Os Acidentes com perfuro cortantes
Por: Patricia Lima • 31/10/2015 • Trabalho acadêmico • 3.997 Palavras (16 Páginas) • 523 Visualizações
- INTRODUÇÃO
O trabalho da enfermagem, além de promover, manter e restabelecer a saúde das pessoas, também atua na prevenção de doenças e promoção ou fazendo trabalho educativo, desta forma, entende-se como prática social no desempenho de um dos principais papéis na vida do homem, possibilitando-o de concretizar seus sonhos, atingir suas metas e objetivos de vida. E esse mesmo trabalho da enfermagem, faz com que o indivíduo demonstre ações, iniciativas, desenvolva habilidades e também as aperfeiçoe.
Atualmente, o acidente de trabalho ocasionado por material perfuro cortante entre trabalhadores de enfermagem têm gerado grandes discussões devido frequência, número elevado de manipulação de agulhas, pinças, tesouras, entre outros, representam motivos de preocupação e prejuízos aos trabalhadores e às instituições.
Diante disso, também existem fatores que levam os profissionais da área da saúde, a não usarem EPI’s (equipamentos de proteção individual) para desenvolver suas ações e procedimentos e quando ocorre algum acidente o mesmo não é notificado, seja pela agitação do dia-a-dia, a burocracia, o estresse, a insegurança e/ou até mesmo o medo (relativos ao trauma psicológico ocasionado pela espera do resultado de uma possível soro conversão e mudanças nas práticas sexuais, no relacionamento social e familiar, efeito das drogas profiláticas, entre outros).
A Associação Brasileira de Normas Técnicas define acidente de trabalho como “a ocorrência imprevista e indesejável, instantânea ou não, relacionada com o exercício do trabalho, que provoca lesão pessoal ou que decorre de risco próximo ou remota da lesão”.
O número de trabalhadores de enfermagem, que está inserido no contexto hospitalar, permanece 24 horas junto ao paciente, e em sua grande maioria executa o “processo de cuidar” que, consequentemente, expõe-se a vários riscos, tais como: agentes químicos, físicos, biológicos e ergonômicos (1), sendo os riscos biológicos os principais geradores de insalubridade e periculosidade além de oferecer risco psicossocial, , podendo adquirir doenças ocupacionais e do trabalho, além de lesões em decorrência dos acidentes de trabalho já citados (2).
- Classificação dos riscos no ambiente de trabalho
Os riscos no ambiente de trabalho estão classificados em real (de responsabilidade do empregador), suposto (quando se supõe que o trabalhador conhece as causas que o favorecem) e residual (de responsabilidade do trabalhador).
- Riscos químicos: consideram-se compostos ou produtos que possam penetrar no organismo do trabalhador pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos gases, neblinas, nevoas ou vapores, ou seja, que pela natureza da atividade, de exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por ingestão.
- Riscos físicos: são consideradas as diversas formas de energia, tais como: ruídos, temperaturas excessivas, vibrações, pressões anormais, radiações e umidade.
- Riscos ergonômicos: esforço físico, levantamento de peso, postura inadequada, controle rígido de produtividade, situação de estresse, trabalhos em período noturno, jornada de trabalho prolongada, monotonia e repetitividade, imposição de rotina intensa.
- Riscos psicossociais: estão relacionados aos aspectos de planejamento, organização e gerenciamento do trabalho, e ao seu contexto social e econômico, os quais apresentam potencial para causar prejuízo à saúde física e mental do trabalhador. De acordo com Brun e colaboradores (2007) existem vários riscos psicossociais relacionados ao contexto e conteúdo do trabalho. São representados sob vários aspectos relacionados à organização e ao ambiente de trabalho e estariam distribuídos em cinco categorias: 1) Novas formas de contrato de trabalho e insegurança no trabalho; 2) Envelhecimento da força de trabalho; 3) Intensificação do trabalho; 4). Alta carga emocional no trabalho; e 5) falta de equilíbrio entre a vida familiar e o trabalho.
- Riscos biológicos: se referem ao contato do trabalhador com micro-organismos (principalmente vírus e bactérias) ou material infecto contagiante, os quais podem causar doenças como: tuberculose, hepatite, rubéola, herpes, escabiose e AIDS.
Essa preocupação não é recente, pois em 1981 representantes da Organização Mundial de Saúde, OMS, reunidos em Haya, reconheceram não dispor de estatísticas nacionais e internacionais sobre acidentes e lesões que afetam os profissionais de saúde e dentre eles os trabalhadores de enfermagem (3).
- OBJETIVOS:
Identificar a frequência dos acidentes ocorridos com materiais perfuro cortantes, em relação ao número total, frequência e situações de ocorrências dos acidentes com materiais perfuro cortantes, notificados legalmente ao Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT), ocorridos entre trabalhadores da equipe de enfermagem.
- ACIDENTES COM MATERIAIS PERFURO CORTANTES
O interesse pela questão do acidente de trabalho com instrumentos perfuro cortante tornou-se mais evidente, quando a AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) se expandiu, tornando-se uma pandemia.
A exposição ocupacional por material biológico é entendida como a possibilidade de contato com sangue e fluidos orgânicos no ambiente de trabalho, e as formas de exposição incluem inoculação percutânea, por intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e o contato direto com pele e/ou mucosas. O maior risco para os trabalhadores da área da saúde é o acidente com material perfuro cortante, que expõe os profissionais a microrganismos patogênicos, sendo a hepatite B a doença de maior incidência entre esses trabalhadores.
A transmissão laboral do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) tornou-se um grande desafio aos profissionais da CCIH (Comissão de Controle de Infecção Hospitalar) e Saúde Ocupacional, após uma enfermeira ter desenvolvido a doença, em consequência de picada acidental com uma agulha que continha sangue de um paciente infectado pelo HIV, internado em um hospital da Inglaterra (4). Diante do fato e preocupados com a transmissão desses patógenos, os Centers for Disease Control and Prevention (CDC) publicaram as recomendações para prevenção da transmissão do HIV e de outros patógenos veiculados pelo sangue em estabelecimentos de assistência à saúde (5), e recomendou a utilização das precauções universais, atualmente denominadas precaução padrão, como medida de prevenção para esse tipo de exposição (6). Dentre os fluidos corporais, tem-se reconhecido o sangue como o mais importante veículo de transmissão ocupacional dos vírus da hepatite C (HCV), da hepatite B (HBV) e o HIV (7).
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