Seminário de Biogeografia: Cerrados

Introdução

O Brasil possui seis grandes domínios paisagísticos e macro-ecológicos,

quatro deles intertropicais e dois subtropicais: 1) Domínio das terras baixas

florestadas da Amazônia, 2) Domínio das depressões interplanálticas semi-

áridas do Nordeste, 3) Domínio dos "mares de morros" florestados, 4) Domínio

dos chapadões recobertos por cerrados e penetrados por florestas-galerias, 5)

Domínio dos planaltos das Araucárias e 6) Domínio das pradarias mistas do

Sudeste do Rio Grande do Sul. Cada um deles definidos inicialmente pelos

principais quadros de vegetação e por feições morfoclimáticas de grande

extensão e generalidade, apresenta padrões de paisagens de caráter subregional, e eventuais "enclaves" de paisagens exóticas.(Ab'Sáber, 1971)

O cerrado é definido como extensos chapadões, cobertos por vegetação

de pequenas árvores retorcidas, dispersas em meio a um tapete de gramíneas.

Ele possui algumas denominações regionais, como: tabuleiros, campos

cerrados, cerradões, savanas, chapadões, etc. e está delimitado por uma área

avaliada entre 1,8 e 2 milhões de quilômetros quadrados, tal dimensão seria por

si só suficiente para reconhecermos o cerrado como um dos principais biomas

brasileiros, além disso, o mesmo possui uma enorme diversidade biológica,

grande potencial em plantas medicinais, espécies forageiras nativas e espécies

frutíferas.

A sua localização abrange os estados de Minas Gerais, Goiás, Bahia,

Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul (Fig.1). A região dos cerrados possui

maciços planaltos de estrutura complexa e planaltos sedimentares

compartimentados; cerradões e cerrados nos interflúvios e florestas-galerias

contínuas; solos, em geral, com fraca fertilidade primária e com enclaves de

matas em manchas de solo rico, drenagens perenes para os cursos d’água

principais e secundários e climas do tipo sudanês, com precipitações globais

variando entre 1.300 e 1.800 mm. concentradas no verão e relativamente

baixas no inverno.(AB'Saber, 1971)

Climatologia

O clima segundo os fatores que o condiciona pode ser encarado sob três

distintos aspectos: 1) Microclimático, refere-se as condições ambientais locais

condicionadas pelo revestimento do solo, cujas formas básicas são: cobertura

vegetal viva, que tem efeito moderador sobre as variações térmicas e hídricas

próximas à superfície, cobertura vegetal morta, age como isolante térmico, o

que impede o ressecamento do solo e sem cobertura ou solo nu, solodesprotegido, sujeito a intensas variações térmicas e hídricas nas suas

camadas superficiais. 2) Topoclimático ou mesoclimático, é o condicionado pelo

relevo do terreno. 3) Macroclimático ou geoclimático, estuda o clima geral da

região, determinado pelos fatores geográficos, como: altitude, latitude,

continentalidade, a influência de massas de ar, etc.

Microclimaticamente, o ambiente do cerrado é caracterizado por uma

cobertura pouco densa e de porte irregular, as temperaturas do solo e do ar são

em geral, muito elevadas nos períodos secos e isolados e o grau de umidade

na superfície é baixo por efeito da insolação direta. No subsolo a umidade é

elevada, por causa da escassa cobertura vegetal verde, que é o agente da

perda de água. O cerrado condiciona o seu microclima, e não o microclima que

condiciona o cerrado.

O topoclima pouco influencia a formação vegetal do cerrado, já que esta

em geral, ocorre em terrenos mais planos, onde as diferenciações climáticas

são mínimas.

Para determinação do macroclima, usa-se principalmente o fator

umidade, verifica-se, portanto, que o mesmo não exerce papel decisivo na

determinação da vegetação. Deste modo, o cerrado ocorre indiferentemente

nos vários tipos climáticos: quente e úmido, com estação seca pequena; quente

e úmido, com estação seca pronunciada de inverno; tropical de altitude, com

verões frescos e estação seca de inverno; subtropical, com verões quentes e

sem estação seca e subtropical, com verões frescos e sem estações secas.

(Camargo, A.P., 1963)

Geomorfologia

Nos interflúvios elevados dos “chapadões”, onde predominam formas

topográficas planas e maciças e solos pobres, aparecem os cerrados,

cerradões e campestres, os quais via de regra descem até a base das

vertentes, cedendo lugar no fundo aluvial dos vales as florestas galerias, em

geral largas e contínuas.

Os cerrados revestiram parcial ou totalmente até mesmo os

compartimentos mais baixos do relevo do Brasil central. Os capões de matas

situados