ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE NO VOLEIBOL: UM OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR
Por: aganette1 • 4/4/2018 • Monografia • 1.283 Palavras (6 Páginas) • 428 Visualizações
LEIDNALDO AGANETTE DE OLIVEIRA (1168569)
Bacharelado em Educação Física
ESPECIALIZAÇÃO PRECOCE NO VOLEIBOL: UM OLHAR PARA O DESENVOLVIMENTO MOTOR
Tutor: Prof. Aldo Coelho da Silva
Claretiano - Centro Universitário
BELO HORIZONTE
2017
CONTEXTUALIZAÇÃO
O voleibol foi ganhando adeptos em todo o mundo. No Brasil, ele ganhou espaço na década de 80, com a famosa Geração de Prata e esse espaço foi crescendo ainda mais com as conquistas das seleções masculinas e femininas a partir desta geração. Com isso a procura pela prática deste esporte aumentou e, segundo Bojikian (apud Bojikian, 2002) isso se deve a mídia televisiva. O autor relata que a televisão fez com que independente da classe social, o brasileiro começasse a se interessar mais pelo voleibol procurando entendê-lo e praticá-lo. Além disso, a importância social e econômica que o voleibol alcançou nos últimos tempos, fez com que as crianças e adolescentes começassem a praticar regularmente esse esporte cada vez mais cedo, visando participar de competições entre outros interesses.
Em diversos países a competição voltada para uma única modalidade pode começar muito cedo em equipes de base, o que acarreta uma carga de treinos exaustivos e especialização precoce da criança e do adolescente. A situação no Brasil não difere neste quesito.
É comum nos campeonatos de voleibol de equipes de base como equipes infanto-juvenis e juvenis, premiar os atletas de maior destaque. Entretanto muitos desses atletas não conseguem essa distinção na categoria adulta. O que faz com que esses atletas que foram destaque nas equipes de base não consigam o mesmo resultado na categoria adulta?
Segundo Bojikian (2002), essa pergunta pode ter várias respostas, tais como um genótipo não adequado, má alimentação, treinamento inadequado, falta de estrutura psicológica, frequência de contusões, etc., mas ele chama atenção no que diz respeito à especialização precoce e a capacidade de desenvolvimento coordenativo.
O autor diz que o único benefício da especialização precoce é o resultado em curto prazo, o treinamento a longo prazo possibilita melhor desempenho em atletas de alta performance (BOJIKIAN, 2002). Para o autor isso é um desrespeito aos estágios de crescimento e desenvolvimento infantil além de caracterizar uma especialização precoce na modalidade.
Desta maneira, entender os estágios de desenvolvimento motor pode ser de extrema importância para o profissional de Educação Física, uma vez que tendo esses conhecimentos pode adequar da melhor maneira o treino do atleta que está em formação, sendo elas as capacidades coordenativas, técnicas e táticas, para assim compreender o fenômeno da especialização precoce.
Segundo Manoel (1999) o desenvolvimento motor é um processo contínuo e demorado e, pelo fato das mudanças mais acentuadas ocorrerem nos primeiros anos de vida, existe a tendência em se considerar o estudo do desenvolvimento motor como sendo apenas o estudo da criança.
Mais recentemente, desenvolvimento motor tem sido entendido como um processo dinâmico, resultante da interação entre as exigências da tarefa, condições ambientais e as características do executante.
A sequência de desenvolvimento motor é discutida como fonte de informações para estruturação de programas de atividade motora e para a formulação de teoria. Vários modelos de sequência são analisados e suas implicações para a pesquisa e atuação são discutidas, assim como no presente projeto.
Um modelo que nos ajuda a compreender as fases de desenvolvimento motor é apresentado por Tani et al (1988), e, a partir destes dados propostos, os autores sugerem que, as intervenções do profissional de Educação Física deveriam acontecer na fase fundamental, pelo fato de as intervenções serem mais efetivas nesta fase de desenvolvimento.
Platonov (2008) diz que uma melhor coordenação depende, em grande parte, da memória do movimento, que em atletas de alto nível, estes que principalmente são exigidos maior coordenação, consistem em um grande número de habilidades com diferentes graus de complexidade. O armazenamento de informações na memória permite a realização de ações motoras rápidas e eficazes quando o sistema nervoso central não consegue processar as informações transmitidas naquele momento pelos receptores.
Greco e Benda (BOJIKIAN, 2002) afirma que o desenvolvimento das capacidades táticas é muito dependente do desenvolvimento das capacidades coordenativas do atleta. Desta forma, quando o atleta desenvolverá melhor as capacidades coordenativas de modo a ajudar no desenvolvimento das capacidades técnico/tático? Weineck (BOJIKIAN, 2002), demonstra que a prontidão das capacidades coordenativas ocorre por volta dos doze anos, que é quando o cerebelo e o córtex, órgãos responsáveis pelas capacidades coordenativas, estão em sua fase principais de desenvolvimento. O autor afirma que após essa etapa da vida pouco pode-se fazer para a melhoria das capacidades coordenativas.
Segundo Greco e Benda (BOJIKIAN, 2002), o desenvolvimento das capacidades táticas serve de base ao atleta na busca de soluções para situações-problemas que o jogo exige, ou seja, quanto mais recursos o atleta de voleibol tiver, maior será a chance de o atleta obter sucesso ao tentar resolver uma situação-problema durante a partida.
Weineck, citado por Bojikian (2002) recomenda, por diversos motivos mencionados, a aquisição desse repertório motor durante a infância, e vai além quando propõe a prática de atividades esportivas diversificadas durante esse período. Se durante a infância o indivíduo passar por várias modalidades esportivas, principalmente os de contato físico como futebol, basquetebol, e até mesmo as lutas, este terá muito mais sucesso, e poderá descaracterizar o fenômeno da especialização precoce, neste contexto, na modalidade do voleibol.
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