A CONTRIBUIÇÃO DAS ATIVIDADES RÍTMICAS E EXPRESSIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR E NOÇÃO CORPORAL: ARTIGO DE REVISÃO
Por: Natália Silva • 7/9/2022 • Artigo • 2.146 Palavras (9 Páginas) • 133 Visualizações
INTRODUÇÃO
O ser humano é provido de ritmo, que se manifesta antes mesmo do nascimento, por meios dos batimentos cardíacos, pela respiração, pela fala e está presente também nas formas básicas de locomoção. O ritmo tem grande importância em nossa vida, tanto por meio das influências externas como das internas. Assim, o desenvolvimento e até mesmo o aperfeiçoamento do mesmo se torna imprescindível, pois o ser humano é dependente do ritmo para todas as atividades que for realizar em sua vida pessoal, profissional, desportiva e no lazer.
Hanebuth (1968, p. 13), associou o ritmo às atividades motrícias, argumentando que “ritmo constitui a coordenação motora e a integração funcional de todas as forças estruturadoras, tanto corporais como psíquicas e espirituais”.
Segundo citações de Garcia e Haas (2003, p. 39-40), as funções do ritmo entre outras, são: Auxiliar a incorporação técnica; Determinar a qualidade do movimento; Facilitar e permitir a vivência do movimento; Incentivar a economia de trabalho físico e mental; Permitir melhor domínio do movimento; Produzir prazer; Facilitar a expressão; Facilitar a realização do movimento com naturalidade; Aperfeiçoar a coordenação e apoiar a determinação da beleza. Corroborando com Garcia, Monteiro (2000, p. 36) apresenta os objetivos do ritmo: Desenvolver a capacidade física assim como a saúde e a qualidade de vida; propiciar a descoberta do próprio corpo e de suas possibilidades de movimento; desenvolver o ritmo natural; possibilitar o desenvolvimento da criatividade para descoberta do estilo pessoal e despertar sentido de cooperação, solidariedade, comunicação, liderança e entrosamento através de trabalho em grupo.
Sabendo que os ritmos motores do ser humano se manifestam antes mesmo do nascimento, é importante que o trabalho rítmico expressivo seja enfatizado desde a primeira infância, por ser esta a época mais favorável ao desenvolvimento da sensibilidade, coordenação e associação de gestos e movimentos (VARGAS, 2007 apud CAVALHEIRO; ANTUNES 2011, p.5).
Gallahue e Ozmun (2003 apud Rondon et al., 2010 p.126) postulam que “o desenvolvimento motor é um processo evolutivo, que possui porta aberta para os fatores do meio ambiente, conjugado com os fatores internos”, considerando que o desenvolvimento motor é interligado às vivências motoras, Paim (2003 Rondon et al., 2010 p.126) afirma que quanto maior o número de experiências motoras maior será o desempenho nas tarefas motoras realizadas. Reforçando o já exposto, Haywood e Getchell (2004 Rondon et al., 2010 p.126) afirma que o desenvolvimento motor é processo seqüencial, contínuo e relacionado à idade cronológica, pelo qual o ser humano adquire uma enorme quantidade de habilidades motoras, as quais progridem de movimentos simples e desorganizados para a execução de habilidades motoras altamente organizadas e complexas.
As atividades rítmicas e expressivas são manifestações cuja intenção é a expressão e a comunicação por meio de gestos com o auxílio de estímulos sonoros, como exemplo as danças, mímicas e brincadeiras cantadas. Monteiro (2000, apud NASPOLINI, 2011, p. 37) exemplifica as atividades rítmicas como: brinquedos, danças e exercícios individuais ou em grupo, de caráter exclusivamente recreativo, que oportunizam a conscientização do ritmo relacionado aos estímulos externos. As atividades rítmicas contêm muitas vantagens que resultam do movimento, envolvendo a postura, o equilíbrio, a flexibilidade, a coordenação, o domínio espaço-temporal e o conhecimento de suas potencialidades (PALLARÉS, 1981 apud NASPOLINI, 2011, p. 39). Essas atividades também produzem noções importantes para a construção das consciências: espacial, direcional, corporal e temporal.
Sobre as danças folclóricas, diante da diversidade cultural que há no país, a dança e a música caracterizam expressões significativas que constituem diversas possibilidades de aprendizagens, pois todas as culturas possuem algum tipo de manifestação rítmica e/ou expressiva e é através delas que sua história é contada. As brincadeiras cantadas são atividades que proporcionam deslumbramento, pois desempenha o gosto pelo ritmo. Elas educam a mobilidade rítmica oferecendo harmonia a postura onde o movimento proporciona imagens que as letras dos versos representam (PAIVA, 1998 apud NASPOLINI, 2011, p. 47). Já os brinquedos cantados, quando incentivados transmitem de forma natural atividades de marcha, de corrida, de salto, de galope enfim, de uma primeira consciência corporal (PAIVA, 1998 apud NASPOLINI, 2011, p. 47).
Outro ponto importante a ser considerado além das aptidões físicas está relacionado a consciência corporal.
A imagem corporal para Schilder (1994, p. 11) é uma representação mental que temos do nosso corpo. Freitas (1995, p.18) a apresenta como um conceito de vivência que se constrói sobre o esquema corporal, considerando nesta constituição de imagem os afetos, os valores, a história pessoal, representada através de gestos, olhares, no corpo que se movimenta e repousa. Já para Rodrigues (1987, p.3) o esquema corporal é uma estrutura neuro-motora, que possibilita ao indivíduo perceber e ter consciência do seu corpo anatômico, estando a imagem corporal intimamente relacionada com a consciência que este indivíduo tem do seu corpo em termos de julgamentos e valores ao nível afetivo. Corroborando com Rodrigues, Barreto (2002 Rondon et al., 2010 p.126) diz que o esquema corporal se estrutura sobre a base dos componentes neurológicos em desenvolvimento e maturação onde se liga aos sentidos que permitem ter uma noção sobre localização espacial total, a capacidade e o funcionamento de uma determinada parte do corpo, a consciência inicial sobre a magnitude do esforço necessário para realizar uma determinada ação, e a consciência sobre a posição do corpo e suas partes no espaço durante esta ação.
De acordo com Campos; Lima (1996) uma criança cuja imagem ou esquema corporal é mal definida, não coordena bem seus movimentos e, conseqüentemente, suas habilidades manuais são difíceis podendo ocorrer que a caligrafia seja feia e a leitura não seja harmoniosa no sentido em que a criança não segue o ritmo da mesma, ou para no meio da frase ou da palavra. Outro aspecto que chama atenção e pode estar relacionado ao esquema corporal é quando a criança não consegue reconstruir um boneco articulado que pode estar relacionado a uma defasagem na elaboração da consciência do seu corpo.
Para Nanni (2003 apud CAVALHEIRO; ANTUNES 2011, p.4) o conhecimento e a percepção do corpo é um processo ativo e dinâmico. Nossa imagem muda continuamente sofre deformações, ora é gigante, ora é pequena,
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