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Resenha Do Capítulo IV "O Escravo Negro Na Vida Sexual E De Família Do Brasileiro" Do Livro "Casa-Grande E Senzala" De Gilberto Freyre

Dissertações: Resenha Do Capítulo IV "O Escravo Negro Na Vida Sexual E De Família Do Brasileiro" Do Livro "Casa-Grande E Senzala" De Gilberto Freyre. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  13/4/2013  •  2.796 Palavras (12 Páginas)  •  2.241 Visualizações

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Para Gilberto Freyre, os três principais pilares da colonização portuguesa são a miscigenação, o latifúndio e a escravidão. O livro sociologicamente relata sobre a identidade nacional brasileira, descrevendo a vida colonial como constituinte fundamental para a formação de nação mestiça – português, índio e negro. Há predominância de antagonismos durante todo o relato, como o católico e o herege; a cultura européia e a africana; a africana e a indígena; o jesuíta e o fazendeiro e o principal deles: o senhor e o escravo.

Todo mundo carrega, no corpo ou na alma, alguma marca da influência negra, na música, no andar, nas lembranças com a ama-de-leite, no primeiro amor físico e sensações. Gilberto inicia o capítulo enfatizando a importância da ama-de-leite e o ato de amamentar a criança branca e seus efeitos psicológicos. Esse vínculo causava aproximação e predileção; um exclusivismo mais tarde evidenciado na relação homem – mulher dentro do casamento, como o exemplo do rapaz que conseguia se excitar apenas com o cheiro do “trapo” da sua mucama, antes sua ama-de-leite na infância.

Geograficamente, o litoral agrário foi a região de maior influência africana. E o negro trazendo uma cultura superior à cultura do índio, aquele sendo indivíduo legítimo da escravidão, foi capaz de desenvolver o trabalho agrícola obrigado pelo regime de escravidão. Ao se falar de sociedades primitivas (ex. sudaneses) concordaram melhor para a formação econômica e social do Brasil. Têm predisposição biológica e psíquica para a vida nos trópicos. Os negros têm gosto pelo sol; já os índios reverenciam os dias de chuva (Tupã). Segundo relato de Bates, o negro é adaptável, extrovertido, alegre, vivo. Lembra-se a expressão: “Todo dia é de festa em Salvador”. O índio, introvertido, reservado e desconfiado. Estes foram incapazes para o trabalho agrícola regular, pois eram nômades. Os índios são cerimoniais; os negros, corteses. No Brasil central, os negros fugitivos e índios formaram quilombos (cafuzos) e lá desenvolveram grandes plantações, criação de galinhas, algodão.

A cultura e peso do homem negro e a sua dieta alimentar mais equilibrada dominaram a cozinha brasileira; tornaram-se os verdadeiros donos da terra.

Conforme pesquisa de Leonard Willians, o caráter racial tinha influência pelas glândulas endócrinas. Descrevia a diferença entre asiáticos e europeus; entre latinos e anglo-saxões. As glândulas piruritárias e supra-renais no processo de pigmentação da pele foram estudadas com grande discussão na Biologia e grandes problemas emergiram para as áreas da antropologia e sociologia modernas. Outra série de pesquisadores e cientistas trabalhou no contraste de negros de certas regiões da África com os da Amazônia; na teoria da transmissão dos caracteres adquiridos; Pavlov e Mc Dougall desenvolveram pesquisas com ratos (reflexos condicionados ou não-condicionados); enfim, wesmannianos contra neolamarkianos se enfrentaram na fisiologia e na biologia para “decifrarem” características dos negros. Frank Boas cita outra experiência: tamanho do crânio e também, a quantidade dos pêlos, indagavam que os negros eram descendentes diretos do chimpanzé; mas, os louros australianos...?? E assim, vai se refletindo o preconceito.

Antropólogos revelaram que os negros têm grande memória, intuição, percepção imediatas das coisas... Têm iniciativa, talento para organização, poder de imaginação, aptidão técnico e econômico. É necessário lembrar que estas características são sempre focadas no negro escravo, que sempre foi negligenciado, discriminado e sofreu preconceitos ferozes até hoje ainda presentes na história.

Os africanos vindos para o Brasil eram procedentes da cultura maometana (islamismo), cultura superior à dos índios e à maioria dos colonos brancos (semi ou analfabetos). Estes africanos sabiam ler e escrever, caracteres semelhantes ao árabe. Nas senzalas da Bahia (1835) havia mais gente lendo e escrevendo do que na casa-grande.

A formação brasileira se constituiu da melhor cultura negra da África. Segundo Nina Rodrigues, os sudaneses predominaram na Bahia. Os Cacheo e Bissau ficaram em Pernambuco. As pesquisas sobre imigração são raras, pois Rui Barbosa (ministro no governo provisório) mandou queimar os arquivos da escravidão. A genealogia poderia ter se esclarecido bem melhor. Há também o grupo Banto que imigraram para o Rio de Janeiro e Pernambuco. Basicamente, quatro nações (regimentos) povoaram no Brasil: Creolos (sem medo, malévolos); Minas (bravos, “nagô”); Ardas (fogosos e violentos); Angolas (robustos, nenhum trabalho os cansava – ditos “bantos”). As mulheres negras vindas da Serra Leoa e Guiné eram as mais bonitas e despertaram as paixões nos senhores de engenho. Elas eram excelentes para o serviço doméstico. Mas os escravos de Cabo Verde eram os mais robustos e os mais caros. Cabe ressaltar a dominância da importação negreira pela Holanda.

Os “Fulas” eram negros com mistura de sangue hamítico e árabe. Vieram para as capitanias e províncias, depois, Minas e São Paulo.

Para os Estados Unidos, o critério principal de importação era o agrícola; para o Brasil, a falta de mulheres e a necessidade de técnicos para o trabalho com metal. Os Minas e Fulas foram propícios para a domesticação, “mancebas” caseiras dos brancos. Vieram da África donas-de-casa, técnicos para minas, negros entendidos na criação de gado, indústria pastoril, sacerdotes, mestres, comerciantes de pano e sabão, tiradores de reza maometana.

O Islamismo ramificou-se em seita poderosa nas senzalas. Mestres e pregadores da África ensinavam árabe e liam o Alcorão causando ardor religioso entre os escravos. Ex: “Festa dos Mortos”, em Alagoas – referência muçulmana (jejuns, rezas, abstinências).

A Bahia ficou com uma forte relação comercial com algumas cidades africanas (Ardra), fundou-se na África uma cidade com o nome de Porto Seguro (chefes comerciais receberam distinções honoríficas do governo de Daomé).

Os vestuários das mucamas tiveram influência maometana e o negro vivendo num sistema de monocultura foi “instrumento” de apoio firme da vida colonial, ao contrário do índio, sempre movediço.

Sexualidade dos negros: precisam de estímulos picantes como as danças afrodisíacas, cultos... A negra escrava inicia a vida sexual dos meninos da casa-grande. Vê-se aí, a essência do regime: “Não há escravidão sem depravação”. Interesse econômico: possuir maior número de crias. Já dizia Joaquim Nabuco: “a parte mais produtiva da propriedade escrava é o ventre gerador.” Com isso, a sífilis. Inúmeras mulheres “imundas” com

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