TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Resenha - Documentario Janela Da Alma

Trabalho Universitário: Resenha - Documentario Janela Da Alma. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  8/10/2014  •  959 Palavras (4 Páginas)  •  558 Visualizações

Página 1 de 4

O documentário “Janela da Alma” nasceu da ideia de um dos seus diretores, João Jardim, que sofre de miopia grave. Ele acredita que o fato de possuir problemas de visão influenciou sua vida e até modificou sua personalidade. O filme então, nos seus setenta e três minutos, desenvolve-se, principalmente, em torno da questão da sensibilidade e do quanto a mudança na sua intensidade, para mais ou para menos, modifica o conhecimento que o sujeito poderá ter do mundo. Essa perspectiva se projeta até na maneira que os diretores utilizaram o foco da câmera durante o documentário, que apresenta cenas vistas fora de foco, ou melhor, fora do foco considerado “normal”.

Os dezenove entrevistados deram à proposta do filme uma abordagem mais profunda. Alguns são atores, outros escritores, políticos, fotógrafos ou mesmo filósofos. Suas abordagens ultrapassaram a simples reflexão sobre a sensibilidade e trataram do entendimento humano, das capacidades e incapacidades do pensamento, dos limites do homem como ser cognoscente. Não há como, sem mesmo precisar de um olhar mais profundo, não relacionar as questões levantadas com a teoria do conhecimento de Kant, notadamente com a sua “revolução copernicana”.

Como o título indica, o filme concentra-se na sensibilidade e mais especificamente no olhar humano. Os olhos são a janela da alma, são por onde a alma vê o mundo e o mundo vê alma. Além da visão, é claro, existem os outros sentidos, que também podem ser, por analogia, janelas. No documentário, inclusive, o vereador de Belo Horizonte, Arnaldo Godoy, que é cego, revela que substituiu sua visão por outras formas de perceber o mundo, através de seus outros sentidos, mais aguçados que o normal.

Voltando à sensibilidade, da visão e dos demais sentidos, é interessante notar o que nos é revelado pelo poeta, compositor, filósofo e escritor, Antônio Cícero, que disse ter ficado maravilhado ao finalmente poder ver que as copas das árvores eram compostas de folhas, de elementos individuais menores que a copa como um todo. Kant, ao tratar das possibilidades do conhecimento humano, afirma que o objeto não é algo “em si”, independente do sujeito, mas algo que está constituído pelas condições a priori do sujeito cognoscente. A árvore em si está fora do alcance do homem, mas sua capacidade de ver interfere na medida da capacidade de conhecer. Sem os dados correspondentes às folhas, ninguém poderá determiná-las, individualizá-las. Tanto que, para os cientistas reconhecerem de fato a estrutura microscópica do mundo, foi necessário o microscópio, que altera a potência da visão, fazendo com que os fenômenos afetem a sensibilidade de maneira mais intensa.

E é disso que se trata a “revolução copernicana” de Kant, do fato de o homem, da sua alma, em referência ao título do documentário, ou do seu espírito, construírem o conhecimento sobre o mundo através de suas estruturas a priori, que não são relacionadas à experiência sensível. Da mesma maneira que o sol não gira em torno da terra, mas sim a terra em torno dele, o conhecimento humano não é simplesmente produto direto dos objetos exteriores, mas é, de certa maneira, construído pelo homem com base nos dados sensíveis por ele recepcionados. O essencial na “revolução” é essa mudança de perspectiva.

Outra fala que chama atenção, do ponto de vista literário e do da teoria do conhecimento de Kant, é a do escritor português, ganhador do prêmio Nobel de Literatura, José Saramago. O grande escritor indaga que, se Romeu, da peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare, tivesse os olhos de um falcão, provavelmente não se apaixonaria por Julieta.

...

Baixar como (para membros premium)  txt (6.1 Kb)  
Continuar por mais 3 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com