A HISTÓRIA DA HEMODIÁLISE
Por: Ricardo Neves • 18/1/2019 • Trabalho acadêmico • 2.336 Palavras (10 Páginas) • 799 Visualizações
ENQUADRAMENTO TEÓRICO (listar os artigos para a bibliografia)
(Autor, data, p.)
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HISTÓRIA DA HEMODIÁLISE
A história da hemodiálise pode considerar-se ter começado em 1830, quando Thomas Graham, um físico inglês, verificou, separando dois líquidos com substâncias dissolvidas numa membrana celulósica, estabelecia troca entre a membrana celulósica e os líquidos.
O primeiro rim artificial foi testado há 100 anos num cão. Em 1945 sobrevive o primeiro paciente com insuficiência renal aguda, através de sessões de 11 horas de hemodiálise. “Em casos de insuficiência renal crónica não há indicação para tratamento pelo rim artificial”, escreveu nesse ano o pai desta técnica, o holandês Willem Kolff.
Em 1965 estavam apenas identificados na Europa 150 indivíduos com esta doença. Dito de outra forma: era este o número de pessoas tratadas pela hemodiálise regular. Fora destas contas ficavam, porém, milhares que morreram sem o diagnóstico correto e sem tratamento. Um desconhecimento médico generalizado contribuíra também para a invisibilidade da doença renal. Hoje cerca de dois milhões de pacientes em todo o mundo encontram-se em processos de hemodiálise.
Ao ver um jovem de 22 anos morrer lentamente de falência renal, o médico Willem Johan Kolff (1911-2009) começa a pesquisar sobre a remoção de toxinas do sangue. Através de um artigo de 1913 sobre hemodiálise em cães sem rins e compromete-se a aplicar com sucesso o dialisador em humanos.
É certo que o médico alemão Georg Haas já tinha dado um passo à frente ao introduzir o anticoagulante heparina no processo da diálise, mas a segurança e a continuidade da hemodiálise em humanos ainda não tinham sido alcançadas.
Kolff foi enviado para um hospital na Holanda para prosseguir as suas investigações no sentido de melhorar a qualidade de vida de pessoas com insuficiência renal. Com poucos recursos técnicos e tecnológicos, improvisou. Tripas para enchidos, garrafas de sumo de laranja, papel de celofane e uma máquina de lavar roupa serviram as tentativas de Willem construir uma máquina para remover as toxinas do sangue.
Esta criação levou o nome de cilindro rotativo, considerado comumente a primeira máquina de diálise. Em suma: um tubo de 40 metros de comprimento de papel celofane – a servir de membrana dialisadora – envolto de um cilindro de madeira. Enquanto este cilindro girava num tanque abastecido de
uma solução dialisante, impulsionado por um motor elétrico, o sangue do paciente era retirado através do tubo de celofane pela força da gravidade. As substâncias tóxicas diluíam-se através do tubo na solução.
Na imagem a seguir é possível observar Willem Kolff e a sua invenção.
[pic 1]
Figura 1. Primeira máquina de hemodiálise.
INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA
A Insuficiência Renal Crônica (IRC) é a perda lenta, progressiva e irreversível da função renal. No início, o paciente se apresenta assintomático e por isso não recorre a especialistas, assim a insuficiência em excretar nitrogênio progride concomitantemente ao consumo proteico levando ao estabelecimento da doença e ocasionando o avanço na disfunção do tecido renal, e a partir disso são percebidos os primeiros sintomas: hálito urémico – odor levemente similar ao da urina, náuseas e vômitos – todos resultantes da alta concentração de ureia no sangue - e o paciente passa então a se preocupar e a procurar o ambulatório clínico (DE PAULA, 2004).
Examinada sob tal prisma, a IRC consistiria essencialmente na progressiva incapacidade dos rins para eliminar produtos nocivos ao organismo: na falta de outra alternativa, o meio interno iria-se saturando inevitavelmente – como atesta o risco complexo sintomatológico encontrado na IRC avançada – até que sejam alcançados graus extremos de “endotoxicação” incompatíveis com a vida (PAOLUCCI, 1982, p. 158).
2.2.1 EXAMES
Logo são realizados exames que comprovem que a doença já está presente, sendo a creatinina plasmática o principal marcador bioquímico da função renal, e quando associada à taxa de filtração glomerular (TFG) – para referência sua filtração glomerular é de 1,2 mg/dL – e as taxas de ureia do plasma compõem os parâmetros utilizados para o diagnóstico clínico da Insuficiência Renal (CUPPARI, 2006).
Também podem ser diagnosticados através de vários exames, como: exame físico (observando sinais que estão relacionados com a IRC), exame de urina (proteinúria, sedimentoscopia e bacteriúria), estudo radiológico, ultra-sonografía, tomografia computadorizada, exploração radiosotópica, química de sangue e biópsia renal (PAOLUCCI, 1982). O tratamento baseia-se no estágio da insuficiência renal, sendo assim a IRC divide-se em cinco estágios apontados na tabela I.
Tabela I - Classificação dos Estágios de Progressão da Doença Renal em função da Taxa de Filtração Glomerular.
Estádio | Descrição | Filtração Glomerular (TFG) |
1 | Doenças renais com TGF normal | > 90 mL/min |
2 | Doenças renais com leve redução na TFG | 60 a 89 mL/min |
3 | Redução importante | 30 a 59 mL/min |
4 | Redução grave da TFG | 15 a 29 mL/min |
5 | Falência renal | > 15 mL/min |
No primeiro estágio, a doença situa-se dentro da normalidade e não desencadeia em consequências metabólicas, no segundo estágio ocorre um aumento da concentração do paratormônio, indicando a IRC, no terceiro estágio ocorre a falência renal incidindo alterações metabólicas importantes. No quarto estágio há um aumento das concentrações triglicérides e acidose metabólica, já no quinto estágio, ou fase terminal, ocorre o desenvolvimento de azotemia (CARVALHO; RAMOS, 2005).
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