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LIDERANÇA CRISTÃ SEGUNDO O MODELO DE CRISTO

Por:   •  17/8/2017  •  Artigo  •  1.496 Palavras (6 Páginas)  •  458 Visualizações

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LIDERANÇA CRISTÃ SEGUNDO O MODELO DE CRISTO

Paulo Rufino

Em andanças por igrejas e mais igrejas Brasil afora, e recentemente, fora dele também, tenho visto muitas coisas. Algumas absolutamente tenebrosas. Minha impressão é a de que a maior parte dos problemas que surgem nas igrejas tem sido causada pelos líderes. Sim, há líderes sem liderança e líderes que apresentam uma liderança doentia (são quase sociopatas!). Talvez eu devesse ficar “cheio de dedos” para começar este artigo, sendo menos contundente, mas é a verdade. Conquanto uma enxurrada de gente todo dia se autopromova líder ou seja alçada a tal condição, há uma gravíssima crise de liderança no arraial cristão. E muito provavelmente porque boa parte da liderança cristã não segue o exemplo de Cristo.

Cristo é Aquele em quem todo líder na igreja há de se estereotipar. É o que há de ser arquétipo, modelo, tipo, padrão e exemplo. O ideal, a suprema aspiração da liderança eclesiástica deve ser parecer com Cristo. Jesus Cristo de Nazaré foi e é o maior líder de todos os tempos. Nunca houve alguém com vocação tão suprema, ministério tão eficaz, liderança tão exemplar e legado mais duradouro.

Sei que soa óbvio, mas não existe genuína liderança cristã sem que reflitamos e aprendamos com Ele dentro da condição humana, sem que sigamos suas passadas, o imitemos, digamos “sim ao seu convite” cuja tônica é “Aprendei de mim...” 

Quando leio o capítulo 13 de João, no episódio em que o Mestre lava os pés dos discípulos, vejo uma aula de liderança sem precedentes na história – e uma aula de beleza épica.

Segundo o texto citado, vejo alguns princípios do líder segundo o modelo de Cristo. Senão vejamos:

1.Sabe quem é. É seguro de seu chamado: “Sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus,e voltava para Deus, levantou-se” (Jo 13.3). O verdadeiro líder tem convicção de seu chamado. Sabe de onde vem a sua autoridade e por isso a exerce sem autoritarismo. Tenho visto que quem não tem convicção do chamado não lava pés, mas coloca a tudo e a todos debaixo dos seus pés. Teme perder o lugar. Teme discipular alguém que o sobrepuje. Teme formar discípulos. Teme ceder o púlpito. É ativista e centralizador. Torna-se estéril, ciumento, paranóico e raivoso.

2.Usa o amor como base de sua autoridade: “Sabendo que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13.1). Porque Jesus amou tanto, amou incondicionalmente, foi e é o maior líder que já pisou a Terra. Liderar é aglutinar pessoas, é ser agregador de almas, ser fomentador de um projeto comum, e nada é mais poderoso que o amor. Um rebanho ou grupo que é amado e sabe que é amado, ama e respeita o seu líder, e o segue. Um dos maiores bens que um líder pode fazer aos seus liderados é amá-los e verbalizar esse amor. A liderança amorosa, de alguém interessado, é sempre mais acatada que a liderança que age na base dos mandos e “des-mandos”. Há décadas a liderança secular entendeu que o amor para com os liderados é mais poderoso que o grito, que a imposição, que o “aqui quem manda sou eu”, que o “manda-quem-pode-obedece-quem-tem-juízo”. A grande tragédia é que vejo que esta percepção ainda parece longínqua de algumas igrejas e convenções evangélicas. Um amigo me contou que participou de uma reunião de liderança de uma das mais tradicionais igrejas do Rio de Janeiro, onde no meio de uma discussão acalorada acerca de determinado tema, um dos líderes pôs um revólver em cima da mesa para fazer sobressair a sua posição. Eu mesmo já participei de reuniões de liderança onde “irmãos” tiveram que ser contidos para não “sair no tapa”. Que coisa horrorosa, tão distante de Cristo! Como dizem meus amigos gaúchos e catarinenses, “é de cair os butiá dos bolso”.

3.Usa sua liderança para servir, não para ser servido: “Tirou  a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois deitou água na bacia  e passou a lavar os pés dos discípulos” (Jo 13.4-5). O líder segundo Cristo não é um manipulador “engomadinho”, que não arregaça as mangas e sua a camisa; alguém que está à frente de algo para se locupletar, tirar proveito, amealhar status; alguém que está na liderança em busca de favores, evitando a todo custo os labores; alguém que anda atrás de holofotes. Liderança é serviço abnegado, é auto-entrega. O líder é um servo. Ele não visa seus próprios interesses, mas cuida dos interesses de quem o Pai confiou em suas mãos. Sendo Jesus o maior de todos os líderes, Ele serve e diz que não veio ao mundo para ser servido, mas para servir (Mt 20.28). Na lógica de Jesus, “quem não serve, não serve”.

4.Se desnuda das vaidades e se cobre com as vestes da humildade: “Tirou  a vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela. Depois deitou água na bacia  e passou a lavar os pés dos discípulos” (Jo 13.4-5). Lavar os pés de um convidado era o serviço de um escravo. Foi isso o que Jesus fez, deixando os discípulos embasbacados, atônitos! Aprendemos que o líder precisa ser uma pessoa humilde. Fico incomodado quando alguém exalta um líder por ele ser “humilde”. Ora, ser humilde deveria ser uma característica comum a todo líder cristão, sobretudo os pastores, que têm a obrigação de serem mais amadurecidos! Se alguém é considerado diferente por ser humilde, então há alguma coisa muito errada na coletividade. Lembro-me que lá no início do meu ministério pastoral, com tenros 21 anos de idade, ouvi uma frase de um velho pastor presbiteriano que levo comigo para o resto da vida: “Paulinho, ninguém perde por ser humilde”. E o que é ser humilde? Ser humilde é não inflar com os elogios, se perder com o sucesso, se “embriagar” com a unção, subir no pedestal. Ser humilde é não ter mania de grandeza, querer ser tratado como pop star religioso. Enquanto alguns líderes que conheço lavam a mão com álcool depois que tocam o povo, Jesus com uma bacia lava os pés empoeirados e cheios de estrume dos discípulos. Ser humilde vai além – é ter a disposição de valorizar mais os outros do que a si mesmo, aprender com a experiência dos outros, reconhecer seus erros, saber pedir desculpas, pedir perdão quando errar. Como dizia o saudoso pastor Isaltino Gomes Coelho, “acata-se mais uma pessoa que mostra sua face humana que uma que vive no pedestal. A igreja não pode ser uma feira de vaidades – e há muitos conflitos oriundos de vaidade pessoal. A igreja não pode ser uma passarela onde os líderes expõem sua mania de grandeza. O Senhor da igreja cingiu-se com uma toalha e lavou os pés dos discípulos numa bacia. A humildade é o pórtico da honra. Um líder nunca é tão grande como quando se cobre com as vestes da humildade.”.

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