DA HISTÓRIA QUE NOS É CONTADA PARA O REVELAR DE OUTRA HISTÓRIA
Por: idialucci • 19/5/2015 • Resenha • 5.891 Palavras (24 Páginas) • 461 Visualizações
INTRODUÇÃO
A atividade física surgiu através do crescimento urbano e do processo de industrialização, nos revelando que ela não é uma manifestação da cultura contemporânea. Já a Educação Física por sua vez, começa a ter importância para os povos civilizados, no final do século XIX. Porém, sua implantação em algumas civilizações ainda encontra dificuldade em ser implantada por conta de seus regimes políticos e sua cultura.
Algumas vezes a educação física é usada como um projeto para a política, uma pena, pois, sendo um instrumento ideológico e de manipulação incapacita a sociedade, deixa-a alienada, impotente e incapaz de ver as verdadeiras transformações necessárias. Com isso, a história segue de acordo com os reflexos da sociedade, o que torna uma situação que o prende a ser eterna.
O livro de Lino Castellani Filho nos conta sobre a Educação Física, que ao longo da história, teve diversos papéis representados e seu próprio significado de acordo com cada época. O objetivo marcado no livro é o de fazer uma leitura da História da Educação Física no Brasil, buscando relacionar as tendências que a rodeava, com a relação dos papéis que ela representava e sua atual configuração.
I – LÁ VEM COM HISTÓRIA
II - DA HISTÓRIA QUE NOS É CONTADA PARA O REVELAR DE OUTRA HISTÓRIA
PRIMEIRO ATO
Cena I
A História da Educação Física no Brasil quando reportada ao tempo do Império e aos primeiros momentos do período republicano estava em várias citações ligadas às instituições militares. De acordo com o autor, o professor Inezil Penna Marinho, em seus trabalhos trouxe várias informações sobre esta estreita relação que em muitos momentos se confundiam.
A manifestação e referência de alguns professores como Maria Lenk em 1942, Waldemar Areno em 1986, e Carlos Sanches de Queirós em 1941 mostram-nos que as instituições militares foram de grande importância aos olhos de hoje, assim foi criada a Escola de Educação Física do Exército em um gestou de grande visão patriótica.
Cena II
As relações entre os militares e a Educação Física mais do que trazer à lembrança, mostram-nos que as instituições militares foram as mais sensíveis à influência da filosofia positivista, a qual teve êxito, devida à exagerada insuficiência filosófica que sofria o Brasil. À época havia apenas a fundamentação filosófica de ordem tomista pela a igreja católica. A filosofia Comteana buscava um referencial teórico-filosófico para o progresso. Como se referiu Antônio Carlos Bergo a Escola Militar, o Colégio Militar e a Escola Naval foram as instituições que mais contribuíram para alcançar os ideais positivistas que tinham o objetivo de livrar o país do subdesenvolvimento, acelerando e mantendo o progresso socioeconômico.
Cena III
No século XIX a Educação Física no Brasil era considerada elementar para deixar o indivíduo forte saudável para construir seu próprio modo de vida, contudo fora associada à Educação do Físico, à saúde corporal. Esse entendimento não fora conquistado pelos militares, mais sim pelos médicos higienistas que ditavam à sociedade que a “nova” família brasileira deveria ter um corpo sadio, conduta moral e sexual. Inspirada nos preceitos sanitários da época essa educação era direcionada às crianças que passariam a ter gosto pela saúde. Esse corpo eleito como representante de uma classe e raça serviu de incentivo ao racismo e preconceitos sociais pela burguesia branca.
Cena IV
No período colonial lançar a Educação Física como elemento educacional foi muito difícil, pois a consideravam sem prestígios e a vincularam ao trabalho manual que seria realizado por escravos e para a classe dominante o chefe de família digno desenvolvia o trabalho intelectual.
A educação escolar para os higienistas era uma extensão da educação familiar, os pais ao defenderem as ideais linhas pedagógicas seguidas por seus filhos se opuseram e fizeram várias exigências e para sua proteção no interior do colégio. As aulas de ginásticas foram repugnadas quando se referiam às alunas. Rui Barbosa fez a “Reforma do Ensino Primário” e de outras instituições complementares da Instrução Pública dando especial atenção à ginástica e à equiparação dos professores, referindo-se sempre a importante ligação do corpo e a mente.
Cena V
Também concordava com o parecer de Rui Barbosa, o autor Fernando de Azevedo que defendia a eugenização da raça brasileira, dizendo que a Educação Física faria com que as mulheres fortes gerassem filhos saudáveis e os homens também estariam aptos a defender e construir a pátria.
Em ambos os pareceres a figura da mulher estava sempre ligada a maternidade, e suas atividades deveriam ser compatíveis às condições de sua natureza. A Deliberação – CND – N.7/65 baixava instruções e proibições à prática de vários esportes pelas mulheres, somente em 1979 ela foi revogada pela Deliberação n. 10, em 1986 o CND baixou a Recomendação nº 02 que estimulava a participação de mulheres nas diversas atividades esportivas do país.
Cena VI
A sociedade brasileira ao fim do período imperial sofreu um processo de mudança de rural-agrícola para urbano-comercial para assim se modernizar. O índice de analfabetismo era intenso e fez-se necessário a alfabetização para a integração de todos no novo contexto social. Implantou-se a escola primária e também se almejava o ensino secundário, porém este se deu somente no ensino particular onde e somente a “elite” teria acesso. O ensino profissionalizante era tido como destinado somente a classe pobre a do “povo”. Através desses fatos observou-se uma discriminação social na escola, lesando os princípios democráticos.
SEGUNDO ATO
Cena I
No final do século XIX e nas primeiras décadas do século XX, devido às mudanças
socioeconômicas, a Educação Física se apresentou bastante favorável às propostas de eugenização da raça brasileira, se identificando com movimentos que visavam o cuidado para o desenvolvimento
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