O objetivo central da tese é analisar se e como as economias emergentes ganharam poder no cenário político internacional, através do aumento de seus recursos de poder econômico. Para isso pretende-se analisar o sistema internacional com vistas a esclarecer como se dão as relações de poder entre as nações, principalmente no pós segunda guerra mundial. Em seguida, serão abordadas as condições atuais das economias emergentes e suas perspectivas de aumentarem seus poderes relativos dentro da ordem mundial vigente. Como o foco do trabalho será a evolução do poder econômico das economias emergentes e suas implicações para o sistema de nações, a atenção maior será dada às movimentações da economia política internacional, que não estão restritas aos organismos financeiros internacionais. Buscar-se-á mostrar que o jogo de poder se dá, preponderantemente, entre os Estados-nacionais. Aceitando-se o pressuposto de que no futuro próximo provavelmente será maior o número de países mais influentes no sistema internacional devido a tornarem-se exportadores líquidos de capitais, a hipótese que servirá de guia para este trabalho será que as economias emergentes deverão ganhar poder relativo no cenário político internacional nas próximas décadas. Com mais países exportadores de capitais ou detentores de grande volume de reservas internacionais menor será a influência dos organismos financeiros internacionais e maior a pressão por reforma do sistema. O sistema internacional atualmente é * Doutor em Economia e Analista do Banco Central do Brasil msalvo@terra.com.br SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 466 comandado na prática por um pequeno número de grandes potências, caso estas deixem de influir no destino de percentual significativo do PIB mundial – em decorrência da ascensão de algumas economias emergentes - o jogo da economia política internacional passa a ser determinado num sistema de equilíbrio de poder econômico e na interdependência econômica. Susan Strange levantou que um tema importante a tratar é como e por que o equilíbrio de poder entre a economia de mercado e a autoridade política conferida aos Estados mudou tanto durante a segunda metade do século XX. Normalmente, esta mudança se definiu com o termo impreciso de globalização e constitui um tema de debate continuo, especialmente entre os especialistas em relações internacionais, comércio internacional e economia política internacional. Quais são as relações políticas chaves que podem afetar ao sistema financeiro internacional, para melhor ou para pior? Foi alterado nos últimos tempos? (Strange 1999, 58) A proposta deste artigo é dar tratamento multidisciplinar a pesquisa, com ênfase na teoria da economia política internacional e na teoria das relações internacionais. A análise se baseará fundamentalmente na magnitude das economias domésticas, medidas pelo PIB como proxy para determinar o que chamaremos de Poder Econômico. Para compreendermos esta relação entre economia e política é crucial o pressuposto de que o comportamento dos estados não pode ser entendido completamente sem referência aos fatores econômicos. As nossas teorias têm de levar em conta não apenas os estados enquanto agentes, mas têm também de incluir agentes não estatais como as sociedades transnacionais, bancos e firmas de investimento. Critérios como o nível de desenvolvimento econômico, taxas de crescimento, parceiros comerciais, investimento, política fiscal e monetária deverão também ser considerados. A questão é qual o nível de protagonismo de cada um. Na seção quatro serão tratados os assuntos referentes às principais economias emergentes, aquelas que fazem parte do G-20 com ênfase nos chamados BRIC’s. Quais são seus recursos de poder, como têm se desenvolvido e quais impactos causados pelo aumento relativo destes recursos para a estabilidade do sistema internacional. A questão que moverá a análise é se a acumulação de recursos de poder pelas economias emergentes, tanto em termos relativos como em termos absolutos, altera a distribuição de poder e quais as conseqüências para o sistema internacional de um novo arranjo de forças. SEMINÁRIO BRASILEIRO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS INTERNACIONAIS SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 20 a 22 de junho de 2012 Porto Alegre/RS, Brasil Anais do Seminário Brasileiro de Estudos Estratégicos Internacionais – SEBREEI Integração Regional e Cooperação Sul-Sul no Século XXI 467 2 Fontes de Poder A globalização não é apenas um fenômeno econômico, ela muda as relações de poder, as culturas e o meio ambiente. A globalização altera as relações de poder. No âmbito das relações internacionais, ela muda o poder das nações em desenvolvimento em relação aos países desenvolvidos. No âmbito das relações domésticas, ela modifica as relações de poder entre governo, negócios e sociedade civil. (Relatório de Pesquisa Política do Banco Mundial 2003, 167) Nas duas primeiras ondas da globalização – o período até 1980 -, o poder dos países ricos aumentou em relação aos demais. Tal fato se deu ao mesmo tempo que o alargamento das desigualdades entre os países. Mesmo durante este período, o clube das nações mais ricas abriu-se

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