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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO DE PESSOAS SURDAS

Por:   •  9/11/2018  •  Artigo  •  5.374 Palavras (22 Páginas)  •  261 Visualizações

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A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ENSINO DE PESSOAS SURDAS

Adriana Alves Novais Souza[1]

GT6- Educação, Inclusão, Gênero e Diversidade

Resumo

O trabalho em questão trata do aprendizado da Língua Portuguesa como segunda língua por alunos surdos, refletindo sobre a inclusão destes nas salas de aula normais do ensino regular, sobre a formação inicial e continuada do professor de Letras – Vernáculas e não apenas de LIBRAS – e acerca da urgência de metodologias que tratem das especificidades linguísticas e culturais desse alunado. A pesquisa, de abordagem qualitativa, apresenta uma revisão de literatura a partir de pesquisas que tratam da problemática e documental, baseada no currículo dos cursos de Letras de uma Universidade Federal. O trabalho evidencia a necessidade de revisão do currículo dos cursos de graduação em Letras, a fim de inserir disciplinas que proporcionem ao futuro professor uma base que o prepare para os desafios no processo de ensino e aprendizagem dos alunos surdos.

Palavras-chaves: Surdez; Bilinguismo; Língua Portuguesa; Formação docente.

Abstract

The work in question deals with the learning of the Portuguese language as a second language by deaf students, reflecting on the inclusion of these in the normal classrooms of regular education, on the initial and continued formation of the teacher of Letters - Vernacular and not only of LIBRAS - and about the urgency of methodologies that deal with the linguistic and cultural specificities of this student. The research, with a qualitative approach, presents a review of the literature based on researches dealing with problematic and documentary, based on the curriculum of the courses of Letters of a Federal University. The work highlights the need to review the curriculum of undergraduate courses in Letters, in order to introduce disciplines that will provide the future teacher with a basis to prepare him for the challenges in the teaching and learning process of deaf students.

Keywords: Deafness; Bilingualism; Portuguese language; Teacher training.

  1. INTRODUÇÃO

A partir do Decreto 5626, de dezembro de 2005 (BRASIL, 2005), foi reconhecido o direito das pessoas surdas a uma educação bilíngue, fomentando a matrícula de alunos com surdez nas escolas regulares, muitos deles (principalmente aqueles filhos de pais ouvintes) com um conhecimento rudimentar em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) e, consequentemente, em Língua Portuguesa. Nesta perspectiva, será então na escola que este aluno terá contato com ambas as línguas, sendo que a LIBRAS será adotada, conforme a legislação, como sua 1ª língua, com a qual estabelecerá comunicação, enquanto a aquisição da Língua Portuguesa se dará como uma 2ª língua, na modalidade escrita, língua essa exigida e necessária para a continuidade de sua escolarização.

Esta é a realidade para muitos alunos surdos desde a implementação da Lei, embora os caminhos para que esta inclusão seja um fato ainda não são os ideais, visto que se fazem necessários diversos mecanismos que oportunizem a alunos e professores, principais atores no processo, a efetivação dessa aprendizagem, dentre os quais pode-se citar a formação do professor da sala regular em LIBRAS, a presença do intérprete em LIBRAS, o Atendimento Educacional Especializado - AEE para o ensino de bilinguismo (LIBRAS e Língua Portuguesa como Segunda Língua), dentre outros. Nesse sentido, é que Damázio (2007), citando Dorziat (1998), considera primordial o aperfeiçoamento da escola comum em favor de todos os alunos, oportunizando, se possível, o conhecimento da LIBRAS aos seus integrantes, a fim de garantir um espaço em que o aluno surdo sinta-se integrado, de fato.

Antes de mais nada, é importante esclarecer que, para que o surdo desenvolva o bilinguismo, ele precisa assumir a sua identidade surda (SALLES et al., 2005b), reconhecendo-se como um sujeito cultural, dentro de uma comunidade específica que utiliza como língua a LIBRAS. Isso porque existem surdos que não se identificam com a cultura surda e optam por se comunicar apenas por gestos ou pela Língua Portuguesa na modalidade escrita e oral (a partir de tratamentos fonológicos que lhe permitam a oralização). Salles et al. (2005b) destacam que o aprendizado da LIBRAS facilita o aprendizado da Língua Portuguesa como segunda língua, por isso sua relevância para o multiculturalismo da pessoa surda, que poderá ter contato com dois mundos, do surdo e do ouvinte.

Conforme Antunes e Gouveia (2011), as maiores dificuldades pedagógicas apontadas por professores na educação de surdos dizem respeito à comunicação, especificamente à construção de uma ou mais línguas – a LIBRAS como primeira língua (L1) e a Língua Portuguesa escrita como segunda língua (L2). E isso perpassa, fundamentalmente, a formação do professor, o qual precisa estar apto para a função. A realidade é que o professor da sala de ensino regular da educação básica não possui formação para o desafio e os professores atuantes nas Salas de Recurso Multifuncionais, que realizam o AEE são, em sua maioria, pedagogos e não possuem formação para o ensino de Português como L2.

Se não há um preparo para o tratamento da Língua Portuguesa como L2 no ensino de alunos surdos, estes ficarão restritos à explicação dos conteúdos pelo professor da sala regular e, caso haja intérprete em sala, à consequente tradução adaptada para a Língua de sinais e à realização de tarefas com sua ajuda. Ainda, a produção escrita desse aluno será negligenciada, em função de que o professor não fará a correção respeitando as especificidades da escrita da pessoa surda, desconsiderando sua produção em função de uma compreensão formal predeterminada socialmente.

O Decreto 5626/05 que regulamentou a lei de LIBRAS prevê a organização de turmas bilíngues, constituídas por alunos surdos e ouvintes onde as duas línguas são utilizadas no mesmo espaço educacional, mas a introdução de cursos específicos de formação inicial e continuada de professores e para a formação de intérpretes para a tradução e interpretação da LIBRAS e da Língua Portuguesa ainda não são suficientes para atender às demandas, como é o caso da Universidade Federal de Sergipe, que somente em 2013 instituiu o curso de graduação em Letras-LIBRAS, o primeiro no estado de Sergipe.

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