Oque atrai o mosquito da dengue
Por: victorusb • 20/10/2017 • Relatório de pesquisa • 1.147 Palavras (5 Páginas) • 423 Visualizações
Ae.aegypti caracteriza-se por ter hábitos diurnos, os mosquitos usam a estratégia que corresponde ao rastreamento ativo combinado com a espera em locais freqüentados pelo hospedeiro. O que os atrai até o hospedeiro são estímulos químicos, que podem ser o CO2 (EDMAN, 1979) proveniente da respiração e o ácido láctico liberado através do suor. A detecção do ácido lático é claramente importante para o mosquito fêmea que o utiliza para localizar o alimento sanguíneo. Merece destaque o fato de que ambos os sexos da espécie Ae.aegypti detectam e são atraídos pelo ácido lático, porque essa espécie realiza a cópula sempre nas proximidades do hospedeiro (DAVIS & BOWEN,1994). 18 O ácido láctico é um produto metabólico comum a todos os animais, incluindo o homem. Os mosquitos detectam estes estímulos através de receptores químicos que se encontram nas extremidades das partes bucais e nas antenas e detectam odores a vários metros de distância. Todos esses estímulos contribuem para assinalar ao mosquito a presença do hospedeiro que lhe será a fonte sanguínea (FORATTINI, 2002). O dióxido de carbono (CO2) atua como um guia do mosquito em direção ao hospedeiro tem um efeito importante quando combinado a outros fatores presentes no indivíduo a ser picado, aumentando a resposta às correntes de convecção, aos fatores visuais próximos ao alvo e à resposta ao odor à distância (GILLIES, 1980). Sabe-se também que a temperatura e a umidade estão fortemente relacionadas à atração dos mosquitos, pois o ar quente e úmido atrai mosquitos de forma mais eficiente do que o ar quente e seco. Outro fator de orientação dos mosquitos no ambiente é a luz, sendo que a reação varia conforme a espécie, podendo guiá-lo para o seu abrigo ou estimular suas atividades, como a hematofagia. Assim, de um modo geral, os mosquitos com hábito diurno tendem a picar em ambientes iluminados e aqueles que apresentam hábito noturno picam mais facilmente em ambientes escuros (FORATTINI, 2002). Os mosquitos têm, portanto muitas ferramentas que permitem selecionar os locais para oviposição, os alimentos e o indivíduo a ser picado, garantindo a sua sobrevivência e tornando-o um eficiente transmissor de doenças para o homem e outras espécies (DAVIS & BOWEN, 1994).
O Ácido Láctico O suor humano é reconhecido como atrativo para várias espécies de insetos, e entre os seus componentes o ácido láctico é encontrado em maior concentração e é considerado principal para a atração. Na pele humana é o produto final da glicólise durante o metabolismo anaeróbico das células mioepiteliais das glândulas sudoríparas ecrinas, que estão presentes em todo o corpo e desempenham um papel importante na termorregulação. A quantidade de ácido láctico produzida por humanos é maior do que em outros mamíferos e as diferenças 19 na atração que os humanos exercem sobre as fêmeas de mosquitos está associada com a quantidade dessa substância que é liberada, sendo relacionada com a densidade de glândulas sudoríparas ecrinas presentes, sua atividade e diferenças de pH (TORRES-ESTRADA & RODRIGUEZ, 2003). Sendo assim, o efeito atrativo do ácido láctico, tem sido avaliado isoladamente e também em combinação com outros compostos. Comparando a atratividade de Ae.aegypti, aos compostos liberados por humanos e outros animais, constatou-se que devido às altas concentrações de ácido láctico exaladas da pele humana, essas são mais atrativas para os mosquitos do que a pele dos outros animais (STEIB et al., 2001). De forma semelhante ocorreu com An. gambiae, onde os odores da pele de humanos foram mais atrativos do que os odores da pele do gado, que causaram certa repelência para essa espécie (PATES et al., 2001). Mostrando que ao ser adicionado ácido lático aos compostos de animais, esses se tornam atrativos para as duas espécies de culicídeos citadas, devido à capacidade que esses mosquitos têm de identificar o odor humano independente dos odores que a ele sejam misturados (STEIB et al., 2001; PATES et al., 2001). Assim como a atratividade é diferenciada entre os humanos e animais, o ácido láctico, nas emanações dos odores, para ter seu efeito atrativo precisa ser liberado em concentrações adequadas, pois se liberado em baixas e principalmente em altas concentrações, pode tornar-se repelente (SANTOS NETO, 2002). Esse fato foi observado em alguns estudos, onde o ácido láctico repeliu espécies de Aedes (Ochlerotatus) sollicitans Walker, 1956; Aedes (Ochlerotatus) cantator (Coquillett, 1903) e Ae.aegypti, e não atraiu espécies de Culex (Culex) pipiens Linnaeus, 1758 e Anopheles (Anopheles) maculipennis Meigen, 1818 (SMITH et. al., 1970).
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