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Impacto das crises convulsivas

Por:   •  28/5/2017  •  Pesquisas Acadêmicas  •  513 Palavras (3 Páginas)  •  397 Visualizações

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3-IMPACTO DAS CRISES CONVULSIVAS NEONATAIS NO PROGNÓSTICO NEUROLÓGICO DURANTE OS PRIMEIROS ANOS DE VIDA

O presente estudo teve como objetivo avaliar o prognóstico clínico-neurológico de crianças que apresentaram crises convulsivas no período neonatal, verificando a incidência e o impacto da ocorrência de epilepsia pós-natal em relação ao DNPM e à qualidade do sono. As convulsões neonatais são uma manifestação aguda de disfunção do sistema nervoso central e são muito comuns nas primeiras semanas de vida. O desenvolvimento da epilepsia está fortemente associado com outras alterações neurológicas permanentes, tais como retardo mental e paralisia cerebral. .O DNPM pode ser avaliado através de domínios tais como motor, linguagem, desenvolvimento adaptativo ou cognitivo e desenvolvimento pessoal ou social.

Os dados levantados incluíram data e peso de nascimento, sexo, tipo de parto, , idade gestacional, intercorrências perinatais, descrição clínica da crise convulsiva e tratamento utilizado, dados do EEG neonatal e exames de neuroimagem. Foram incluídas no estudo crianças de 2 a 6 anos de idade com registro clínico de crise convulsiva durante a internação neonatal no período de abrangência do estudo e que haviam realizado EEG ou vídeo EEG durante ou logo após o episódio. Para a avaliação do DNPM foi utilizado o Teste de Triagem de Denver II, instrumento amplamente utilizado e validado para populações de 0 a 6 anos de idade. A avaliação dos hábitos de sono foi realizada utilizando o “Inventário dos Hábitos do Sono para Crianças Pré-escolares”, instrumento previamente validado para português,e que avalia de forma qualitativa hábitos do sono. Para realizar o diagnóstico de epilepsia, utilizouse o Questionário de Rastreamento Neurológico para Epilepsia (QRN-E), instrumento previamente validado para aplicação no Brasil.

A avaliação dos hábitos de sono nesta população evidenciou melhor rotina e consistência de hábitos noturnos nos pacientes com seguimento neurológico mais desfavorável (epilepsia e/ou atraso no DNPM). No primeiro estudo de coorte realizado no Hospital São Lucas (1987-1997) a incidência de convulsões neonatais foi 24,2 por 1000 nascidos vivos4 e no segundo (1999-2003) 27,6 por 1000 nascidos vivos.5 No presente estudo houve redução no percentual, relacionada à utilização de critérios de inclusão mais restritivos, com comprovação por EEG ou vídeo-EEG, ao contrário dos estudos anteriores, nos quais o critério era baseado somente na descrição clínica do evento convulsivo. A ocorrência de epilepsia após convulsões neonatais tem ampla variação em frequência (de 3,5 a 56%, dependendo da seleção da amostra), como mostram estudos publicados.4,17,18 Neste estudo a incidência de epilepsia foi de 45,5% da população com seguimento, havendo predominância de epilepsia sintomática. A incidência de epilepsia foi mais elevada quando comparada às de duas coortes previamente avaliadas na mesma instituição, a primeira com nascidos entre 1987 e 19974 e a segunda com nascidos entre 1999 e 20035 (incidências respectivamente de 33,8% e 29,6%). Este achado certamente está relacionado à melhor acurácia no diagnóstico das crises neonatais utilizado no presente estudo. 

Concluindo, os resultados obtidos neste estudo evidenciaram que foi desfavorável o prognóstico clínico-neurológico de crianças que apresentaram crises convulsivas no período neonatal durante internação na UTI Neonatal do Hospital São Lucas da PUCRS, com elevada incidência de alterações no DNPM e epilepsia pós-neonatal.

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