Século dos cirurgiões

1. PARTE 1: A LONGA NOITE OU ANTIGUIDADE

McDowell vinha de Danville e enfrentava, em sua viagem à cavalo, uma grande nevasca. Durante sua viagem foi abordado por Tom Crawford que acompanhou McDowell em uma choupana, a qual havia uma mulher deitada em um canto do cômodo. Outra mulher estava presente no quarto, e falou para o médico que fez tudo o que estava em seu alcance para curar a pobre mulher deitada, porém o esforço não havia surtado efeito positivo.         

A suspeita dos moradores e de todos que antes a visitaram era de possibilidade de complicação no período gestacional. Porém para McDowell, após um tempo sozinho com Jane Crawford, alegou ser um quisto localizado nos ovários que havia se desenvolvido e alcançado os intestinos e estômago exigindo maior funcionamento do coração sendo necessário um procedimento invasivo.

As cirurgias eram ações exploratórias baseadas apenas no processo empírico que com o passar do tempo foram sendo aprimoradas. Antigamente cirurgia tratava-se apenas de amputação, tratamento de hérnia e cataratas, as quais não conferiam ao paciente muita expectativa de vida além de proporcionarem muita dor ao paciente nunca havendo intervenção interna no corpo. Apesar de todos esses fatores, tais procedimentos eram os mais avançados para a época, além de serem a única chance de realizar algum tipo de intervenção e assim curar o paciente ou, no mínimo, alongar o tempo de vida da pessoa.

Depois de inúmeras tentativas, muitas delas falhas, há a invenção de um instrumento que era introduzido na bexiga e apresentava a capacidade de prender o cálculo vesical como se fosse uma pinça e em seguida partir o cálculo utilizando um cinzel. Porém isso apresentava risco a bexiga como foi comprovado com os experimentos. Assim o sistema de broca foi colocado em foco com alguns entraves, a espessura da uretra necessitava de instrumentos de diâmetros pequenos, a não visualização interna da bexiga para localizar o cálculo e a resistência dos instrumentos.

Foram vistos inúmeros casos comparados a torturas pois os procedimentos cirúrgicos causavam muita dor ao paciente. Como exemplo foi citado a extração de um câncer lingual o qual foi retirado com o auxílio de um ferro em brasa que era colocado sobre a língua. Os gritos de dor foram ressaltados e que com o passar do tempo torvavam-se cada vez mais agonizantes até cessarem por completo.

1. PARTE 2: LUZ OU O DESPERTAR DO SÉCULO

Em contra partida, alguns anos mais tarde, graças ao advento da anestesia, Warren procedia seus procedimentos cirúrgicos sem um único grito de dor dado pelo paciente.

É sabido que em 1800, o químico inglês Humphry Davy, livrou-se de uma dor de dentes ao aspirar gás hilariante, e assim, Davy publicou que o gás nomeado protoxido de azoto poderia, talvez, ser usado em procedimentos cirúrgicos.

De início, não houve muita importância. Aproximadamente 20 anos depois, o médico inglês Henry Hickmann decidiu experimentar a ideia de anestesia devido os insuportáveis gritos durante as cirurgias. Assim usou animais inconscientes através de via proposital como a inalação de gás até desmaiar e após amputar orelhas e cauda, as cobaias não apresentaram nenhum sinal de dor. Infelizmente o gás usado causou a morte dos animais, sendo posteriormente descartado.

Para sustentar a ideia de anestesia bastava apenas substituir o gás usado por Hickmann. Com isso em muitos outros locais a prática foi aderida, e como vetor foi usado éter a fim de nocautear o paciente. Além do éter, também foi usado álcool como calmante.

Esses fatos repetiram-se por anos, até que um caso chamou atenção. Foi dado, a um paciente com tuberculose o qual não apresentava mais reação com ópio via oral, uma mistura de ópio e éter, que possuía a propriedade volátil do éter misturado com a ação anestésica de ambos os componentes.

Atualmente a descoberta da narcose deixa de ser considerada algo abrupto e passa a ser a evolução de ferramentas, tais como muitos outros processos médicos, aprimorados e inovados a fim de melhor atender as necessidades requisitadas.

1. PARTE 3: FEBRE

Outra demonstração de produtos anestésicos foi realizada com a participação em público, dentre eles, alunos de medicina, médicos, químicos, os quais presenciaram a extração de um tumor no maxilar. Alguns incrédulos, outros já cientes do resultado. A extração foi realizada com sucesso, sem o menor indício de dor, mesmo após o toque do ferro em brasa na região da nuca.

Durante muito tempo foram perpetuando mortes causadas por fatores que hoje podem ser considerados absurdos. Como por exemplo cirurgia de vesícula. Outros casos podem ser observados como a morte por dispneia causada pelo rompimento culminante em aneurisma. Outra morte, hoje considerada absurda, foi devido a uma traqueotomia.

Em 1852 observou-se, depois de muito tempo de práticas, o sucesso de um procedimento que antes levava jovens mães a ter seu colo de útero perfurado e condenando-as a um futuro semelhante aos leprosos.

Ao discorrer sobre os processos de remoção e tratamento de cálculos na urina humana, pedras eram eliminadas através dos ureteres, da uretra e bexiga, porém com fortes dores no decorrer do movimento do cálculo. Para esse tipo de caso a cirurgia só era ativada quando a pedra localizava-se já na região renal. Pois quando nesse estágio, os edemas são vistos com frequência com forte intensidade, além de abscessos purulentos. Era, antigamente, recomendado a extração do pus a fim de evitar a infecção de áreas vizinhas.

Outra forma de lidar com cálculos renais era a realização de uma força mecânica para empurrar a pedra para os ureteres na tentativa de aliviar a dor, porém culminava em ferimento da parede dos órgãos. Por isso todos os procedimentos envolvendo o sistema renal eram considerados mortais, pois não havia um acesso ao local da efemeridade impossibilitando a cura tampouco aliviar a dor sem botar em risco a vida do paciente.

Ao observar mamíferos de outras espécies sacrificadas, pode-se ter uma ideia do porquê o parto ocorria daquela forma. Assim através de seguidos experimentos surgiu a ideia de facilitar o nascimento com um corte na região anterior. O médico Sigoult obteve êxito na extração da criança viva assim como garantir a sobrevivência da mãe. Para melhor desenvolvimento e segurança era recomendado que o parto com esse tipo de corte fosse realizado com a grávida imersa em água até a altura do pescoço com a intenção de não entrada de ar.