TRABALHO DE IMUNOLOGIA: FIBROMIALGIA
Por: Gousilin Leandra • 25/8/2019 • Pesquisas Acadêmicas • 2.333 Palavras (10 Páginas) • 295 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS DE BOTUCATU
Gousilin Leandra Rocha da Silva
TRABALHO DE IMUNOLOGIA: FIBROMIALGIA
Botucatu - SP
2018
FIBROMIALGIA
1. Características Gerais
A fibromialgia, doença considerada como um reumatismo, se caracteriza pela manifestação por uma dor crônica que afeta todo o corpo, principalmente músculos, tendões, ligamentos e articulações; sendo de difícil descrição de um local exato, podendo ser em apenas um lado do corpo ou em ambos. Além da dor, nota-se a presença de fadiga, problemas de sono, memória, concentração e outros. Há a relação desta doença com o funcionamento do sistema nervoso central e a supressão natural da dor, a qual sofre uma disfunção impedindo a devida analgesia do organismo. Por isso, é característico do portador da doença a maior sensibilidade ao toque e à compressão de pontos no corpo, possuindo um menor limiar para sintoma doloroso. De certa forma, pode se dizer que o cérebro desse indivíduo interpreta de forma exagerada os estímulos, ativando todo o sistema nervoso para que sinta mais dor.
A causa da fibromialgia é indefinida, entretanto pode surgir posteriormente à eventos traumáticos (tanto físicos, como psicológicos) ou até uma grave infecção. Existem também fatores que pioram o quadro clínico, como excesso de esforço físico, infecções, exposição ao frio, problemas de sono, estresse emocional ou traumas.
Apesar de já terem ocorrido discussões sobre a dor ser real ou não, a tecnologia de observação da atividade cerebral possibilitou comprovar a veracidade da dor do paciente, apesar de não haver lesão tecidual. Essa doença não é considerada um processo inflamatório, apesar de estudos descreverem a existência de uma “fibromialgia inflamatória”, mas também pode estar associada a doenças do tipo, como a artrite reumatoide, por exemplo a artrite reumatoide, o que só dificulta o diagnóstico, o qual é essencialmente clínico referente a dor e a sensibilidade à mesma. Mesmo que não apresente um risco de vida, a qualidade de vida do indivíduo é extremamente comprometida, podendo ser melhorada com tratamentos multidisciplinares.
2. Incidência/Prevalência
A Sociedade Brasileira de Reumatologia afirma que, no Brasil, a prevalência da Fibromialgia está entre 2 a 3% da população, acometendo em sua maioria mulheres, sendo uma proporção de 6 a 10:1 com relação a homens. É uma doença frequente que atinge indivíduos entre 30 a 50 anos, prevalentemente, mas podendo afetar crianças e idosos. Em ambulatórios de reumatologia é presente em 15% dos casos, enquanto em ambulatórios de clínica geral está entre 5 a 10%. Pode também estar associada a outras doenças, como: em 25% dos casos de artrite reumatoide, 30% de lúpus eritematoso sistêmico e 50% de síndromes de Sjogren.
3. Manifestações clínicas
As manifestações recorrentes nos pacientes envolver uma dor crônica e difusa que envolve o esqueleto axial e periférico. Descrever o ponto exato da dor é difícil, por isso em geral as regiões apontadas envolvem sítios peri-articulares, sem muitas especificidades. Ademais, a dor é dita de diversas maneiras, como uma pontada, queimação, peso, cansaço ou até uma contusão. Em muitos casos é dado o agravamento pela umidade, o frio, uma mudança climática, estresses emocionais ou físicos. O início da dor pode ser variado de acordo com o paciente; enquanto alguns conseguem localizar a região inicial, como na coluna cervical, outros alegam um início já difuso, afetando além de segmentos da coluna, também os membros superiores e inferiores.
Os principais sintomas, que se somam à dor, são: o sono não reparador, sendo relatado a falta de restauração de energia e o cansaço mesmo pela manhã; a fadiga que comprometem as atividades físicas simples, em um estado de exaustão; e parestesias, como dormências ou formigamentos. A sensação de inchaço também é presente, particularmente nas mãos, antebraços e trapézios, mas não está relacionada a um processo inflamatório. Outras queixas sintomatológicas podem ser feitas pelo paciente, como cefaleia, tontura, zumbido, dor torácica atípica, palpitação, dor abdominal, constipação, diarreia, dispepsia, tensão pré-menstrual, urgência miccional, dificuldade de concentração e falta de memória. A depressão atinge entre 30% a 50% dos pacientes, enquanto a ansiedade, irritabilidade, distúrbios comportamentais e psicológicos acompanham 1/3 desses.
De forma geral, o aspecto clínico do paciente apresenta resultados normais, sem atrofia muscular ou alterações neurológicas, sem sinais de inflamação ou evidencias de uma doença sistêmica, além de uma boa amplitude de movimentos e força muscular preservada. Contudo, a análise de sítios anatômicos específicos (tender points) referente à sensibilidade da dor é o que direciona o diagnóstico. Para uma classificação é necessário a resposta em 11 de 18 pontos (Fig. 1), mas é indicado que não sejam colocados como o essencial para a realização do diagnóstico. A menos que outras patologias estejam presentes em concomitância à fibromialgia, não existem outros exames para o diagnóstico. Por isso existem condições (Síndrome da dor miofascial; reumatismo extra-articular afetando várias áreas; polimialgia reumática e artrite de células gigantes; polimiosites e dermatopolimiosites; miopatias endócrinas - hipotiroidismo, hipertiroidismo, hiperparatiroidismo, insuficiência adrenal; miopatia metabólica por álcool; neoplasias; doença de parkinson; efeito colateral de drogas - corticosteróide, cimetidina, estatina, fibratos, drogas ilícitas) que devem ser consideradas em um diagnóstico diferencial.
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Figura 1 – Tender points
Fonte: https://www.tuasaude.com/sintomas-de-fibromialgia/
4. Imunopatogênese
O funcionamento ideal do organismo depende da comunicação intra e inter-sistemas; para isso, o sistema nervoso, assim como o imunológico, fazem o uso de transmissores (peptídicos ou não) em conjunto aos respectivos receptores nos sistemas. As citocinas, proteínas imunomoduladoras, nesse cenário, atuam como importantes moléculas sinalizadoras, estando amplamente distribuídas possibilitando a comunicação desses sistemas por meio de mecanismos autonômicos, neuroendócrinos e comportamentais. As citocinas podem ser identificadas como pró-inflamatórias (como interleucina 1α, interleucina 1β, interleucina 6 e fator de necrose tumoral alfa) e anti-inflamatórias, como a interleucina 4, a interleucina 10 e a interleucina 13. Vale ressaltar que estudos apontaram que a geração da patogenia da dor dessa doença tem como possíveis responsáveis em particular as citocinas pró-inflamatórias IL-1β e o fator de necrose tumoral alfa.
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