A Biologia Vegetal

1. A botânica no nosso cotidiano;

O estudo da Botânica remonta da antiguidade, por meio do grego Theophrastus (371/287 a.C), discípulo de Aristóteles. Foi dela a primeira classificação das plantas em: com flores e sem flores. Depois dele, ainda surgiram outros como Plínio e Discórides, que também criaram novas classificações. Apesar do peso científico que o tema possui, convivemos com a Botânica de forma massiva em nosso cotidiano. Na obra em comento – “Mas de que te serve saber botânica?”, de Antônio Salatino e Marcos Buckeridge – podemos constatar que, apesar de muito presente em nossas vidas, não conseguimos perceber devido a “cegueira botânica”. Esse termo foi criado por Wandersee e Schussler após inúmeras análises e observações sobre o comportamento das pessoas acerca da percepção sobre animais e plantas, onde ficou claro que as plantas, por não terem algumas características de muitos animais, como a capacidade de movimento, por exemplo, passam despercebidas como se não existissem e como se não fossem essenciais para o meio ambiente. Mesmo sendo axiomático que os animas possuem um protagonismo muito maior no meio ambiente, quando comparados às plantas, é possível constatar também, sem muito esforço, que muitos destes animais dependem de forma vital de espécies vegetais, não apenas no sentido metabólico e fotossintético, mas também em sua cadeia alimentar. Como exemplo, podemos citar o elefante, maior mamífero do mundo que é herbívoro, ou seja, alimenta-se apenas de plantas. Além deste, ainda há inúmeros animais que dependem dos vegetais para sobreviver. Outra evidente importância da utilidade das plantas é sua aplicação medicinal, de onde são extraídos princípios ativos de muitos remédios capazes de combater as mais variadas e graves doenças. No Brasil essa realidade é bem mais evidente em razão da variedade de espécies e da existência de muitos biomas, que ajudam a promover o equilíbrio ambiental nas varias regiões do país. O Bioma possui sua característica tanto visual quanto funcional, pois cada um desses acolhe espécies animas e vegetais que atuam de forma significativa no equilíbrio do ecossistema. O Brasil é bastante vasto quanto às espécies vegetais, mas podemos destacar a Mata Atlântica, a Selva Amazônica e a Caatinga como as principais espécies nativas do país. Lamentavelmente, a maioria dos alunos não conseguem sequer elencar características de pelo menos esses três tipos de vegetação, pois sobre estes, são instruídos de forma superficial e teórica, nos sendo possível absorverem de forma duradoura esses ensinamentos.

1. Os entraves no ensino de botânica;

Além das dificuldades elencadas acerca da “cegueira botânica”, destacamos também o ensino como fator contribuinte para a baixa popularidade do tema. Nesse fator, temos vários pontos de fragilidade que passam não apenas pela falta de estrutura material, mas também pelo inadequado preparo de professores para ministrarem a Botânica enquanto disciplina nos currículos escolares. A Base Curricular também tem sua contribuição nesse insucesso, pois incentiva que os conteúdos sejam ministrados apenas da forma tradicional, sem que haja atratividade ao público-alvo, que são os alunos do ensino fundamental, mas que leva os reflexos também ao ensino superior, onde são formados os professores, perfazendo assim um circulo vicioso. Além do aspecto comportamental, o estudo desses cientistas constatou que existe ainda um fator neurifisiológico, que tem a ver com a diferença nas capacidades de processamento entre o cérebro e a visão, onde este último sentido só processa 0,00016% do primeiro. Essa condição, associada à pouca ênfase que as pessoas dão às plantas, faz com os animas sejam infinitamente mais percebidos que os vegetais. Um ponto importante mencionado na obra em exame é a capacidade de movimento que os animas têm quando comparados com as plantas, que são estáticas. Os animas possuem também cores, tamanhos, pele, penas e outros fatores biológicos que os tornam mais atraentes, visualmente falando. Além de todos esses pontos de ordem ecológica e ambiental, temos um do ponto de vista econômico, pois o Brasil, por ser um país desenvolvimento, tem sua matriz econômica sustentada pelo agronegócio que nada mais é do que a extração de alimentos por meio dos vegetais e animais, sendo este último alimentado pelo primeiro. Todos esses fatores são a prova inequívoca da importância das plantas para as pessoas, apesar dessas pessoas não conseguirem, de forma espontânea, enxergar a importância dessas espécies no seu cotidiano. Todos esses aspectos, aqui elencados, são fruto de uma cultura construída ao longo de muitos e muitos anos, passando por diversas gerações e que, por esse motivo, está muito arraigada nos hábitos das pessoas, sendo esses comportamentos levados para as escolas. Assim como foi a construção, a desconstrução também é bem lenta e precisa de uma conjugação de esforços de todos aqueles que estão envolvidos na construção da educação.