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CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE CRISE CONVULSIVA

Por:   •  13/8/2018  •  Dissertação  •  1.158 Palavras (5 Páginas)  •  2.407 Visualizações

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813 - CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PORTADOR DE CRISE CONVULSIVA

Resumo

Historicamente estigma, discriminação e dificuldade de reinserção na sociedade norteiam os pacientes convulsivos. Estes precisam aprender a lidar com graus variáveis de antipatia do restante da população, que por desconhecimento da etiologia da doença tendem a ter como postura de defesa o preconceito e a negação ao convívio social. Esta postura está embasada nos sentimentos de medo de contágio e na sensação de improdutividade social, devido à crença da impossibilidade deste manter atividades cotidianas para seu próprio sustento financeiro.Segundo Silveira (1988), convulsões “são movimentos tônicos-clônicos, involuntários que ocorrem em diversas regiões do corpo, gerados por uma freqüência alterada de descargas elétricas cerebrais do sistema nervoso central (SNC), podendo haver ou não perda de consciência e crises de ausência”. São classificadas em: convulsões generalizadas ou apenas localizadas e idiopáticas ou secundarias, o que faz ter de pequenas a grandes proporções. As causas são bastante variáveis, desde intoxicações, hipoglicemias, infecções generalizadas, febre alta até doenças como neurocistircecose, tumores cerebrais, defeitos cerebrais congênitos entre outras. Assim, é importante ressaltar a população de que a crise convulsiva não é uma doença transmissível, pois a falta de tal conhecimento acarretará bloqueio em relação a reinserção deste na sociedade. Os portadores têm uma tendência a ter baixa auto estima, pois a menos valia ao serem estigmatizados, causa um impacto psicossocial nessas pessoas, aumentando os riscos de ansiedade e depressão, o que os delimita a uma vida sem perspectivas e esperança de ser aceito socialmente. Esse processo é amplo, e não relaciona apenas pessoas dentro do convívio familiar do portador, mas também as pessoas de fora, que estão ligadas direta e indiretamente no assunto, como os familiares, colegas de trabalho, vizinhos e profissionais da área de saúde, que seriam os responsáveis pelo tratamento e orientação das atividades posteriores à doença. A equipe de enfermagem faz parte deste grupo que presta assistência e educação em saúde aos portadores e seus familiares. Entretanto, estes profissionais muitas vezes não sabem como lidar com o seu próprio preconceito e não conseguem dar uma orientação eficaz ao paciente. Compreender que o conhecimento sobre a etiologia e tratamento não bastam ao portador de crise convulsiva, que além dos transtornos físicos, emocionais e psicológicos que ele enfrenta, deverá haver a preocupação em proporcionar qualidade de vida. Isto significa dar cuidados de enfermagem adequados que trate seu corpo, sua mente, seu bem estar familiar, e devolva a esse paciente o direito de seguir seu ciclo evolutivo, como todas as pessoas do seu grupo social. Porém quando agem preconceituosamente, não os tiram das sombras e sim os afastam ainda mais da luz. Os portadores encontram barreiras na procura de emprego, dificuldades de relações interpessoais, e também em aceitar suas limitações. O isolamento social é a mais provável conseqüência que a doença trás. O medo cultivado durante todo esse período de negação a si mesmo por ser portador de convulsão, pela rejeição social, favorecem o caminho para a ansiedade, onde a pessoa terá reações comportamentais de fuga ou situações ameaçadoras, que fazem parte de sua defesa natural, mas que gera sentimentos de conversão, repressão e deslocamento, afetando ainda mais sua formação social e na construção do psicossocial (LE DOUX, 2001). Assim, este estudo foi realizado com o objetivo de propor uma sistematização da assistência de enfermagem, para pessoas acometidas pelas crises convulsivas. Esta sistematização proporcionará ao profissional enfermeiro a reflexão quanto à contextualização social e psicológica do portador de convulsão. Para tal utilizou-se de revisão bibliográfica na literatura de enfermagem, livros técnicos-cientificos e publicações da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE). O referencial teórico utilizado foi das necessidades humanas básicas de Wanda de Aguiar Horta, trazendo as necessidades psicobiológicas, psicoespiritual e psicossociais. Segundo esta autora, “necessidades humanas básicas definem-se como estados de tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios homeodinâmicos dos fenômenos vitais” (1979). Quando ocorrem situações decorrentes do desequilíbrio das necessidades básicas do individuo, comunidade e família, que exige uma assistência profissional da enfermeira estamos diante de um problema de enfermagem. É baseado neste, que a equipe de enfermagem pode planejar a melhor maneira de executar as ações que lhe cabem, procurando alternativas que beneficiem o tratamento de seu paciente, buscando atender as suas necessidades básicas. Cada indivíduo expressa suas necessidades de acordo com as suas características pessoais e procura uma solução diferente para atendê-la, existindo inúmeros fatores que interferem na manifestação e atendimento, entre eles podem-se citar: individualidade, idade, sexo, cultura, escolaridade, fatores socioeconômicos, o ciclo saúde-enfermidade, o ambiente físico. A análise das informações coletadas na literatura acadêmica permitiu a elaboração de uma proposta de prescrição de enfermagem, direcionada para as orientações quanto a reinserção na sociedade do paciente com crises convulsivas. A partir dos problemas de enfermagem mais encontrados, levantados com o referencial das necessidades humanas básicas, as intervenções de enfermagem propostas, buscaram o equilíbrio destas, visando dar embasamento teórico para que o profissional enfermeiro busque a valorização da auto estima do paciente. Na literatura de enfermagem há poucas publicações sobre o tema, o que dificulta uma melhor reflexão dos cuidados de enfermagem específicos para deste enfermo. Na visão contemporânea da visão holística do individuo, nos parece que cabe ao profissional enfermeiro uma reflexão crítica de seu processo de trabalho. É necessário extrapolar o modelo biomédico, o trabalho apenas técnico e curativo, para o campo da valorização da comunicação e da interação, enfim, da participação efetiva da reabilitação do indivíduo acometido de crises convulsivas, contribuindo para sua inserção social, por meio de orientações e apoio ao retorno de suas atividades cotidianas. Resultados: Foi obtida uma proposta de prescrição de enfermagem direcionada para a reinserção na sociedade do paciente com crises convulsivas. Ao questionar a realidade que os pacientes convulsivos vivem, indo de encontro com barreiras erguidas, a base de muito preconceito e discriminação, é indiscutível a necessidade de rever outras formas de conceitos, revisar as metodologias de assistência clínica, estrutural, e psicológica que compõem o ciclo vital. As necessidades humanas básicas não são constituídas apenas do aspecto biológico, mas de um conjunto de fatores que levam a melhora da qualidade de vida, como apoio familiar, assistência clínica, orientação psicológica, e terapia cognitiva, levando a aceitação de suas limitações, e adaptações ao meio e a sociedade. Ao comparar a realidade com a teoria as dificuldades para encontrar uma proposta de prescrição diferenciada de enfermagem para doentes de crises convulsivas fazem com que o estigma continue sendo o mesmo encontrado no século passado. O tratamento visa somente a doença, como evitar crises, como proceder no caso das mesmas e seguir a terapia medicamentosa. Este indivíduo recebe o tratamento parcial e ainda não é tratado como um todo, com suas alegrias, tristezas, problemas, e todo o contexto de qualquer cidadão.Em uma nova proposta de enfermagem os cuidados para com este cidadão vão desde o resgate do cotidiano, orientações adequadas aos cuidadores e ao paciente e a valorização como um ser produtivo. Os cuidados de enfermagem bem direcionados contribuirão para uma reinserção social mais breve e menos traumática.

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