Fichamento A Bolsa E A Vida
Artigo: Fichamento A Bolsa E A Vida. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: MarisaPeraza • 8/9/2014 • 1.540 Palavras (7 Páginas) • 754 Visualizações
LE GOFF, Jacques – A Bolsa e a Vida – A Usura na Idade Média – São Paulo: Brasilense, 1989.
O ladrão de tempo - pp.33-45
“(...) a bolsa pode pregar uma peça em seu cadáver” – pág.34.
“A história ligou estreitamente a imagem do usurário à do judeu” – pág. 35.
“A obsessão pela impureza do judeu se espalha – pág.36.
“ “São os nossos judeus” (...que estão sob nossa proteção)” – pág. 37.
“A usura é um roubo, portanto o usurário um ladrão.” – pág. 39.
“Os usurários pecam contra a natureza querendo fazer dinheiro gerar dinheiro” – pág. 40.
“(...), não é justo que tenham a luz e o repouso eternos”. – pág. 41.
“O usurário age contra o plano do Criador” – pág. 42.
“É difícil ao usurário corrigir seu pecado, pois Deus só faz as pazes com ele se o que foi roubado for restituído” – pág. 43.
O usurário e a morte – pp. 47-65
“É surpreendente que a Igreja apoie os príncipes que impunimente transferem para seu uso o dinheiro dos judeus”. - pág. 49.
“A usura é uma lepra contagiosa” – pág. 50.
“Eis os inimigos de Deus e os traidores que tomaram meu dinheiro prometendo-me salvação(...)”. pág. 52.
“(...) Pois a quantidade de dinheiro que recebem da usura, corresponde a quantidade de lenha enviada ao Inferno para queimá-los. pág. 56.
“O usurário, antes de ser a presa eterna do Diabo, é seu amigo terrestre, seu protegido aqui de baixo”. pág. 57.
“Muitos usurários, com a aproximação da morte, perdem o uso da palavra e não podem se confessar”. pág. 58.
A bolsa e a vida: O Purgatório- pp. 65-82
“a Igreja e os poderes laicos diziam: “Escolha: a bolsa ou a vida.”” pág. 65.
“O Diabo, flagelo de Deus, general de um exercito de demônios bem organizados, chefe em suas terras, o Inferno....” pág. 67.
“O Purgatório nasce no final dessa grande transformação imaginada pela Igreja como uma modificação de toda a sociedade: a Reforma Gregoriana.” pág. 68
“A salvação do usurário deveu-se apenas ao Purgatório.” pág. 70.
“A duração dessa penosa estada no Purgatório não depende somente da quantidade de pecados que levam consigo na hora da morte, mas da afeição de seus próximos”. pág. 76.
“(...) do julgamento individual que ocorre logo após a morte, que Deus pronuncia a grande decisão: Paraíso, Inferno ou Purgatório”. pág. 77.
“O usurário, se quiser evitar a danação, deve devolver (...) o dinheiro mal adquirido e apagar sua culpa através da confissão.” pág. 79
O ladrão de tempo
O usurário na Idade Média foi identificado com diversas figuras. Temos a figura do rico louco, obeso, sempre segurando com afinco sua bolsa; do usurário representado em situações de desconforto sexual ou até de animalização; do judeu, dando origem ao anti-semitismo avant le lettre, como diz Le Goff, e por fim do ladrão, ou pior ainda, do ladrão de Deus.
A associação dos judeus como usurários se deu graças às diversas proibições de ordem econômica aplicadas aos judeus. Proibidos de realizar atividades produtivas como a agricultura, os judeus tiveram que se voltar às profissões “liberais” disponíveis na época. Nesse quadro destacam-se a medicina, ignorada pelos cristãos, que preferiam deixá-la aos cuidados de ricos médicos judeus, e a tarefa de fazer o dinheiro fecundar, ou seja, de ganhar dinheiro em cima do dinheiro, da usura.
Pelos mandamentos da Torá, os judeus não deveriam cobrar juros dos seus irmãos, ou seja, dos membros da sua comunidade. Assim, eles não se sentiam constrangidos em cobrar altas taxas de juros dos cristãos a quem emprestavam dinheiro. Essa diferenciação “Usura e juro não são sinônimos”, os clientes judeus e não-judeus ajudou a alimentar um ódio na cristandade europeia contra os judeus e a usura. Porém com o crescimento comercial iniciado no século XII multiplicaram-se os números de usurários cristãos. A figura do usurário agora não pode ser somente comparada à figura do judeu, pois este, apesar de cometer à usura, não a faz com os próprios judeus, seus irmãos. .O usurário não é apenas um ladrão por se apropriar de forma indevida do dinheiro dos outros, mas sim por que o motivo da sua cobrança, que é o tempo decorrido entre o empréstimo do dinheiro e a devolução deste, não é de sua propriedade, mas sim de Deus.
Situação parecida com a do usurário foi a dos professores. Em um primeiro instante, os professores foram condenados por cobrarem a passagem de conhecimento, já que este tal qual o tempo, é algo de propriedade divina. Mas o esforço de ensinar foi posteriormente reconhecido como um trabalho, e assim tem o direito de ser devidamente remunerado. Ao usurário não foram feitas nenhuma mudança: é um ladrão, e o pior de todos, pois rouba a Deus.
O usurário e a morte
Durante a Idade Média, diversas profissões foram condenadas. Le Goff observa que muitas dessas condenações se davam a tabus antigos das sociedades primitivas enraizados na cultura. Outras proibições se davam pela comparação entre a atividade profissional e algum dos sete pecados capitais, como a avareza, que se relacionava com os mercadores, ou o orgulho, que se relacionava com os cavaleiros. Mas durante o século XIII a escolástica tratou de adaptar as concepções religiosas para que muitas dessas profissões pudessem ser exercidas sem constrangimento.
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