A ALIMENTAÇÃO DAS PESSOAS NO MUNDO
Por: Matheus Malta • 16/9/2021 • Artigo • 3.674 Palavras (15 Páginas) • 246 Visualizações
Saude e Socienade I 2tltll
ALIMENTA AO MUNDIAL - UMA REFLE O SOBRE A HISTQRIA
Edeli Simioni de Abreu’ Isabel Cristina Viana" Rosymaura Baena Uoreno”
Elizabeth Aparecida Ferraz da Silva Torres““
RESUMO: A alimentagdo é fator primordial na rotina diâria da humanidade, nâo apenas por ser necessidade bâsica, mas principalmente porque a sua obtengâo tornou-se um problema de sadde pdblica, uma vez que o excesso ou falta podem causar doengas. O objetivo desse trabalho é fazer um estudo retrospectivo que venha oferecer subsidios para uma reflexâo sobre o panorama da alimenta§âo mundial. Através da evolug o histérica da alimentagâo mundial verifica-se que gastronomia, recursos, hâbitos e padroes alimentares, sâo aspectos importantes que nos auxiliam a refletir sobre a complexidade e a magnificéncia que permeiam as relagoes entre os diversos paises. Quando se fala em alimenta§âo nâo hâ como nâo pensar na conseqgéncia da falta da mesma: a fome. Problema de extrema gravidade que atinge milh6es de pessoas em todo o mundo. As desigualdades econémicas e sociais tém impossibilitado que as populagoes, principalmente de paises em desenvolvimento tenham acesso â alimenta Bo. I2 importante perceber a emergéncia de decisoes politicas que priorizem o desenvolvimento economico através de uma melhor distribuiggo de renda e de uma politica agricola, auxiliadas por novas tecnologias.
PALAVRAS-CHAVE: alimentagdo, fome, hâbitos alimentares, histdria da alimentagdo.
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•Doutoranda do Departamento de Nutripâo da Faculdade de Saiide Piiblica da Universidade de Sao Paulo, Sâo Paulo, SP.
•*Mestre do Departamento de Nutri9ao da Faculdade de Saude Piiblica da Universidade de Sâo Paulo, Sao Paulo, SP.
•••Professora Associada - Livre Docente do Departamento de Nutri9ao, da Faculdade de Sañde Piiblica da Universidade de Sño Paulo, Sao Paulo, SP. eatorresHusp br
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Mundial - uma rrflexao sobre a hist6ria
INTRODU AO
Através do estudo da gastronomia mundial é possfvel conhecer nâo apenas a arte de cozinhar e o prazer de comer, mas também a sua relagao com os recursos alimentares disponiveis, pois as condigñes naturais de vida sâo extremamente variadas: influéncia da latitude, natureza dos solos, proximidade do mar, clima, etc. (MEZOMO, 1994). Condicionados fortemente â disponibilidade de alimentos estâo também os hâbitos alimentares —disposigâo duradoura adquirida pela repeti§âo freqiiente de um ato, uso ou costume (BOURGUERS, 1998). Esses hâbitos fazem parte da cultura e do poder econémico de um povo (MEZOMO, 1994), além de serem de primordial importância para a anâlise do comportamento alimentar de determinado grupo populacional (BOURGUERS, 1998; GARCIA, 1995; PIOVESAN, 1970; PHILIPPI, 1992). A distribuigdo de alimentos é bastante desigual no mundo, e afeta de forma importante os padroes de consumo de uma populas• o. Sao evidentes as diferen as
na distribui$9o de alimentos nos paises desenvolvidos e em desenvolvimento, o que deixa
claro a relevância do fator politico econémico, assim como as diferengas dentro do préprio pais. Nos paises desenvolvidos hâ uma abastada oferta de alimentos, porém, o consumo sob o ponto de vista nutricional, nem sempre é adequado, podendo ocorrer excessos, ao mesmo tempo, as populagdes dos paises em desenvolvimento convivem com a escassez de alimentos e nâo dispoem de recursos educativos, ambientais e até financeiros para obtengâo dos mesmos, tendo como consequéncia a fome e/ou subnutriggo (MONTEIRO, 1996; PEKKANIVEW, 1975).
O objetivo desse trabalho é fazer um estudo retrospectivo que venha oferecer subsidios para uma reflexâo sobre o panorama da alimentagâo mundial. Procurou-se fazer uma retrospectiva histdrica centrada em aspectos que pudessem servir como facilitadores de um melhor entendimento, jâ que estâo intrinsecamente relacionados. Foram eles: recursos, hâbitos e padroes alimentares, tipos de alimentos consumidos e fome. Todos esses aspectos foram abordados sempre na perspectiva histérica, procurando ressaltar a importância das interag0es e intercâmbios entre os vârios paises.
ALIMENTA AO NA PRO-HISTORIA E IDADE ANTIGA
Desde o principio, por milénios, vagaram os predecessores do homem, o préprio homem e seus descendentes, pemcrutando a face da terra, =m busca de alimento. Deixaram- nos um legado filogenético de experiéncias, em que se fundamentaram nossos se ao cultivo de cereais e condimentos (GIACOMETTI, 1989).
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Os condimentos também tém sua significagâo na histéria da alimentagâo humana. O homem primitivo, como o atual, desejava alguma coisa além do alimento em si; foi o sabor que desenvolveu a arte de comer e a de beber (SAVARIN, 1995).
ALIMENTA AO NA ANTIGUIDADE CCSSICA E IDADE MEDIA
A disseminagdo do uso de diferentes tipos de alimentos entre os continentes se deve muito ao comércio e â introdugâo de plantas e animais domésticos em novas 4reas. Os gregos e os romanos tinham um comércio de grande porte, envolvendo plantas comestiveis, azeite de oliva e ainda importavam especiarias no Extremo Oriente em 1000
a.C. (GARCIA, 1995).
Durante os séculos tormentosos da Idade Média, houve um aperfei$oamento lento dos modos de produsao de alimentos. A alimentagâo nâo se desenvolveu, ocorrendo, ainda, um recuo as prâticas primitivas, principalmente relacionadas as épocas de pendria e fome.
Um infiuxo de plantas comestiveis importantes para a Europa ocorreu quando os ârabes invadiram a Espanha em 711. Nesse tempo os invasores sarracenos levaram arroz para o sul da Europa, além de outros alimentos vegetais, frutas, condimentos e a cana de a5dcar (GARCIA, 1995; ORNELLAS, 1978; SAVARIN, 1995). O dominio ârabe do Mediterrâneo abalou drasticamente a estrutura da regiâo, o que trouxe quinhentos anos de caos principalmente no comércio. Somente no século XII o Mediterrâneo reconquistou posigdo destacada no sistema comercial europeu e as especiarias voltaram a ter importância em toda a Europa.
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