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História da psiquiatria

Por:   •  26/10/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  1.710 Palavras (7 Páginas)  •  413 Visualizações

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História da Psiquiatria Michel Foucault/ Machado/ Amarante/ Resende

A psiquiatria é uma especialidade médica que evolui muito durante os últimos tempos. Sua existência tem pouco mais de 100 anos, mas muitas das patologias envolvidas já são conhecidas desde os tempos da Grécia Antiga. Se comparada à psiquiatria de antigamente é totalmente clara a diferença entre o modo que os indivíduos com saúde mental abalada eram tratados séculos atrás e como são tratados hoje em dia. Na Grécia Antiga os doentes mentais eram vistos como manifestações dos deuses e eram reconhecidos e valorizados socialmente. Já na Idade Média houve uma grande mudança, onde era comum que as pessoas com problemas mentais fossem considerados seres sobrenaturais como bruxos ou seres possuídos por demônios. Eles que muitas vezes vagavam pelas ruas, eram submetidos a rituais religiosos, exorcismos e até queimados em praças públicas por tais motivos.  Alguns anos depois esses indivíduos já não eram mais queimados, porém eram presos em prisões sem fins de tratamento junto com criminosos, leprosos e prostitutas, sendo obrigados a realizar trabalhos forçados como punição. No final do século XVIII, Phillipe Pinel separou os doentes mentais dos outros durante a reforma francesa, mostrando a diferença entre o doente e o não doente, desacorrentando-lhes e simbolizando um dos primeiros atos para a humanização do doente mental. No século XIX foram criados asilos para acolher pacientes que vagavam pelas ruas. Porém, eram utilizados apenas para abrigo, pois não havia recursos terapêuticos como hoje em dia para o tratamento das patologias ali existentes. No entanto, na primeira metade do século XX graças a Kraepelin e outros autores, foi iniciado um grande avanço psiquiátrico, que delimitavam e descreviam  as principais doenças, embora houvesse grande precariedade no que se referia a terapêutica.
        O desenvolvimento do primeiro antipsicótico (Clorpromazina) e de medicamentos da mesma natureza, incluindo antidepressivos, iniciou-se a partir de 1952, onde foi possível revolucionar a psiquiatria e transforma-la de especialidade centralizada no hospital psiquiátrico em especialidade ambulatorial. Na atualidade, 90% dos casos são atendidos em regime extra-hospitalar, em ambulatórios, consultórios e centros de atenção psicossocial, que mantém o paciente a maior parte do tempo com seus familiares. Veio também a incorporação de estudos da biologia cerebral, que com a compreensão do funcionamento do cérebro, genética e biologia molecular, novas descobertas importantes serão feitas pra entendermos as causas biológicas e consequentemente tratamentos para os problemas mentais. Hoje, após tanta evolução, a psiquiatria é uma especialização muito bem informada, que é capaz de melhorar drasticamente a vida das pessoas com transtornos mentais de modo saudável e confortável, sem a necessidade de utilizar tratamentos radicais e desagradáveis.

História da psiquiatria no Brasil

Antigamente no Brasil, em meados do século XVIII, os indivíduos com doenças mentais eram tratados de acordo com suas posses econômicas. Se fossem ricos permaneciam em suas casas ou eram enviados para a Europa, se fossem pobres ficavam vagando pelas ruas. Quando apresentavam comportamentos inconvenientes, iam para as casas de caridade, que eram destinadas aos pobres, velhos, órfãos e mendigos, que conviviam todos juntos.  A tolerância para os transtornados mentalmente nessa época era pouca, onde os mesmo eram presos em porões sem assistência médica e eram confrontados com agressões físicas e contenções sempre que sofriam delírios ou agitações. Depois de admitidos, ficavam lá até sua morte.
        Na década de 1830, após o começo do processo de urbanização nas cidades brasileiras e das várias epidemias que ameaçavam a saúde pública, os médicos organizaram e propuseram uma definição mais coerente de suas atribuições. Formaram então uma comissão para diagnosticar a situação dos “loucos” na cidade do Rio de Janeiro e decidiram que deveria ser construído um local próprio para a internação e tratamento dessas pessoas. Assim, o Imperador Pedro II atendendo aos apelos da época, decretou a criação do Hospício Pedro II.
        O hospício foi inaugurado em 5 de dezembro de 1852, como tentativa de cuidar diferenciadamente dos “loucos”.  Ele era baseado no isolamento da sociedade e na tutela dessas pessoas, visando conter a ameaça social. O hospício Pedro II e os demasiados hospícios logo lotaram nos primeiros anos de funcionamento.
        Por conta da dificuldade que havia na psiquiatria em encontrar um limite entre loucura e sanidade e as constantes denúncias de violências nos hospícios, a baixa credibilidade nos hospitais psiquiátricos e até da própria psiquiatria foram inevitáveis. Assim, nos anos de 1890, foram construídas Colônias de Alienados, como uma tentativa de resgatar o potencial terapêutico da psiquiatria. Essas Colônias eram destinadas aos portadores de doenças mentais, tuberculose e hanseníase. Os mesmos eram submetidos a realizar trabalhos terapêuticos, com a credibilidade de que estimularia a vontade e resistência cerebral, para desaparecerem os delírios.
        A fortificação da psiquiatria veio na década de 1930, mediante a consolidação do saber da doença mental e das novas técnicas de tratamento que contribuíram para o aprimoramento desse processo, como o choque insulínico, choque cardiazólico, eletroconvulsoterapia e lobotomia.  
        Após o Decreto Lei N 8.550 de 1946, a construção de hospitais psiquiátricos pelos governos estaduais foram estimulados. Foram implantados hospitais e estabelecimentos privados e filantrópicos o que fez aumentar a rede hospitalar e a população institucionalizada. E com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) em 1960, o Estado começa a comprar serviços psiquiátricos do setor privado.
        Na década de 1970 o país passava por uma crise econômica, fazendo com que as práticas governamentais fossem redemocratizadas. Por esse motivo, as denúncias que se iniciavam nessa época por conta da precariedade dos hospitais psiquiátricos, foram consideradas, sendo um dos motivos da Reforma Psiquiátrica brasileira.
        

Reforma Psiquiatrica no Brasil

A Reforma Psiquiátrica no Brasil deve ser reconhecida como um conjunto de transformações de caráter social, cultural, de prática e saberes. Houve mudanças no cotidiano de instituições e serviços que foram marcados por grandes conflitos e desafios.
        As críticas e denúncias de ineficiência da assistência pública que surgiram na segunda metade da década de 1970 feitas por bolsistas que atuavam em hospitais de saúde mental no Rio de Janeiro, tiveram repercussão nacional. A questão divulgada na imprensa foi a violência das instituições psiquiátricas, que ficou conhecido como “Crise da DINSAM” e foi o marco para que surgisse o Movimento de Trabalhadores em Saúde Mental. Foi o primeiro movimento em saúde com participação popular e tinha como objetivo representar um local para lutarem e debaterem as mudanças propostas do modelo de assistência psiquiátrica. Foram realizados dois eventos em favor dessas mudanças, em 1987: I Conferência Nacional de Saúde Mental e o II Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental. O movimento então se tornou Movimento de Luta Antimanicomial, que buscava chamar toda a sociedade para discutir sua relação entre os sãos e os transtornados mentalmente, adotando o lema de luta: “Por uma Sociedade sem Manicômios”.
        Em 1988, é declarada a nova Constituição da República do Brasil, que “considerou a saúde um direito de todos, sendo dever do Estado assegurar o acesso universal e igualitário às medidas e serviços destinados à promoção, proteção e recuperação de saúde (artigo 196)”. No ano de 2001 foi aprovada a Lei 10.216, conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica, que tem como principal objetivo apresentar a compatibilidade entre cidadania do doente mental e seu tratamento, relacionando o direito das pessoas com esses transtornos, reforçando a inclusão social e a maior autonomia possível de pacientes e familiares.

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