A Eiméria stiedae é um protozoário parasita que afeta coelhos
Por: Mariana Goulart. • 27/4/2015 • Trabalho acadêmico • 4.124 Palavras (17 Páginas) • 909 Visualizações
UNIVERSIDADE DA REGIÃO DE JOINVILLE- UNIVILLE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Eimeria stiedae
BRUNA TAYS HARTELT
EMANOELLE GARCIA RAMOS TUSSOLINI
MICHELE CRISTINA DOS SANTOS
PROFESSORA DENISE MONIQUE DUBET DA SILVA MOUGA
Zoologia de Invertebrados I
JOINVILLE – SC
2014
SUMÁRIO
RESUMO 3
INTRODUÇÃO 4
OBJETIVOS 5
DESENVOLVIMENTO
Eimeria Stiedae 6
Patologia 8
Diagnóstico 8
Epidemiologia 8
Medidas Preventivas 8
Coccidiose hepática 9
CONCLUSÃO 10
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11
ANEXOS
Pesquisas Realizadas com Cobaias 12
Morfologia de um Oocisto 13
FIGURAS 14
RESUMO
A Eimeria stiedae é um protozoário parasita que afeta coelhos. A incidência do parasita ocorre principalmente na Europa, África e América do Sul - há muitos registros de coccidiose nas regiões Sul e Sudeste no Brasil. Há diferentes sintomatologias causadas pela Eimeria stiedae. As mais comuns em coelhos infectados são o peso abaixo do ideal, falta de apetite, diarreia e muitas vezes, mortalidade. A Eimeria stiedae afeta o fígado, as vias biliares e são encontradas lesões em diferentes regiões do corpo.
É parasita tanto em coelhos domésticos como em coelhos de cunicultura. Segundo Georgi (1988, p. 75-76), a Eimeria é a mais simples forma de ciclo biológico dos coccídeos. Seu ciclo biológico inclui multiplicação assexuada e sexuada. Esse gênero caracteriza-se facilmente,porque no interior dos oocistos formam-se quatro esporocistos, cada um deles com dois esporozoítas. Como os oocistos são liberados nas fezes do coelho infectado, esse é o meio mais seguro utilizado para diagnosticar a doença em um hospedeiro. O melhor método para controlar a Eimeria é a aplicação de medidas sanitárias.
INTRODUÇÃO
A Eimeria stiedae, um protozoário parasita em coelhos, tornou-se foco de estudo devido aos desastres econômicos que causa na cunicultura. Nas últimas décadas, foram elaboradas várias pesquisas para obter conceitos mais detalhados a respeito desse protozoário, que não parasita apenas coelhos, mas caprinos, bovinos e frangos.
A finalidade das pesquisas científicas sob a Eimeria é a cura. Há décadas os pesquisadores elaboram os mais variados exemplos de soros atrás de resultados positivos. Porém, os próprios soros também alteram o metabolismo dos animais, deixando-os doentes e, na maioria das vezes levando à morte.
A Eimeria stiedae é uma doença pouco conhecida, as ações que realiza no organismo ainda são um mistério para a ciência. Por isso, há material didático e informativo a respeito dessa espécie. Com este trabalho, pretendemos apresentar informações detalhadas sobre a Eimeria stiedae, como a classificação científica, nome vulgar, distribuição geográfica da doença, sintomatologia, patologia, ciclo da Eimeria stiedae, diagnóstico, medicação e epidemiologia.
OBJETIVOS
O objetivo deste trabalhoé apresentar as características sobre a Eimeria stiedae, como a classificação científica deste protozoário parasita, seu ciclo biológico, as espécies que este afeta, as sintomatologias e patologias que a Eimeria stiedae causa no hospedeiro.
Eimeria Stiedae
A Eimeria stiedae é uma espécie de Eimeria que causa a Coccidiose Hepática em coelhos. Foi observada pela primeira vez por Antoni van Leeuwenhoek em 1674. A Eimeria stiedae é conhecida também pelo nome de Eimeriose.
É uma grave doença que afetacoelhos domésticos e de cunicultura, causando grandes prejuízos econômicos. A incidência desse parasita ocorre no continente Europeu,no continente Africano (inclusive com registro de um surto de eimeriose na Nigéria) e na América do Sul, onde prevalecem muitos registros de coccidiose nas regiões Sul e Sudeste no Brasil.
Em estudos realizados no Brasil, foi considerado a eimeriose como a doença de maior frequência na causa da morte de coelhos. Estudos epidemiológicos demonstraram que a enfermidade foi responsável por 48% da mortalidade em coelhos no município de Pelotas, Rio Grande do Sul; também houve pesquisas realizadas em Minas Gerais e São Paulo.
Nas referências utilizadas, muitos autores classificaram diferentes sintomatologias causadas pela Eimeria stiedae em coelhos: Segundo Freitas (2010), os coelhos infectados apresentam o peso abaixo do ideal, alta morbidade e mortalidade, porém, detalhessobre o período pós-infecção e o impacto dainfecção sobre a saúde do animal hospedeiro atualmente permanecem desconhecidos; Gonzáles-Redondo (2008) menciona que os coelhos adultos geralmente são portadores assintomáticos da coccidiose. Os autores Cardoso e Guimarães Jr. (1993) relatam que nos animais afetados há perdas de peso, prejuízo na conversão alimentar, depressão e diarreia, podendo apresentar alta mortalidade e emagrecimento irreversível. A Eimeria stiedae ocasiona moléstia crônica nos hospedeiros.Como em qualquer parasita, a Eimeria stiedae possui localização precisa no organismo do hospedeiro: afeta o fígado, as vias biliares e são encontradas lesões em diferentes regiões do corpo.
De acordo com Georgi (1988), o gênero Eimeria é a mais simples forma de ciclo biológico dos coccídeos. Seu ciclo biológico inclui multiplicação assexuada e sexuada. A sexuada culmina com a formação de cistos, que são excretados com as fezes, e no desenvolvimento, dentro de cada um desses oocistos, formam-se quatro esporocistos, cada um deles com dois esporozoítas.
Quando um oocisto esporulado e infectante é ingerido por um hospedeiro adequado, os esporozoítas emergem; e cada um deles penetra em uma célula epitelial e arredonda-se como trofozoíta. Desenvolve-se e torna um esquizonte. Este produz merozoítas que destroem a célula e invadem as novas para tornar-se, novamente, esquizontes.
O limite de gerações esquizogônicas são duas ou três, dependentes da espécie. Na esquizogonia final, um merozóita penetra em uma nova célula e desenvolve-se em umgametócitofêmea (que aumenta, armazena materiais alimentares e causa uma hipertrofia do citoplasma e núcleo – quando maduro, é denominado macrogameta) ou macho (que passa por repetidas divisões nucleares, e torna-se um multinucleado – cada núcleo é incorporado em um microgameta biflagelado). Após o desenvolvimento dentro dos gametócitos, uma pequena fração de microgametas fertiliza os macrogametas, para a formação dos zigotos. Depois, o zigoto desenvolve-se para um oocisto, que é liberado pela ruptura da célulahospedeira e expelido com as fezes para sofrer esporulação. Depois, o esporonteno oocisto divide-se em quatro esporoblastos – cada um desenvolve um esporocisto, que contém dois esporozóitos haplóides.
O ciclo de eventos no ciclo biológico da Eimeria é o meio utilizado para diagnosticar a doença em um hospedeiro, através de análises realizadas com fezes, já que os oocistos são liberados nas fezes dos coelhos infectados.
O avanço tecnológico e as descobertas científicas proporcionaram a criação de antibióticos ionóforos em medicina veterinária, usados como coccidiostáticos e aditivo em alimentos para animais, com o propósito de estimular o desenvolvimento e o ganho de peso. Os ionóforos mais utilizados na alimentação de animais são a monensina, lasalocida, nasarina e salinomicina. Porém, o uso de antibióticos acarretou grandes incidências de intoxicação nos coelhos, que apresentavam sintomas de anorexia, apatia, incapacidade de erguer a cabeça, falta de coordenação, flacidez muscular – levando-os aoóbito.
Sendo assim, o melhor método para controlar a eimeriose é a aplicação de medidas sanitárias, como higiene dos locais de cunicultura.
1. PATOLOGIA
A Eimeria produz alterações da mucosa intestinal, cuja gravidade está relacionada à densidade parasitária e à localização dos parasitos na mucosa (profundidade).
Os principais sinais clínicos provocados pela Eimeria são:
- Fezes aquosas com presença de sangue, muco e fragmentos de epitélio;
- Diminuição na absorção de nutrientes (lesão intestinal);
- Diminuição no apetite;
- Retardo no crescimento e anemia crônica;
- Desidratação;
- Perda de peso.
2. DIAGNÓSTICO
Clínico: Avaliação dos sinais e sintomas apresentados pelos animais suspeitos.
Laboratorial: Encontro de oocistos nas fezes (Sedimentação Espontânea ou Centrifugo-Flutuação).
3. EPIDEMIOLOGIA
- Temperaturas e umidades elevadas;
- Resistência dos oocistos à dissecação;
- Explorações intensivas (confinamento);
- Aumento de densidade populacional;
- Higienização deficiente das instalações;
- Aglomeração de animais com faixas etárias diferentes;
- Deficiência na forma de manejo dos animais.
4. MEDIDAS PREVENTIVAS
- Diminuição da densidade populacional das criações;
- Rotação de pastagens (a Eimeria tem especificidade pelohospedeiro);
- Melhoria das condições sanitárias das criações;
- Separação dos animais por faixas etárias (adultos portadores);
- Tratamentos dos animais parasitados.
Coccidiose hepática
Entre todas as enfermidades queacometem coelhos, destaca-se a coccidiose, em razão dasgraves alterações orgânicas que pode ocasionar em animais infectados. A Eimeria stiedae caracteriza-se por parasitar especificamente o fígado, ocasionando a coccidiose hepática, sendo esta considerada por diversos pesquisadores a doença de maior frequência na causa demortes em coelhos.
Os animais jovens são os mais susceptíveis à infecção. Em geral, apresentam quadroclínico de anorexia e queda de peso, causado principalmente pela reduçãoda ingestão de alimento que ocorre nas primeiras quatro semanas, chegando até a morte.
Os coelhos iniciam um quadro de coccidiose, principalmente, ao ingerir alimentos e água contaminados com fezes de animais infectados. A prevalência da doença é maiornos coelhos alimentados com forragem verde contaminada com fezes. A gravidade doparasita nos coelhos depende de fatores endógenos, tais como o número de coccídios ingeridos, idade, estado imunológico e nutricional. A infecção causa graves alterações e provoca lesões que afetam ometabolismo normal do fígado, afetando a digestão de gorduras, resultando emproblemas digestivos.
O diagnóstico deve ser feito através de amostras de fezes coletada, de coelhos de 5-6 semanas, essas amostras devem serlevadas ao laboratório onde deve-se realizar uma análise quantitativa e qualitativaidentificando as espécies de Eimeria presentes.O tratamento contra a coccidiose é eficaz apenas em animais que são infectadosdurante um curto espaço de tempo. Além disso, deve-se ter em mente quemesmo após otratamento, os animais podem continuar apresentando os sinais clínicos como a diarreia,podendo mesmo assim levar a morte do animal.
Atualmente não existe nenhuma vacina comercializada para a prevenção da coccidiose hepática. Portanto, a principal base para o controle da coccidiose é obter uma higiene preventiva com máxima eficiência.
CONCLUSÃO
A Eimeria stiedae, um protozoário parasita, está inclusa em um gênero que possui aproximadamente 20 espécies – que atacam vários, acarretando grandes perdas no setor econômico. A característica desse gênero, que abriga parasitas que atacam os órgãos gastrointestinais dos hospedeiros, é o seu simples ciclo biológico.
Mas a cura da doença causada pela Eimeria stiedae em coelhos é apenas um dos problemas para os estudiosos. O melhor método para erradicar a Eimeria stiedae ainda é adotar medidas sanitárias. Porém, há pesquisas voltadas para descobertas de uma cura definitiva.
A Eimeria stiedae é uma doença pouco conhecida, as ações que realiza no organismo ainda são um mistério para a ciência. Por isso, há material didático e informativo a respeito dessa espécie.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GEORGI, Jay R. Parasitologia Veterinária. 4. ed. São Paulo: Manole, 1988.
LEITÃO, José L. Parasitologia Veterinária. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.
www.scielo.br/pdf/pvb/v29n3/01.pdf> - Acesso em 09 de abril de 2014.
www.ucg.br/cbb/professores/19/Enfermagem/Eimeria.pdf -Acesso em 09 de abril de 2014.
www.en.wikipedia.org/wiki/Eimeria_stiedae- Acesso em 09 de abril de 2014.
www.pt.slideshare.net/CoelhosAraujo/reviso-coccidiose-heptica-em-coelhos - Acesso em 09 de abril de 2014.
ANEXOS
PESQUISAS REALIZADAS COM COBAIAS
Uma pesquisa foi desenvolvida no Departamento de Patologia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da Universidade Estadual Paulista (FCAV-UNESP), em coelhos brancos adultos, machos, da raça Nova Zelândia, infectados experimentalmente com oocistos esporulados de Eimeria stiedae.
Foram usados 50 animais distribuídos em dois grupos:
Grupo A: infectado com 1x104 oocistos esporulados de Eimeria stiedae;
Grupo B: inoculado com água destilada.
Os exames bioquímicos evidenciaram alterações nos níveis de bilirrubina, aspartato-amino-transferase, alanina-aminotransferase, fosfatase alcalina e gama-glutamil-transferase. Na necropsia foi observada distensão abdominal decorrente de ascite e hepatomegalia associada com congestão e fibrose em diferentes graus de evolução, tendo espessamento da parede da vesícula e grande quantidade de bile quando comparada com o grupo controle. O exame histopatológico evidenciou hiperplasia de ducto biliar com dilatação do lúmen. As projeções intraluminais dos ductos foram papilíferas com intensa presença de mitose, havendo evidência marcante de estruturas de Eimeria stiedae no interior das células e do ducto. Foram observadas proliferações de tecido conjuntivoe infiltrado celular inflamatório mononuclear nos ductos, além de congestão hepática e degeneração vacuolar moderada dos hepatócitos.
O exame microscópico do baço apresentou hiperplasia linfoide folicular e infiltração moderada de células inflamatórias na polpa vermelha. Houve também, aumento dos níveis de proteína total, globulina, colesterol total, LDL-c e triacilgliceróis. No entanto, os níveis totais de lipídios no fígado e níveis de HDL-c diminuíram e os níveis de glicose no plasma variaram durante o período experimental.
Em resumo, a infecção Eimeria stiedae de coelhos causou um considerável número de alterações no metabolismo dos lipídios, proteínas e glicose, o que é provavelmente devido aos efeitos diretos da cirrose hepática em função corporal normal.
MORFOLOGIA DE UM OOCISTO
Oocisto possui forma esférica ou oval, com casca protetora e um poro numa das extremidades (micrópilo). No seu interior possui uma massa protoplasmática (oocisto não esporulado) ou quatro corpos cônicos chamados de esporocistos (oocisto esporulado).
FIGURAS
CLASSIFICAÇÃO CIENTÍFICA
Fig. à esquerda: Coccidiose hepática por Eimeria stiedae em coelho. O fígado está hipertrofiado e semeado de pequenos nódulos de cor clara, correspondentes às lesões nos canais biliares. Trata-se de uma infecção intensa. Fig. à direita: lesões microscópicas, consistindo na hiperplasia dos canais biliares devido à infecção do parasita.
OOCISTOS – EIMERIA
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