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Fenótipos de Polytrichum juniperinum Hewd

Por:   •  15/5/2015  •  Artigo  •  1.847 Palavras (8 Páginas)  •  164 Visualizações

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Fenótipos de Polytrichum juniperinum Hewd. da Ilha Nelson (Antártica) apresentam diferenças em seus caracteres

1. INTRODUÇÃO

1. 1 Ilha Nelson - Antártica

        A Antártica compreende todas as terras localizadas abaixo do paralelo 60º. Foi o último continente a ser descoberto pelo homem e, por isso, o conhecimento dos recursos naturais e biológicos está ainda em fase inicial de exploração. O continente antártico é isolado da América do Sul desde cerca de 90 milhões de anos, como conseqüência da deriva continental que ocorreu durante o Eoceno (BRITO, 2009).

        O atual clima seco, frio e ventoso deste continente, com a formação de grandes camadas de gelo durante o inverno, requer que a fauna e flora local realize adaptações peculiares de condições ambientais extremas. Estas condições extremas tornam o continente Antártico um ambiente propício para efeitos da radiação ultravioleta sobre diferentes organismos. Sabendo que tais condições são favoráveis ao desenvolvimento de mecanismo de sobrevivência, espécies de plantas da região são em potencial produtoras de agentes fotoprotetores (SMITH et al.,2002). A Antártica é o ponto do planeta que mais recebe radiações solares do tipo UV-B, consequência de problemas com a camada de ozônio. Radiações deste tipo são potencialmente nocivas a saúde, danos causado por alta intensidade excedem os níveis de defesa e reparo de qualquer organismo (SCHMITZ-HOERNER & WEISSENBÖCK, 2003).

[pic 1]        A Ilha Nelson é uma ilha de 12 milhas (19 km) de extensão e 7 milhas (11 km) de largura, situada a sudoeste da Ilha do Rei George nas Ilhas Shetland do Sul, Antártica. A Ilha Nelson é localizada em 62°18’S 59°03′W  (Figura 1) e a estação polar de Eco-Nelson (tcheca) está localizada nesta ilha.

Fig. 1: (A) Ilha Nelson, Antártica.                                                Fonte: Google Maps

        As principais formações vegetais encontradas na Antártida são compostas por briófitas (cerca de 130 espécies), líquens (cerca de 380 espécies), algas e apenas duas espécies de plantas vasculares (Deschampsia antarctica e Colobanthus quitensis), sendo os musgos um grupo muito relevante para este continente (PUTZKE E PEREIRA, 1990). A distribuição das comunidades vegetais e formas de crescimento dos musgos da Antártica dependem da luz, temperatura, ventos, precipitação, brisa marinha e proximidade às colônias de aves, acrescido das condições pedogeomorfológicas, como estabilidade da superfície, tipo de rocha e erosão eólica. Para Pereira & Putzke (1994), estas condições, em conjunto com as impostas pelo inverno escuro e prolongado limitam a ocorrência de espécies vegetais na região, especialmente plantas com flor, uma vez que estas condições impedem o ciclo reprodutivo.

        

1.2 Espécie estudada e características

        As briófitas podem fornecer um número de processos ecológicos importantes e  desempenham um papel significativo no ciclo do carbono e nitrogênio (GLIME, 2001; TURETSKY, 2003). Briófitas são plantas pequenas, com um ciclo de vida haplo-diplontico e elas provavelmente estão entre as primeiras plantas que obtiveram vantagem em ambientes terrestres (NEWTON et al., 2000).

        Este trabalho foi realizado com base nas amostras de Polytrichum juniperinum, coletadas em comunidade vegetais de áreas de degelo da Ilha Nelson, na Antártica. P. juniperinum é a planta mais simples encontrada no continente antártico (VAN DER VELDE & BIJLSMA, 2000). A família das Polytricaceas apresenta grande importância para o estudo das briófitas por apresentar os gametófitos com hidróides que são células especializadas na condução de água (SMITH, 1971), porém sem apresentar o reforço de lignina característico das Angiospermas e Gimnospermas. O gênero Polytrichum é um táxon com distribuição mundial, ocorrendo principalmente em regiões de clima temperado, nas terras altas e áreas elevadas dos trópicos e subtrópicos e também nas zonas polares tanto, Ártico e Antártico(PERALTA, 2009).

        P. juniperinum é uma espécie de musgo acrocárpico de ocorrência bipolar, é cosmopolita e ocorre nas Américas do Norte, Central e do Sul. Tem ampla distribuição no Brasil e ocorre também na Antártica. Esta espécie cresce sobre solo, barranco, rocha ou húmus em locais diretamente expostos ou parcialmente sombreados. Em campo cobre grandes áreas sobre solo e rochas sendo comumente encontrada ao lado de trilhas e estradas. Foi encontrada na maioria das vezes exposta diretamente ao sol (Lapallainem, 2010).

        Na Antártida, P. juniperinum se desenvolve em áreas livres de gelo, com exceção de locais com excesso de umidade, como as linhas de drenagem. Segundo Ochyra (1998), as principais características utilizadas na identificação morfológica de P. juniperinum estão a margem cranulada das folhas e as células apical das lamelas fotossintéticas (Figura 2a). Este o musgo possui características peculiares, apesar de ser briófita e estar mais abaixo na escala evolutiva. É uma planta ornitocoprófila, logo não ocorre em áreas que sofrem ação do guano. Permanece sob o gelo durante o inverno e quando ocorre o degelo reinicia seu crescimento durante o verão, raramente forma esporófito. Ate o momento não foi identificados animais que alimentam-se dos gametófitos dessa planta. Apresenta características tais como gametófitos heterotálicos, verde escuro; caulídeo ereto, simples ou ramificado; região de transição, triangular, arredondada; epiderme mono ou bi-estratificada; células do córtex muito grandes, cilindro central, trilobado. Para esta espécie conforme descrição encontrada na bibliografia ocorre desde a antártica até a Amazônia, mostrando-se desta forma resistente a mudanças drásticas de ambiente sem por isso sofrer grandes alterações (KAPPEL PEREIRA et al., 2007).

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