OS EFEITOS DA ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA PRECOCE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Por: Bárbara Cruz • 27/11/2019 • Artigo • 3.451 Palavras (14 Páginas) • 266 Visualizações
OS EFEITOS DA ESPECIALIZAÇÃO ESPORTIVA PRECOCE NO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA
Emilly Loren[1], Daniela Biazioli1, Paulo Costa Amaral2, Andreia Camila de Oliveira2
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo analisar e discutir os efeitos da especialização esportiva precoce no desenvolvimento integral da criança, apontando os inúmeros problemas causados através de treinamentos extenuantes e abusivos, entre eles: físicos, psicológicos, motriz e de risco esportivo. A preparação esportiva deve respeitar fatores imprescindíveis como educação e formação, respeitar a individualidade biológica, as necessidades e os interesses de crianças e jovens, respeitar seus limites, e não cobrar algo além do que se pode ter nesta fase de aprendizado que é levado ao longo da vida. Um dos maiores causadores de abandono no esporte é a “Síndrome do Burnout”, uma síndrome psicofisiológica multidimensional composta por 3 componentes: exaustão física e emocional, a redução no senso de realização e a desvalorização esportiva.
É necessário uma adequada prescrição e periodização do treinamento de crianças e jovens e também competições que são justas com as categorias e com o desempenho dos atletas.
A metodologia utilizada foi revisão de literatura, nas bases de dados Scielo e Google Acadêmico, com as palavras chave: Desenvolvimento Infantil e Motor, Precocidade, Esportes, Treinamento Físico, Especialização Esportiva, sendo excluídas patentes, citações.
Palavras-chave: Precocidade, Desenvolvimento Infantil e Motor, Esportes, Treinamento Físico, Especialização Esportiva.
INTRODUÇÃO
A preparação esportiva dos jovens deve estar sustentada por pressupostos de educação e formação, sempre respeitando suas necessidades e interesses (KIRK, 2005). Entretanto, devido ao crescimento social do esporte, aliado ao aumento da oferta de competições cada vez mais especializadas, novas exigências do envolvimento infanto-juvenil surgiram, determinando participações e especializações de crianças e adolescentes cada vez mais precoces (SILVA; FERNANDES; CELANI,2001).
Contudo, é de extrema importância o conhecimento do processo de desenvolvimento motor, pois a partir dele é possível interpretar com mais propriedade os diversos significados do movimento nas diferentes fases do ciclo da vida do ser humano (TANI, 1987,1988). Desta forma, torna-se mais fácil obter o diagnóstico das necessidades e interesses dos alunos baseados em suas características de desenvolvimento, otimizando a tomada de decisão mais adequada em relação aos objetivos, métodos e conteúdo de ensino. (TANI, MANOEL, KOKUBUN & PROENÇA, 1988).
A educação através do movimento é essencial para a iniciação desportiva, pois a partir de um bom desenvolvimento psicomotor da criança, ela automaticamente responderá melhor aos estímulos à sua volta, facilitando o aprendizado das técnicas especificas do esporte, podendo assim observar nitidamente que a aprendizagem desportiva é essencialmente uma aprendizagem corporal e motora. (FERREIRA, 2001).
Segundo (Gallahue, Ozmun, 2001), as fases do desenvolvimento motor são apresentadas em uma forma de ampulheta (figura 1) em 4 fases, são elas: Fase motora reflexiva, Fase motora rudimentar, Fase motora fundamental e Fase motora especializada.
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Figura 1. Fases do desenvolvimento motor (GALLAHUE e OZMUN, 2001)
- Fase motora reflexiva: os reflexos são as primeiras formas de movimento humano. Os mesmos são movimentos involuntários, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade de reflexos, o bebê obtém informações sobre o ambiente.
- Fase de movimentos rudimentares: os movimentos rudimentares são determinados de forma maturacional e caracterizam-se por uma sequência de aparecimento previsível. Esta sequência é resistente a alterações em condições normais. Elas envolvem movimentos estabilizadores, como obter o controle da cabeça, pescoço e músculos do tronco; as tarefas manipulativas de alcançar, agarrar e soltar, e os movimentos locomotores de arrastar-se, engatinhar e caminhar.
- Fase de movimentos fundamentais: as habilidades motoras fundamentais da primeira infância são consequências da fase de movimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do desenvolvimento motor representa um período na qual as crianças pequenas estão envolvidas ativamente na exploração e na experimentação das capacidades motoras de seus corpos.
- Fase de movimentos especializados: esse é um período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são progressivamente refinadas, combinadas e elaboradas para o uso em situações crescentemente exigentes.
É importante enfatizar que cada fase do desenvolvimento infantil possui sua especificidade, sendo necessários estudos mais aprofundados sobre, métodos pedagógicos, a especificidade de cada fase do aluno e as situações do jogo, brincadeira ou esporte que possa ajudar no desenvolvimento integral do aluno. (QUINTÃO, et al. 2004).
A especialização precoce no esporte é a atividade que se caracteriza pela alta dedicação ao treinamento, ocorre antes da puberdade e tem a característica competitiva. A prática pode desenvolver sérios problemas nas crianças competidoras, tais como problemas ósseos, cardíacos, musculares, entre outros, tendo em vista que o treinamento extenuante é extremamente prejudicial à saúde da criança. (NETO; VOSER, 2001).
De acordo com Kunz (1994), a especialização precoce é um processo que ocorre antes da fase pubertária em que as crianças são introduzidas a um treinamento periodizado em longo prazo, feito no mínimo três vezes por semana, com o objetivo de aumentar o rendimento e a participação em competições esportivas.
Desta forma, a especialização esportiva é dividida em três fases de desenvolvimento sendo elas: Fase de especialização esportiva I, Fase de especialização esportiva II e a Fase de especialização esportiva III. Cada fase possui sua especificidade e importância no processo de formação de acordo com a idade biológica, escolar e cronológica de cada criança, sempre sendo diferente de modalidade para modalidade (OLIVEIRA; PAES, 2004).
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